Capítulo Dezesseis

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Millicent

Caminho ao seu lado, ainda um pouco tímida pela situação. A viagem não foi exatamente longa, mas me deixou cansada, talvez por eu ainda não estar perfeitamente em forma. Mas tudo foi recompensado quando pude olhar para o pequeno e elegante chalé em que Savi me trouxe. Segundo me disse, estamos próximos do Monte Rainier, o que provavelmente explica o fato de eu estar sentindo um pouco de frio.
— Não me admira você estar com frio, Millicent — Savi diz rindo, enquanto abre a porta da frente do chalé, dando-me passagem.
Entro na sala e logo me sinto aquecida. O lugar é confortável e não tão pequeno como aparentava do lado de fora. Savi aparece ao meu lado, abraçando-me pela cintura.
— Nosso quarto é lá em cima — sussurra em meu ouvido, arrepiando minha pele.
Seguro sua mão e, com um sopro de coragem, começo a arrastá-lo escada acima, determinada a tê-lo junto de mim. É por isso que estou aqui, não há outra justificativa. E, por dentro, estou queimando por esse homem.
Quando chegamos ao quarto, paro de repente, olhando para cada canto do cômodo, minha mente trabalhando rapidamente.
— O que aconteceu?
— Estou apenas encantada por esse lugar. Eu já estive aqui antes? — pergunto, olhando-o nos olhos.
Savi sorri, cruzando os braços com um ar divertido.
— Na verdade, esteve sim — começa, misterioso. — Mas, para minha infelicidade, não fizemos o sexo selvagem que gostaríamos.
Faço uma careta, olhando da cama para ele.
— E por que não? — realmente fiquei curiosa para saber o motivo. Por que não transamos? Olhe para esse lugar! Eu, com minha mente pouco fantasiosa, consigo imaginar diversas situações somente nessa enorme cama...
— Porque tivemos alguns problemas e eu precisei levá-la de volta — conta, um pouco decepcionado.
Isso me dá algo em que pensar. Sento-me na cama, ainda olhando para Savi, estudando-o. Ele parece nervoso e até mesmo ansioso. Posso adivinhar o que está pensando, é o mesmo que eu, porque daqui quase posso sentir a energia que emana dele diretamente para mim. Não sou tão ingênua para não perceber o que está acontecendo aqui. Nós dois queremos um ao outro. Eu quero Savi.
Tomando um sopro de ousadia, começo a tirar meus sapatos e meias, deixando Savi perceber minhas intenções.
— Millicent... — a voz dele soa rouca ao meu lado.
Ergo os olhos para ele, agora despindo minha calça.
— Você pode fazer isso para mim — digo apontando para os botões da calça.
Em segundos, Savi está de joelhos na minha frente, suas enormes mãos trabalhando nos botões pequenos. Apoio-me em seus ombros, enquanto ele desce a calça por meu quadril e minhas pernas, sua boca plantando pequenos beijos por minhas coxas durante o processo.
Eu o ajudo a retirar a calça e ele a joga para o lado. Tiro a blusa que estou usando e ela toma o mesmo destino da outra peça, esquecida em um canto. Estou só de calcinha e sutiã frente ele; Savi, ainda de joelhos na minha frente, devorando-me com o olhar.
— Quero beijar seu corpo — murmura com o rosto próximo ao meu sexo.
Savi planta um suave beijo em minha intimidade, esta protegida pela barreira da calcinha, e eu suspiro, sentindo um formigamento no estômago.
Suas mãos arrastam minha calcinha para baixo, expondo-me totalmente ante ele. Fecho os olhos, ansiosa pelo que acontecerá em seguida. Savi afasta minhas pernas lentamente, minhas mãos apertadas em seus ombros. Oh, eu sei o que ele fará...
— Abra os olhos, Millicent. Quero que veja isso — ele está ordenando, e eu não posso negar algo assim.
Quando minha visão volta ao foco, encontro-o olhando para mim, um sorriso safado nos lábios. Engulo em seco, sabendo que ele está planejando algo perverso.
— Eu poderia passar a eternidade assim, apenas a observando. — Quase perco o equilíbrio quando Savi contorna o osso do meu quadril com os lábios e começa a descer para o ponto em que desejo tê-lo. — Mas sou egoísta demais para isso... Prefiro que o momento seja breve, mas prazeroso para você.
Prendo a respiração quando o sinto contornando meu sexo, seus dedos me abrindo devagar, tentando-me aos poucos.
— Savi... — imploro, minha voz em um tom de alarme.
Ele me empurra para a cama e me faz sentar na beirada, minhas pernas abertas, eu totalmente exposta, para seu deleite. A língua de Savi me atormenta, primeiro lentamente, descobrindo cada pequeno lugar que me traz prazer, para depois me levar à loucura com movimentos rápidos e precisos em meu clitóris. Agarro seus cabelos e ondulo meu quadril, entregando-me a uma onda de prazer tão grande, que me faz querer gritar, não me importando que alguém ouça.
— Tão linda — Savi diz baixinho, enquanto fica de pé e se despe.
Mal consigo manter os olhos abertos para vê-lo, mas por sorte tenho um vislumbre de seu membro e de seu peito. Ele se deita sobre mim e me beija entre os seios de uma forma tão doce que faz meu coração disparar. Abre o fecho do meu sutiã e o retira, deixando-o ao lado. Sorrio, passando meus braços por seu pescoço.
— Não consigo acreditar que estou aqui, com você — sussurro olhando em seus olhos. Há uma emoção diferente entre nós, e tenho certeza de que ele também pode sentir isso. É como se nossos corações estivessem em perfeita sintonia, ou nossas almas, conectadas. Será que Savi consegue ao menos imaginar a intensidade das minhas emoções? Deslizo a palma da minha mão por seu peito e paro sobre seu coração. Sinto as batidas aceleradas contra minha palma e enfrento seus olhos perdidos sobre mim. — Você sente o mesmo por mim, não é?
Soltando uma respiração profunda, Savi se coloca entre minhas pernas e, com meu olhar de aprovação, entra em mim. Solto um gemido, assustada pelas sensações.
— Eu sinto que não posso ficar sem você, Millicent. — Savi entra e sai de mim, devagar, movendo os quadris de um modo que eleva meu prazer ainda mais. — Sinto que poderia morrer se você não estiver ao meu lado. Todos esses meses sem você... Pensei que era mais fácil não viver se eu não pudesse tê-la. — Ele para e começa a me estimular entre as pernas, fazendo meu corpo se contorcer. Beija meu peito e depois volta se mover, agora mais rápido. — Porra, Millicent, eu a amo. Pra caralho!
Envolvida pelas emoções e pelo prazer, cravo minhas unhas em suas costas e o puxo para mais perto, quero seu corpo até o fim. Deixo os gemidos e sussurros escaparem da minha garganta, agora despida de inibições. Estou fazendo amor com esse homem que acabou declarar seu amor por mim, e eu também o amo.
Meus olhos se fecham, e tenho vontade de chorar. Consigo ver Savi e eu juntos neste mesmo quarto, a maneira como ele cuidou de mim, a delicadeza que teve ao embalar-me em seus braços.
Damos prazer um ao outro, e assisto encantada quando ele se retira de dentro de mim, usando a mão para liberar-se. Então, exausto, desaba ao meu lado.
— Eu amo você, Savi — digo minutos depois, quando ele está deitado sobre meu peito, um silêncio no vazio do enorme quarto.
Savi ergue a cabeça, os olhos arregalados para mim.
— Você se lembrou de tudo? Você...
— Não, Savi — interrompo-o. — Mas sei que amo você. Acredita em mim?
— Essa é provavelmente a melhor coisa que já ouvi em toda minha vida. — Recebo um beijo suave nos lábios e depois um sensual e atrevido sorriso. — É claro que acredito em você, meu amor.
Agora é a minha vez de sorrir. Estou tão feliz que, se algo acontecesse neste exato momento e tudo se acabasse de repente, eu, ainda assim, estaria feliz; feliz por ter estado aqui em seus braços, por ter compartilhando momentos tão maravilhosos.
— Eu gostaria de comer você novamente. — Ele bufa, sentando-se na cama. — Mas preciso levá-la para casa.
— Estou com um pouco de frio — confesso, rindo. É claro que agora lembro que tive frio na outra vez. Savi me olha de modo estranho, mas parece que ainda não compreendeu. — Será que pode me emprestar sua jaqueta?
Ele fica de pé, completamente nu em minha frente.
— Você vai ficar muito sexy com ela. Principalmente se não estiver usando nada por baixo — diz, maliciosamente.
Reviro os olhos achando graça.
Savi e eu nos vestimos com um pouco de pressa, porque, dentro de algumas horas, o dia irá amanhecer e eu preciso estar em casa.
Deixamos o chalé no escuro, Savi segurando minha mão, levando-nos até a moto. Ele está quieto, não diz uma palavra, e eu me pergunto se é por algo que fiz ou que aconteceu. Abraço-me a sua cintura, encostando o rosto em suas costas, aproveitando seu calor, e ele acelera pela estrada.
***
Quando Savi me deixa em casa e se despede de mim com um beijo, em seus braços, sei que não sou mais a mesma depois dessa noite.
Espero que ele vá e, quando vejo que a luz da moto se afasta, finalmente decido entrar em casa.
Aperto sua jaqueta contra meu corpo e inalo o perfume amadeirado, lembrando-me da sensação de sua pele na minha.
Um pouco nervosa, abro a porta da cozinha lentamente, pedindo aos céus que não seja descoberta. Seria meu fim.
Tiro meus sapatos e subo devagar pela escada, mal respirando.
Nem em meu tempo de adolescência fiz isso, fugir com um cara durante a noite e depois entrar escondida em casa. Mas não vou negar que a emoção é grande, o proibido, o medo de ser pega.
O silêncio da casa confirma que meus pais ainda estão no quarto e provavelmente, para minha sorte, ainda estão dormindo.
Quando consigo finalmente chegar ao meu quarto, eu me dispo rapidamente, escondendo a roupa dentro do armário. Deixo a jaqueta de Savi ao lado da cama e me deito, ainda não acreditando que fiz tudo isso em uma única noite.
O sono vem rápido, e eu me entrego aos sonhos, nos quais Savi sempre está presente.
***
Acordo de repente, apavorada com os gritos ao meu lado. Sento-me na cama e abro os olhos, encontrando meu pai parado à porta do quarto, segurando a jaqueta de Savi nas mãos, apontando para mim.
— Você esteve com ele! — grita, jogando a jaqueta no chão.
Eu me levanto, cobrindo-me com a manta, assustada com sua atitude.
— Pai, eu...
— Você me desobedeceu, Millicent.
— Eu gosto dele, pai. Savi e eu... — tento explicar, já sentindo meus olhos arderem.
Exasperado e ainda nervoso, ele se aproxima de mim. Minha mãe aparece no quarto, os olhos arregalados.
— Richard, não faça isso... — ela pede tentando acalmá-lo.
— Você sabia disso, não é? As duas estavam fazendo isso pelas minhas costas! — vocifera ele. Mal o reconheço.
Eu me irrito com a situação. Sou maior de idade, sei o que sinto e o que faço!
— Pai, por favor, pare! — digo bem alto. Ele para de repente e me olha assustado. — Entendo sua intenção de me proteger, mas preciso que entenda que eu gosto do Savi e que, não importa o que o senhor faça, continuarei com ele.
— Você não pode estar falando sério...
— Eu estou — garanto, empinando o nariz. — Não quero brigar com o senhor, pai, eu o amo e o respeito, mas quero realmente que me entenda.
Meu pai me olha por um tempo e depois me dá as costas.
— Eu a proíbo de vê-lo, Millicent. Um dia você entenderá isso — fala, antes de ir embora.
***
Mais tarde, meu pai me trata como se nada tivesse acontecido, o que é estranho, dada a intensidade de nossa briga horas antes. Ele pede que eu me prepare e me leva até a terapia, dizendo que irá me esperar.
No caminho não nos falamos, mas sei que está magoado comigo. Para ele, eu o traí da pior maneira possível. Sei que há algo mais que gostaria de me dizer, mas mal olha para mim. Acho que levará tempo para que aceite a situação, mas, de forma alguma, desistirei de Savi.
Ele me deixa na terapia, que acaba durando mais que nos outros dias. Beatrice está sentada ao meu lado, tentando arrancar de mim informações sobre a noite passada, mesmo que seus sussurros sejam ouvidos pela senhora Smith.
Hoje estamos falando sobre confiança, e cada um participa com uma opinião sobre o assunto. Beatrice fala sobre relacionamentos e sobre como confiar é difícil; das cobranças e exigências que impomos uns aos outros pedindo mais do que a pessoa pode dar.
— Millicent, o que acha de compartilhar algo conosco? — a senhora Smith pergunta do outro lado da sala.
— Confiar é um ato de amor — começo tirando as palavras do meu peito. — É se entregar. É considerar uma pessoa tão especial a ponto de ter certeza de que ela é a correta, não importando o que seu exterior diga.
Todos na sala ficam em silêncio quando eu termino de falar, e a senhora Smith limpa a garganta, chamando a atenção de todos.
— Obrigada por sua colaboração, Millicent.
— Foi lindo, amiga — Beatrice sussurra, erguendo o polegar em sinal de aprovação.
Deixo a terapia, despedindo-me de Beatrice na saída. Ela diz que precisa ir para casa e que viajará no dia seguinte para casa de uma tia. Fico feliz por isso, por vê-la evoluindo tanto.
Caminho pelo estacionamento à procura do meu pai. Ele deve ter chegado mais cedo e agora está me esperando. Hoje Savi não está aqui, e eu não o verei.
Pergunto-me quando estarei com ele novamente e como farei isso. Não permitirei que nos afastem novamente.
Desvio de um carro que está manobrando para sair e tento passar pelo lado, mas um homem de capuz entra na minha frente.
— Com licença — digo, indo para o outro lado, mas o homem não dá passagem.
— Eu queria vê-la. — Eu reconheço essa voz! Estaco no lugar, meus olhos arregalados. É ele!
Tento correr, mas ele me impede, agarrando meu braço com força. Retira o capuz e revela seu rosto. Sinto minhas pernas fraquejarem.
— Lembra-se de mim, Millie? — Sua mão me aperta cada vez mais, e eu tento me libertar, mas é inútil.
Me solte! Socorro! — grito desesperada.
— Cala a boca! — Ele me empurra, torcendo meu braço. Começa a me arrastar na direção de um carro, e eu forço meus pés no chão, tentando evitar que ele me leve.
Me deixa! Por favor! — choro apavorada. Ele não pode me levar!
Ele bate em meu rosto, um tapa forte, quase me fazendo cair e depois agarra meu pescoço.
— Entre no carro — ruge, tremendo.
— Não! — debato-me, mas ele é mais forte.
— Millicent! — Ouço a voz do meu pai se aproximando, correndo em nossa direção. — Solte minha filha!
O homem ainda tenta me fazer entrar no carro, mas eu luto com toda minha força. Tento morder seu braço, porém ele bate novamente em meu rosto, deixando-me zonza. Aproveita para me jogar no banco do passageiro, fechar a porta e correr para o outro lado.
Antes que meu pai consiga nos alcançar, ele liga o carro e acelera, levando-me junto.
Pelo espelho retrovisor, consigo ver meu pai correndo para seu carro; em seguida começa a nos seguir.
— Por favor, me deixe ir — imploro desesperada.
— Você acabou com a minha vida — ele diz, olhando da estrada para mim, sorrindo como um louco. — Achou mesmo que eu ia te deixar em paz?
Entramos em uma rua tranquila que leva até a rodovia, e eu sei que, se chegarmos até lá, será difícil pará-lo. Preciso fazer algo. Meu pai continua nos seguindo.
— Você ainda pode fugir, tem apenas que me deixar. Por favor, não quero que me faça mal. — Já estou chorando, agarrada ao banco.
— Nós iremos juntos, docinho. Terminaremos isso juntos. — Desvia de outro carro e acelera cada vez mais.
O quê? Ah, não, não! Eu não vou morrer!
À frente vejo a rodovia e sei que preciso agir rapidamente. Prefiro morrer a estar nas mãos desse homem novamente.
Jogo-me sobre ele, tentando tomar o volante de suas mãos. Ele tenta me empurrar, e o carro começa a sair da pista. Consegue diminuir a velocidade e parar o carro.
— Saia de cima de mim! O que está fazendo? — grita, jogando o carro ao lado da pista.
Bato em sua cabeça com meus punhos, socando-o com força. Ele me joga contra o banco e leva as mãos ao rosto manchado de sangue. Não penso direito quando abro a porta do carro e saio correndo, caindo de joelhos algumas vezes.
Acho que ele vai vir atrás de mim, mas então o vejo acelerar o carro e sair em disparada, meu pai ainda atrás dele. Vejo o carro preto em que está meu algoz passar pela ponte, ultrapassando outros em alta velocidade, e então bater contra um enorme caminhão, pegando fogo segundos depois.
O carro do meu pai para metros antes.
Não consigo acreditar no que estou vendo. Caio na grama, olhando assustada para as chamas que sobem pelo ar, as labaredas e a fumaça preta.
Mal percebo quando sirenes começam a aparecer e pessoas se aproximam de mim. Sinto apenas alguém me abraçando e sei que é meu pai, que voltou até onde estou.
Jogo-me em seus braços em desespero.

Dissoluto - Para Sempre (livro 2 ) - Série The Underwood'sOnde histórias criam vida. Descubra agora