Capitulo 17 - Um pacto quebrado.

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Antes vir morar em Patos, eu sempre vim passar as férias de verão na casa da tia Valéria que é mãe da Vanessa, nós brincávamos muito, até acordávamos de madrugada para assaltar a geladeira, que titia encontrava vazia pelas manhãs. Até o dia em que minha família decidiu se mudar para cá, e foi aí que Vanessa e eu nos aproximamos de vez.

Na escola Suzana entrou na minha vida por meio de Vanessa, que já era há muito tempo amiga dela. E depois disso, nos tornamos três. Suzana e eu, sempre tivemos muitas coisas em comum, como não gostar muito de festas e bebidas alcoólicas. Já Vanessa, nunca precisou esperar por uma festa, sem falar que ela é uma caçadora nata, a lista de contatos do WhatsApp dela tem sempre "uma opção para todos os dias da semana", como ela sempre fala.

Gostei do Derick assim que coloquei os olhos naquele cabelo dele. Na época, o corte era sufista, com uma franja em camadas, que sempre caía sobre os olhos dele o fazendo jogar a cabeça para o lado, no intuito de abrir uma melhor visão. Ele era e ainda é, o garoto mais lindo da escola, o que me fazia pensar que eu não teria chance alguma com ele.

Mesmo sem nunca tentar alguma aproximação com o Derick, eu também não queria vê-lo com outra pessoa que não fosse eu, mas isso seria impossível de não acontecer, até porque nós não tínhamos nada, então eu não poderia cobrar nada dele e nem evitar presencia-lo com outra.

Porém, eu poderia evitar dele se envolver com alguma das minhas amigas, porque aí sim seria mais doloroso. Então, após sete meses de amizade, sugeri a Suzana e Vanessa um pacto, onde nenhuma poderia ficar com o "ficante", namorado e o mais importante, um cara que a outra goste. Caso isso acontecesse, a confiança acabaria e consequentemente, a amizade também. Sem hesitar, Suzana, Vanessa e eu, firmamos esse pacto, que durou anos, até agora.

Com o carro parado em uma estrada escura e com pouca movimentação, Derick me olha com as mãos no volante. As sobrancelhas estão encostadas, e é visível o desconforto dele após perceber que falou algo que não devia.

— Eu... Não falei isso. — Tenta abafar a situação.

— Derick, você falou claramente aqui, que tinha ficado com a Vanessa. — Inspiro e coloco uma mecha do meu cabelo por trás da orelha. — Pode falar sem medo, a gente não tem nada, então isso não vai afetar nada entre nós dois.

— Eu também não quero que afete nada entre você e Vanessa.

Já afetou, mas ok.

— Tudo bem. — Só que não. — Isso não vai interferir em nada na minha amizade com ela.

Ah vai sim!

— Sim. — Ele confirma. —A gente ficou, mas nós já estávamos muito loucos de tanto beber dreher. — Baixa a cabeça. — E No outro dia... só acordamos sem roupas do lado um do outro.

Eu não acredito que eles transaram, eu não acredito que Vanessa escondeu isso de mim durante todo esse tempo. Juro, que não estou acreditando. Vanessa pode até ser minha amiga, mas a vontade que estou de puxar os cabelos dela, é impressionante. Nunca senti essa raiva antes, e preferia não sentir, principalmente por uma amiga.

Fico boquiaberta ainda descrente, mas tento disfarçar um sorriso e digo:

— Tudo bem! — Não está não. — Vocês estavam bêbados. Só bêbados. Nada demais.

— Foi apenas uma coisa do momento — Levanta a cabeça. — Que passou batido. Uma coisa que nem tocamos no assunto.

— Mas você sente alguma coisa por ela?

— Não! Claro que não, foi só... — gagueja.

— Só?

— Só uma ficada, só isso, nada mais.

Tudo Começou Em Uma ViagemOnde histórias criam vida. Descubra agora