Manchester – Inglaterra, 8 de Janeiro de 2020.
O que é bom pouco dura. Ainda ontem chegamos e hoje os meus pais já têm de ir embora. Eles vieram, unicamente, para nos ajudar com as mudanças e têm de voltar para Portugal por causa dos seus respetivos empregos. Eu sei que é o dever deles e que eles não poderiam ficar para sempre connosco, mas eu gostava de ter o poder de os fazer ficar, deixar o meu egoísmo vencer e guardar os meus pais para mim, para sempre, se possível. Elsa ficou em casa a organizar o seu quarto e os seus materiais de estudo, uma vez que as aulas começam amanhã e deixou para mim o cargo de levar os nossos progenitores ao aeroporto. No fundo, eu sei é que ela não quer chorar na despedida, porque ela sempre odiou chorar na frente de outras pessoas.
— Vou para casa com o meu coração mais quentinho porque agora sei que a Elsa não está sozinha e te tem aqui para cuidares dela. — A minha mãe diz depois de deixar um beijo na minha bochecha e me dar um abraço caloroso. Sorrio na direção de ambos e recebo o abraço forte do meu pai, descansando a cabeça no seu ombro. — Mas também partido porque agora não tenho nenhuma das minhas meninas.
— Aproveitem para namorar, para se lembrarem dos tempos em que eram apenas vocês os dois. — Incentivo os meus pais às escapadelas românticas que sempre quiseram fazer e a aproveitarem o tempo deles. — Eu e a Elsa já somos crescidas, mãe! Algum dia isto aconteceria, não é mesmo?
— Pode ser que seja agora que convenço a tua mãe a ir comigo ao D. Afonso Henriques. — Gargalho junto com o meu progenitor, perante a cara de insatisfação da mulher, esta que apesar de não ligar muito a futebol, tem o seu coração totalmente pelo Moreirense Futebol Clube, a outra equipa vimaranense, a da vila que a viu crescer, Moreira de Cónegos. — Vou é arranjar maneira de ela me pedir o divórcio.
— Então não brinques muito, pai. — Beijo com carinho a sua bochecha e sorrio levemente ao sentir o seu, nos meus cabelos. — Façam uma boa viagem! Liguem quando chegarem a Portugal, sim?
— Claro, minha querida. Vai com cuidado para casa. — A mais velha pede-me com um pequeno sorriso triste nos seus lábios e apenas se vira na direção da entrada para o avião. Ela é tal e qual a minha irmã, odeia que a vejam chorar. — Anda lá Hugo Eduardo, não quero perder o avião.
— Como perdes algo tão grande, Carlota Maria? — Controlo-me para não rir com a resposta do meu pai e cruzo os braços no peito, observando-os a caminhar na direção oposta à minha. — Depois vê se cumprimentas o teu vizinho! Ele é um bom partido, filha! — O meu pai grita, já longe de mim, e bato com a mão na testa porque fica tudo a olhar para nós. A minha mãe, envergonhada, bate no cachaço dele e apenas entrelaça os seus braços, continuando a caminhar com uma postura correta.
Tal como combinado há umas semanas, hoje é também dia de assinar o contrato com a Universidade. Com cuidado e muita atenção, conduzo pelas ruas de Manchester até ao campus e sinto o nervosismo apoderar-se de mim. A minha barriga contrai com as dores que me atingem e respiro fundo três vezes, rezando para isto passar e não ter de ir para a casa-de-banho. Adentro o enorme edifício e, informando-me corretamente, dirijo-me para o escritório da reitoria, sendo recebida pela Presidente Dame Nancy Rothwell e pelo Chanceler Lemn Sissay, este que tem uma condecoração da Most Excellent Order of the British Empire.
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Fanfic« 𝐂𝐎𝐕𝐈𝐃 𝟏𝟗: O terror da população. Significado de tragédia, significado de dor, significado de morte. Poderá ele também ter o significado de amor? » 𝐒𝐨𝐟𝐢𝐚 é apenas uma jovem professora universitária que acabou de chegar a Manchester para...