Capitulo 24 - Lamara : Vou continuar mesmo assim.

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Michel de Montaigne disse que "a morte é meditar sobre a liberdade". Mas se a minha liberdade for continuar viva? Será que depois de tudo que fiz vou conhecer o céu? Será que devo pedir desculpas a todos aqueles aos quais machuquei com a minha verdade? São perguntas que me faço nas ultimas noites antes de dormir. Pensar em Derick me acalma, me deixa tranquila e assim consigo enfim adormecer.

Hoje é sábado, Dr Euclides pediu para que eu aparecesse no consultório. Com certeza hoje será definida qual será minha terapia, mas já tenho minha resposta, será paliativa. Prefiro morrer ao lado dos meus. Antes de morrer, quero visitar Tóquio novamente, depois Miami e morrer em Moscou, sem entender o que os médicos russos vão falar.

Diffany me acompanha até o consultório, assim que chegamos lá. Me sento no banco de espera pela primeira vez. A secretaria se aproxima de mim com o olhar de surpresa e diz:

— Senhorita Lamara! O Dr Euclides já está aguardando por você.

— Ok! — Abraço a secretaria. — Desculpa por tudo que te fiz. Eu sei que fui mal educada e escrota com você, mas eu era uma inconsequente, hoje sou uma nova pessoa.

A solto e ela fica paralisada.

Diffany e eu, seguimos para a sala do médico que parece aflito.

— Bom dia senhorita Lamara!

— Os dias já foram melhores para mim doutor. — Respondo e sento na cadeira juntamente com Diffany. — Então doutor. Já sei qual o tipo de terapia quero fazer.

— Senhorita Lamara... — O médico tenta falar mais o interrompo.

— Quero um cuidado paliativo, com a minha família e amigos. Quero receber o máximo de amor. — Finalizo.

— Acabou? — Questiona.

— Sim.

— É... Houve um erro médico na hora de entregar os exames. — Diz Dr Euclides nervoso colocando outro exame em cima da mesa. — O que quer dizer, que você não está com câncer. —Ele me entrega o envelope.

— Mas eu tive um desmaio que minha cabeça ficou doendo bastante. — Abro o envelope e olho o exame.

— Isso pode ter sido uma cefaleia intensa, mas você não está com câncer. E isso é o mais importante.

Diffany se vira e me abraça forte, feliz.

— Parabéns amiga! Fiquei muito feliz com está notícia. Me deu até um alivio no coração!

Solto Diffany e olho séria para o médico e digo:

— Você sabe que posso te denunciar, não é? Sabe que posso destruir sua carreira na medicina com apenas uma denúncia... Só uma denúncia!

— Me desculpa, eu não sei como isso aconteceu...

— Mas eu sei. — Interrompo. — E você também sabe, como a Diffany também sabe. — Mecho meus dedos para cima, enquanto penso o que farei. — Eu posso até perdoar o seu erro, mas com uma condição.

— Qual?

— Que não conte para ninguém que não estou com câncer, pelo contrário, diga que estou.

— Isso vai contra as minhas éticas profissionais.

— Você pirou Lamara? — Diffany pergunta revoltada. — Isso já é demais!

— Bom! A minha condição é essa. — Levanto da cadeira e pego minha bolsa. — Vou deixar você pensando, enquanto vou a delegacia tomar um café com os policiais.

— Ok! — O Médico levanta depressa passando a mão pela cabeça nervoso. — Ok! Mas depois disso, eu não quero nem contato com você. Não quero mais ver você no meu consultório, nem o nome da sua família deve circular por este ambiente. Nunca mais!

— Que? —Difanny Interfere descrente. — O senhor não pode aceitar esse tipo de coisa doutor.

Pego na mão do Dr Euclides e selamos o acordo. Sigo até a saída e Diffany para na minha frente.

Será que ela não cansa de ser ignorada? Aff!

— O Que pretende fazendo isso? — Questiona.

— Pretendo engravidar do Derick, antes que ele saiba de tudo. Só assim contarei a verdade para ele.

— Você está cada vez mais obcecada por esse garoto. Quando você vai perceber que vocês dois não são mais compatíveis? Que ele só está com você por pena?

— Não tenho tempo para escutar suas ladainhas Diffany. Vou ter que ficar careca para tudo ficar mais realista, então vou direto para o cabelereiro. — Passo por ela de cabeça erguida.

— Pois saiba que não compacto com essa sua decisão. Não me peça ajuda para encobertar, mais uma das suas sujeiras.

— Problema seu! — Respondo. —Espero que seja consciente o suficiente para não se meter onde não é chamada. Odiaria ver a sua casa pegar fogo com os seus pais dentro. — Coloco os óculos de sol. — Pensando bem, faz tempo que não como um bom churrasco.

Caio na gargalhada enquanto entro no carro sozinha.

Eu estou mais viva do que nunca. Acabou aquele papinho de arrependimento, agora é ser coitadinha e conseguir o mesmo de Geovana. Engravidar do Derick e tirar ele com urgente, de perto daquela rata reprodutora.

É amor, ficaremos mais juntos do que imagina. Até a morte não nos separar. 

Tudo Começou Em Uma ViagemOnde histórias criam vida. Descubra agora