(XIX). Viva ou Morta

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"Se lembre do porquê você foi embora" — Ryane Leão

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"Se lembre do porquê você foi embora" — Ryane Leão

Lisa Manoban (Agosto de 1985)

[...]





Seulgi conseguiu me buscar algumas horas depois e, durante o tempo que a esperei chegar, acalmei a babá de Joohyun.

Não estou confiante que ela esteja na delegacia, mas minto que sim, falo que Joohyun não foi ao Colônia porque acharam o corpo de mais um garoto e que precisam de todos os policiais disponíveis. Também a conforto dizendo que Joohyun não conseguiu tempo para ligar para saber da filha, mas que vai chegar a qualquer momento. É o que me forço a acreditar, que ela está bem e segura, que foi um engano, que Lalisa não faria algo assim.

O fusca de Seulgi pára na frente da casa e me despeço da senhora como uma neta saindo da casa da avó. Ela pede a Deus para me abençoar, me dá uma vasilha cheia de brownies e pergunta a Seulgi se ela não quer entrar. Seulgi faz que não com a cabeça, está cansada, os cabelos amarrados em um coque com fios soltos e olheiras debaixo dos olhos.

Dou tchau para a senhora durante todo o caminho até o carro e, quando entro no fusca aquecido, a realidade vem à tona e começo a chorar.

Uma vez, Seulgi me disse que não precisamos estar bem o tempo todo, ela tem a teoria que as pessoas romantizam demais a felicidade e é favor do choro de vez em quando. Seulgi está sempre esperando o melhor das pessoas, o melhor de mim, é por isso que ela demora a perguntar o que quer perguntar, porque tem medo de estar errada.

— Onde você estava?

Acabamos de sair da área residencial e silenciosa de Taegon, amanhã as ruas vão estar cheias, a notícia terá se espalhado. A estrada é mal iluminada, rodeada de árvores secas e neve pelos dois lados, nada emite luz fora e dentro do carro, tudo está áspero e frio, escuro e estranhamente silencioso. Limpo as lágrimas na manga da jaqueta, mas ela é impermeável, então continuo com o rosto molhado.

— Como ela fugiu? — pergunto.

Seulgi aperta o volante com força.

— Você não respondeu a minha pergunta, novata.

— Porque eu não sei, Seulgi! Eu não sei onde eu estava! — Arfo, impaciente.

Estou cansada de dizer isso: "não sei" "não me lembro" "não faço a mínima ideia". Fui jogada no meio de um furacão sem saber como sair e porque entrei.

Seulgi me olha de soslaio, os lábios em uma linha tênue.

— Acharam o corpo de mais um garoto, a polícia inteira está por aí... — Assim que ela fala, um carro de polícia passa por nós. — Estão cercando tudo, tem viaturas em todos os pontos da cidade e mais reforços chegarão pela manhã...

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