"Você descobre quem são seus amigos verdadeiros quando coisas assim acontecem" — Karen McManus.
Diário de Jennie Kim (Fevereiro de 1984)
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Não dormi a noite inteira, foi impossível "desligar" com Lalisa deitada atrás de mim, o calor do seu corpo me aquecendo e a constatação da nossa proximidade chegando em ondas por todo o meu corpo. Tive medo de mexer demais e acordá-la (apesar de uma parte de mim querer acordá-la, pensando que talvez ela quisesse matar o tempo fazendo outra coisa além de dormir). Em algum momento da madrugada, decidi me levantar e tomar um banho, tentar apagar o fogo que parecia me consumir.
Ao pentear os cabelos molhados, o Sol da manhã chegava vagarosamente e, minutos depois, alguma atração do Divine começou a tocar. O bate-estaca da música era mais alto que o de ontem, urgente o suficiente para me lembrar onde eu deveria estar e no tanto de dinheiro que estava perdendo, por não começar a vender. Mas Lalisa ainda dormia e o dinheiro entrava em maior quantidade horas mais tarde, quando metade do pessoal estava chapado demais para diferenciar uma nota de 50 ou 100.
Voltei ao quarto, troquei de roupa, Lalisa ao menos se mexeu durante esse tempo, continuava a dormir quando Jungkook me chamou do lado de fora. Entreabri as persianas com os dedos, semicerrando os olhos pela luminosidade que atravessou a janela, e cumprimentei Jungkook parado na porta de casa. Ele vestia bermuda e uma camisa limpa, balançava a cabeça de um lado para o outro para impedir mechas do cabelo molhado de entrar dentro do olho.
— Jogue os cabelos, Rapunzel! — ele gritou com as mãos em concha.
— Quê? A porta ta aberta! — falei, numa mistura de grito e sussurro que o fez me olhar de forma confusa.
— Não tá, não, noona. Taehyung deve ter dormido no seu sofá, ele não tá atende! Ô VIADO, ABRE A PORTA! — ele gritou raivoso, mas recebemos o silêncio como resposta.
— Argh, já falei pra você levar a chave! — Fechei as persianas. Lalisa já tinha acordado, graças a gritaria, e me olhava com os olhos entreabertos e o rosto amassado, bocejou e se sentou enquanto eu percorria, emburrada, o caminho até a porta.
— Bom dia, acho... — Ela parecia atordoada, como se tentasse se lembrar como veio parar aqui.
— Deixei uma peça de roupa na cama pra você usar, o banheiro é logo no fim do corredor. — Saí do quarto, cruzei o corredor, desci as escadas e parei na sala de estar. O sofá estava vazio. Apressei o passo assim que Jungkook me gritou de novo, acordando metade da vizinhança com um "noonaaa" que desafinou no final e acabou saindo como um grunhido.
— Taehyung deve ter dormido em um dos quartos lá em cima, ele não tá no sofá — disse a Jungkook, que entrou sem cerimônia e olhou tudo com os olhos semicerrados, como se Taehyung estivesse escondido em algum lugar por ali. — Por que ele decidiu ficar?
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Paraíso Artificial
Fanfic(Concluída) Lisa Manoban não acredita em coincidências, por isso, ao chegar a Taegon, uma cidade manchada por um massacre bárbaro, ela tem um forte pressentimento que há algo errado. Algo errado na forma controladora e sorridente de Kim Jisoo, nas...