⤹ U M ⤸

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Manchester – Inglaterra, 7 de Janeiro de 2020

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Manchester – Inglaterra, 7 de Janeiro de 2020.

     Manchester. A minha nova cidade. A minha nova casa. Novas rotinas, novos rostos. Uma nova aventura.

     Há seis meses, quando me candidatei à vaga para Professora de Desenho Técnico e Sistemas, no curso de Design Industrial, na Universidade de Manchester, eu achei que não me escolheriam, talvez por ser apenas Mestre na área há relativamente pouco tempo e não ter experiência enquanto docente. No entanto, e ainda que eu seja totalmente contra as pessoas que usam amizades como benefício para adquirirem aquilo que querem e subirem na vida, eu sei que foram o Ethan e a Christine que deram um empurrãozinho na reitoria.

     O Ethan e a Christine são meus amigos há anos, desde a altura em que eu era apenas uma estudante da licenciatura. O galês, alguns anos mais velho que nós, estava em Portugal a tirar o seu mestrado em Psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, já a inglesa optou pela Universidade Fernando Pessoa para se formar em Fisioterapia, uma vez que esta instituição é conhecida por ser a melhor do Norte do país, para aquela área. Já eu formei-me na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Conheci primeiro a morena, na conhecida latada que une todas as Faculdades do Porto, incluindo também as privadas, ou seja a sua. Depois de umas semanas, ela falou-me de um ruivinho que havia conhecido numa festa que se destinava apenas a alunos estrangeiros e confessou-me que bastou uma rapidinha nas casas-de-banho da discoteca Via Rápida, para perceber que ele era o verdadeiro amor da sua vida. Ainda que na altura eu lhe quisesse bater pela irresponsabilidade, assim que eu o conheci, entendi a obsessão dela para com ele e fiquei rendida ao médico, futuro psiquiatra. Hoje, eles são o casal mais unido e perfeito que eu conheço e chorei tanto naquele casamento, que volto a chorar só de me lembrar.

     — Elsa, caralho, olha os carros, pensas que estás em Guimarães ou quê? — O meu pai grita para a minha irmã que atravessa a estrada sem olhar em volta. A mais nova apenas semicerra o olhar ao mais velho, mas acaba a sorrir por ver a cara de poucos amigos que ele lhe lança. — Tens as chaves? — Ela concorda com a cabeça e ao alcançar a porta da nossa nova casa, pousa o monte de caixas no chão e abre as portas.

     — BEM-VINDOS À NOSSA NADA HUMILDE CASA, BITCHES! — Grita animada e finge-se ofendida quando eu lhe atiro com uma garrafa de água. — Credo Sofs, fiz-te algum mal?

     — Não, não me fizeste mal, mas fala baixo e olha a língua. — Reviro os olhos transportando os restos das caixas e lanço-lhe um olhar chateado quando a menina me mostra a língua. — Tu és muito mal-educada.

     — Relaxa amor da minha vida, posso berrar à vontade e até te posso mandar ir foder alto porque à nossa volta ninguém nos vai entender. — Volto a revirar os olhos com o entusiamo dela e ajudo a minha mãe a transportar mais algumas caixas para as zonas da casa às quais elas correspondem. — Ethan, Christine! — Abraço os meus amigos, completamente eufórica, e a cara que o meu melhor amigo faz, leva-me a rir.

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