Capitulo 29 - Mateo.

290 27 6
                                    

– MATEO COOPER VENHA JÁ AQUI. – Grita meu pai fazendo-me descer do meu quarto.

Sou filho do governador Rafael Cooper, o que por um lado é favorável, mas por outro é um saco. Meu pai faz questão de apagar meus rastros por onde passo fazendo besteira, ao mesmo tempo que enche minha cabeça com sermões e planos que ele mesmo faz.

Meu pai quer que eu seja igual ao meu irmão Heitor, um futuro parlamentar. Acredita nisso? É até engraçado e também instigante, porque posso ganhar muito dinheiro assim como o velho faz com serviços ilícitos.

O senhor governador Rafael Cooper Viana, é um velho de 62 anos, cabelos e sobrancelhas grisalhas e uma barriga grande, parece até que engoliu uma melancia inteira. Meu genitor e também do Heitor Cooper Klein, o queridíssimo da casa. O velho ainda é casado com minha mãe que engole as várias traições há anos. O nome dela é Atena, uma mulher de 50 anos que prefere apanhar do marido e ser humilhada a deixar o posto de primeira dama do estado da Paraíba.

Chego à sala de jantar e vejo meus pais tomando café na nossa mesa de doze lugares, um em cada ponta da mesa.

Meu pai levanta da cadeira e diz:

– Aproxime-se mais filho.

Chego mais perto dele e o mesmo coloca o lenço na mesa e fecha a mão, em seguida, soca a minha cara com toda a força.

– INRRESPONSAVEL!

Coloco a mão no rosto e pergunto:

– O que foi que eu fiz?

– Estuprou uma garota e ainda por cima, da alta sociedade.

Lamara me deixou excitado, quando decidiu me expor na sala de aula. Então, coloquei na cabeça que tinha que machuca-la, da mesma forma que ela me machucou ou pior. E advinha qual das duas opções eu optei? Optei por machuca-la de dentro para fora, para que ela pudesse sentir a força que tem meu nome.

– O que foi que eu fiz? – Meu pai pergunta. – Onde errei com você?

– Eu jamais faria isso. – Olho para minha mãe que está comendo como se nada tivesse acontecendo. – Você acredita em mim não é mãe?

Minha mãe continua comendo, não olha para mim, não diz nada.

– Mãe, fala alguma coisa! – Insisto.

– Sua mãe não tem o que falar. – Meu pai interfere. – Porque ela é a grande culpada disso. Ela é a grande culpada pelos seus erros. – Senta na cadeira. – Impressionantemente como as imagens das câmeras de segurança desapareceram na mesma noite.

– Eu paguei ao vigia da escola para me entregar as filmagens.

– Eu sei, ele me contou.

– Então foi ele quem te contou sobre isso?

– Não interessa. O que interessa, é que você é um bosta que só sabe manchar o nome da nossa família. A sua sorte, é que ainda não apareceu a denúncia da garota, porque se aparecer, eu mesmo mando te matar.

Minha mãe levanta da mesa e limpa a boca, a mesma sobe as escadas seguindo para o quarto. Sigo atrás dela e entro no quarto junto a ela.

– Você nem se quer faz seu papel de mãe! – Digo. – Não me defende em nada na frente do papai, só sabe ser um capacho de macho escroto.

Minha mãe tira os dois brincos, levanta calmamente e bate na minha cara, em seguida, volta a se sentar soltando os cabelos.

– Alguém viu o que você fez? – Questiona minha mãe olhando-se no espelho.

– Geovana Lino, provavelmente Lamara contou que foi eu para ela, porque o vigia da escola me ligou falando que alguns comentavam que Geovana disse que foi eu, mas ninguém está acreditando em Lamara.

– Então ela te viu? – Mamãe passa um batom roxo em seus lábios finos.

– Só quando passei por ela no corredor.

Ela se vira e fica frente a frente comigo.

– Geovana têm um pai gay, não é? – Questiona com um olhar sério.

– Como sabe?

– Meu filho, eu sei quem são seus amigos e inimigos dentro daquela escola. E sei o que você faz ou deixar de fazer. A única coisa que te falo, é mande um sinal para Geovana.

– Como?

– Faça com o pai dela o que tem que fazer. Limpe a sua cidade, pois logo você será o prefeito dela. – Pega a bolsa em cima da penteadeira – Se precisar de reforços, conheço pessoas que podem fazer o serviço com você ou por você. – Ela tira um cartão da bolsa e me entrega. – Agora eu tenho que ir. Preciso manter a imagem de mulher exemplar e chefe de família.

Minha mãe sai, deixando-me sozinho no quarto dela.

Meus pais não dormem no mesmo quarto, não tem mais uma relação, apenas uma aparência.

Pensando no que minha mãe falou, acho que ela tem razão, tenho que mostrar a Geovana quem manda de verdade naquela escola.

Seu choro será minha sinfonia, Geovana Lino. 

Tudo Começou Em Uma ViagemOnde histórias criam vida. Descubra agora