[aviso: este capítulo é uma recriação do one-shot que deu vida à obra e contém linguagem e cenas +18.]
Manchester – Inglaterra, 13 de Março de 2020.
O mundo está virado ao contrário. Os nossos dias já não são como eram antes. Já não passeamos, já não nos vemos uns aos outros a não ser pelo telemóvel ou computador. Tudo o que fazemos é estar confinados em casa, a comer porcarias e a ver filmes e séries, ou a trabalhar através do computador.
Pior que estar confinada em casa sozinha, é estar num país estrangeiro sem a família por perto e sabendo que em Portugal a situação está a piorar cada vez mais, tal como aqui em Inglaterra, o que torna tudo mais assustador e triste. Embora tenha o João para me fazer companhia, porque eu sei que ele nunca sai de casa e por isso é seguro, todos os dias entro em contacto com os meus pais e sempre que o meu pai vai a casa da minha avó para ajudá-la com as compras, liga-me para que eu possa matar as saudades da mais velha da família. A Elsa, por opção, manteve-se em Portugal dado que as suas aulas são online e assim ela pode estar com o Diogo, que parece ter aceitado que será pai e a minha irmã não abortará ilegalmente.
Abro a janela de acesso ao jardim de casa e sorrio com o ar puro que consigo respirar. É primavera em Manchester e o sol está radiante, a brisa amena e o cântico dos passados é tão bonito que torna tudo mais especial. Coloco o colchão de ginástica sobre a relva e sento-me de forma a começar os meus exercícios de ioga.
— Sofia. — Suspiro de forma pesada quando ouço a voz de João chamar por mim e passo a mão pelo cabelo antes de virar o meu rosto na sua direção. — Preciso de um favor teu. — Levanto-me ao mesmo tempo que solto uma gargalhada enorme, por vê-lo totalmente debruçado sobre as placas de madeira que dividem o meu jardim do seu.
Na medida em que me aproximo da divisão, o sorriso dele vai aumentando, assim como o meu. É impossível não sorrir para ele, porque mesmo que haja dias em que ele leva a minha paciência ao limite, a verdade é que ele tem sido a minha salvação neste confinamento. Eu nunca me dei em casa fechada e muito menos sozinha e a companhia dele é o que me tem feito estar com mente sã. Nas últimas semanas, mesmo com mais tempo sozinhos, nada aconteceu entre nós. Aquele momento foi um ato isolado e nem ele, nem eu, temos tentado algo, muito embora a provocação continue a existir e eu tenha vontade de estar com ele.
— Diz lá o que precisas de mim. — Coloco as mãos na minha cintura encarando o moreno que corrige a postura e me observa atentamente. — O que foi?
— Tens uma aranha no ombro. — Solto um grito quando ele informa e começo aos pulos, mexendo com as mãos em todo o corpo. — Hey Sofia, calma! Estou a brincar contigo. — O rapaz fala ao mesmo tempo que ri de forma alta mas ainda assim com um olhar doce em mim.
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Fiksi Penggemar« 𝐂𝐎𝐕𝐈𝐃 𝟏𝟗: O terror da população. Significado de tragédia, significado de dor, significado de morte. Poderá ele também ter o significado de amor? » 𝐒𝐨𝐟𝐢𝐚 é apenas uma jovem professora universitária que acabou de chegar a Manchester para...