« 𝐂𝐎𝐕𝐈𝐃 𝟏𝟗: O terror da população. Significado de tragédia, significado de dor, significado de morte. Poderá ele também ter o significado de amor? »
𝐒𝐨𝐟𝐢𝐚 é apenas uma jovem professora universitária que acabou de chegar a Manchester para...
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Manchester – Inglaterra, 31 de Janeiro de 2020.
Já se passaram alguns dias desde que tive aquela pequena cena constrangedora com João e estamos bastante bem. Claro que nenhum esqueceu o que aconteceu, mas nós apenas evitamos falar nisso para nos pouparmos a mais momentos embaraçosos. Os meus pais estão cá e nem me perguntem o dia em que eles vão embora porque eu não sei responder. Tudo o que sei é que supostamente está marcado para daqui a uma semana, mas nunca se sabe se eles quererão ficar mais tempo, já que também me apareceram de surpresa.
— Com quem tanto falas? — A minha mãe inquire quando eu começo a rir sozinha, depois de ler uma mensagem de João. Elevo o meu olhar, balançando-o entre os meus progenitores, estes que me observam do outro sofá. — E estás muito sorridente. Há algo que devamos saber?
— Oh, é o João, nem sei porque me admiro. — Elsa diz rapidamente e dá de ombros, voltando a olhar para a televisão. No momento em que retirei o olhar do ecrã, esqueci-me que ela estava logo ao lado e ela espreitou. — Eles estão sempre juntos e quando não estão juntos, estão a trocar mensagens, a sério, ela fala mais com ele do que comigo, ultimamente.
— Porque será? — Semicerro o olhar à mais nova, sendo que ela apenas me ergue o dedo do meio e revira os olhos com a repreensão da nossa mãe. — Ele está só a dizer-me algo que aconteceu esta tarde com os cães dele, enquanto os passeava com o Bernardo, e teve imensa piada. — Bloqueio o telemóvel e apoio a cabeça na minha mão, depois de firmar o meu cotovelo no braço do sofá.
— Ele só vai amanhã para estágio em Londres? — Quem interroga é o meu pai, porque deve provavelmente ser o único que se lembra que dentro de dois dias vamos todos a Londres ver o Tottenham – City, uma vez que o futebolista nos ofereceu bilhetes. Confirmo com a cabeça, sabendo que ele já saiu do treino e está em casa. — Porque não o convidas para jantar connosco hoje? Não tivemos oportunidade de o conhecer após o jogo com o United e, incrivelmente, nem o vimos nos dias posteriores ou anteriores.
— Eu acho uma excelente ideia! — A minha mãe levanta-se rapidamente e balança o olhar entre mim e o relógio no seu pulso, com um sorriso extremamente largo no rosto. — Mas convida-o já porque quero ter tempo de preparar o jantar.
— Mas e...
— Mas nada, convida-o e cala-te. — Elsa, ao meu lado, encosta-se a mim e sorri de modo provocador, o que me faz revirar os olhos e controlar a minha enorme vontade de lhe dar um murro agora. — Aposto que ele vai adorar conhecer o nosso pai e ali o papito também vai adorar conhecê-lo! Aliás, acho que vão ser um genro e sogro com a melhor relação de sempre. — Sussurra ao meu ouvido, deixando os nossos pais confusos, tudo porque eu ameaço apertar-lhe o pescoço.
— Para quem estava tão enjoada e de mau-humor ontem, ficou muito engraçadinha agora. — Levanto-me do sofá e bufo. Balanço o olhar entre os três presentes naquela divisão e agarro o meu telemóvel, entrando em contacto com João. — Desculpa estar a ligar, eu juro que não é para gozar contigo ou com o Bernardo. — Firmo o último nome, controlando-me para não rir da mudança de postura de Elsa. Esta pensa que me engana, mas não consegue. Eu sei que ela está a achar-lhe piada, mas age como se não estivesse por causa do anormal do seu namorado. — Queres vir jantar cá a casa? Os meus pais estão desejosos para te conhecer.
