⤹ N O V E ⤸

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Manchester – Inglaterra, 11 de Fevereiro de 2020

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Manchester – Inglaterra, 11 de Fevereiro de 2020.

     Eu não tenho a certeza de que horas são e nem tenho a certeza de quem eu sou. A minha cabeça dói tanto que apenas a pouca claridade que passa através das persianas fechadas, me faz voltar a fechar os olhos, uma vez que as dores aumentam. Eu definitivamente não devia ter bebido tanto ontem e merda, o que raio eu fui fazer com o João? Levanto-me abruptamente na cama e levo a mão à cabeça, como se fosse possível parar a tontura que sinto, respirando fundo para combater o enjoo. Verifico que falta pouco para o 12h e leio a mensagem do meu vizinho, este que me pede que lhe ligue assim que eu acorde.

     Claro que parte de mim está a morrer de vergonha pelo que se passou, sem saber o que lhe dizer ou o que vai ouvir, enquanto a outra parte está curiosa pela atitude que ele terá. Da maneira que ele é, eu acredito que ele irá ignorar o sucedido, lançando apenas algumas provocações, mas também acho que ele falará sobre o assunto porque desta vez não foi apenas uma tentativa, existiu de facto algo, e eu fugi. Agora que eu penso bem, eu fui muito estúpida por o ter feito, não só porque podia finalmente ter-me entregado a ele, algo que até quero, mas também porque o deixei naquele estado. Mas eu tenho medo e o medo complica tudo. Eu sei como sou em relações e não o quero magoar, nem ser magoada.

     — Bom dia, João. — Profiro, depois de um longo e relaxante banho, quando o homem atende e engulo em seco. — Está tudo bem? Precisas de algo?

     — Bom dia. Não, não preciso de nada, está tudo bem. — Sento-me na cadeira da cozinha, enquanto a água ferve para que eu beba um pouco de café no seu estado mais puro e tomo um comprimido para as dores de cabeça. — Acordaste bem?

     — Olha João Pedro, como ainda é cedo, eu sei que ainda não te mandaram, por isso eu mando-te para o caralho, sim? — Reviro os olhos ao ouvir a sua gargalhada, devido à minha reação à sua pequena provocação. — O que me queres? Olha já agora, vens almoçar comigo, a Christine e o Ethan! Nem é um convite, é um aviso, porque o meu lindo melhor amigo praticamente me ameaçou para que tu fosses.

     — O Ethan é um doce.

     — Dizes isso agora, mas ainda há uns dias não o podias ver à frente porque achavas que ele era meu namorado e tinhas ciúmes. — Provoco o moreno, mas o seu silêncio é tão constrangedor que me deixa a pensar que talvez não tenha sido bom eu o ter feito no dia a seguir ao nosso primeiro momento íntimo. — Mas o que precisas de mim? — A chamada cai e logo ouço o toque da campainha. Reviro os olhos e bloqueio o telemóvel, dirigindo-me para a porta. — Não podias ter ao menos avisado que vinhas? Olha se eu estava nua?

     — Não veria nada que já não tenha visto, aliás, só ainda não te vi sem soutien, o resto eu vi tudo. — Engulo em seco com a sua rápida mas fria resposta e respiro fundo, sabendo que mereci esta resposta ou merecia ainda mais. Caminho atrás dele para a minha cozinha e coloco dois copos em cima da mesa. — Vamos à polícia apresentar queixa contra o teu aluno. — Viro o meu corpo para ele, de modo a que ele me olhe enquanto refuto, mas a sua mão tapa a minha boca. — Não te adianta dizer que não, Sofia! Ele cometeu vários crimes e não merece passar impune, por isso tu vais apresentar queixa e ele vai pagar pelo que te fez.

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