A última gota

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Relatividade.
Tudo se tratava disso?
O tempo era relativo, isso sabia.
Mas uma vida era relativa?
Subestimável?
Havia noites que duravam eternidades.
Enquanto de outras ninguém, nem mesmo uma sombra, se lembrava.
Existiam choros incontroláveis, silenciosos, altos, baixos.
Instantes de risadas escandalosas, curtas, sinceras, forçadas.
Tudo era mesmo relativo?
Isso realmente importava no fim?
Importaria se a primeira gota de vida, tempo e alegria, fosse também a última?
Porque era tudo o que tinha.
Uma gota de esperança.
Uma gota de fé.
Uma gota de estima.
Ela temia que a relatividade estivesse agindo naquele momento.
Que aquelas não fossem quaisquer gotas. Que não antessedecem outras.
Se tudo era relativo. Qual era o sentido?
Aquela poderia ser uma gota de recomeço, de vida nova.
Poderia, entretanto, ser o término.
O temido ponto final.
Afinal, tudo era relativo.
Poderia então ser o fim.
O seu fim.
Talvez realmente fosse.
Aquela poderia ser sim.
De todas as situações.
De toda a relatividade.
A última gota.

Estephany C.S.A

Poesia Aos VentosOnde histórias criam vida. Descubra agora