Silêncio

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"Os anjos não são, todos eles, espíritos ministradores enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação?"
Hebreus 1:14

- Me explica de novo porque tô boiando, bro. Como assim uma ruiva? - Rixon perguntava após Patch lhe explicar o que ocorreu após a saída dele do bar.

Os dois estavam de cada lado de uma mesa de sinuca, Patch acertava a bola de número cinco enquanto o Rixon estava passando giz na ponta do seu taco.

- Uma mulher de cabelo vermelho, o que mais seria uma ruiva? - Patch sorriu e Rixon revirou os olhos, pegando seu cigarro apoiado na borda da mesa de sinuca e dando uma tragada.

- Vai vê-la novamente?

- Achei que poderíamos ir juntos.

Rixon olhou o amigo dando uma segunda tacada e errando dessa vez, ele voltou a apoiar o cigarro na borda e se preparou para sua tacada, soltando a fumaça do cigarro e acertando a bola de número 2.

- Tô dentro se você vencer de mim.

- Isso vai ser fácil, você erra toda vez que a garçonete passa. - E provando do seu ponto, quando Rixon estava morando a bola 6 e a 4 para a próxima caçapa, a garçonete passou no seu campo de visão e com seu rebolado conseguiu distrair o anjo caído.

- Droga!

- Falei. - Patch deu uma gargalhada gostosa.

- Vai a merda - Rixon não achou graça, atacando o amigo com um soco e os dois caíram no chão.

A troca de soco entre eles foi rápida, com Patch dando um gancho de direita no loiro que devolveu com uma joelhada na costela dele, os dois acabaram desistindo e rindo. Não sentiam as dores mas havia sangue em ambas as faces.

- Merda, cara! Preciso me limpar, sujou minha regata. - Rixon reclama segurando o colarinho de sua regata branca.

- Toma. - Patch retira sua camisa de flanela xadrez e joga para o amigo, ficando apenas com a camisa de baixo que era uma regata preta simples. - Você me deve uma.

- Tá bom, eu vou com você encontrar a tal garota. - Rixon murmura trocando de roupa.

A amizade de Patch e Rixon era algo de centenas de anos, uma amizade daquelas que nada poderia abalar, estavam juntos para tudo mas apenas uma traição inigualável poderia separar eles, o que seria bem difícil quando ambos confiavam plenamente um no outro.
Retornaram ao jogo e com uma gargalhada gostosa, Patch venceu a partida.

- Eu avisei.

- Nem vem. - Rixon avisou fazendo cara de bravo mas em seguida dando um soco no punho do Patch. - Agora fala da ruiva, acha que ela te conhece?

Os dois seguiram andando até uma mesa do bar, sentados e bebendo cervejas de garrafas longneck, Patch por um momento refletiu sua estadia naquela cidade. Eu fazia exatamente isso em Coldwater, porque eu vim para cá mesmo? Que bosta.

- Não sei, ela disse algo do tipo e ela é estranha e os idiotas dos anjos apareceram. - Ele explica ao amigo, entre algumas goladas em sua cerveja. - Devíamos sair desse bar, tem toda uma cidade para ver.

Rixon se ajeitou na cadeira e olhou para o amigo. - Que mudança de pensamento, a ruivinha já tá mexendo com a sua cabeça.

- Não enche. - Reclama com o caído e volta a atenção a sua bebida.

Ainda se lembrava do que Dabria havia dito, havia uma garota em Coldwater que poderia mudar sua vida, o problema era que Dabria não queria lhe dizer o nome e ele não tinha a visto ainda e não sabia quem era, ela poderia morrer a qualquer momento e por suas mãos. Mas como? Dabria tinha mexido com a sua cabeça mas agora ele estava pensando que ela não era a única.
Haviam agora duas garotas tomando conta de seus pensamentos.
Aquela que ele deveria matar para se tornar humano.
E aquela que ele tinha quase matado sem querer.

A Queda do Arcanjo (+14)Onde histórias criam vida. Descubra agora