Capítulo Nove

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Ethan

Já passa das duas da manhã quando termino as planilhas. Demorei mais do que previa, mas pelo menos deixei tudo organizado para o restante do mês.
Planilhas, cálculos e essas coisas sempre foram o meu forte. Ao contrário de Savi, que no máximo sabe quanto é dois mais dois.
Sorrio diante de meu próprio pensamento. É claro que Savi é inteligente, ele apenas não é aplicado, nunca foi. Mas sei que, por trás daquela muralha, há um homem incrível e que já sofreu mais do que devia. Meu irmão merece ser feliz e todos os dias peço a Deus para que Millicent se lembre de quem ele é, para o bem de todos.
Temo o dia em que ela o rejeitar, caso isso aconteça. Na verdade, não à rejeição em si, mas à reação de Savi. Acho que seria um golpe duro não somente para ele, mas para todos que o cercam; isso o destruiria.
Desligo o notebook, guardo os papéis na gaveta de minha mesa e pego a chave do carro. Após conferir milhares de vezes se o sistema de segurança que colocamos no bar está funcionando, decido finalmente ir para casa descansar. Apago a última luz e, quando coloco os pés para fora, uma voz familiar surge atrás de mim.
Eva.
— Já está indo, querido? — sua voz está um pouco melosa demais e, nos lábios, ela carrega um sorriso torto.
Será que ela bebeu?
— Na verdade o bar já fechou há duas horas — respondo simplesmente.
— Ah, é? E posso saber o motivo? — Ergue as sobrancelhas bem- desenhadas e cruza os braços sobre os peitos.
— Quer mesmo saber? — retruco e ela franze o cenho.
— É lógico! Se esqueceu, vou te lembrar: eu sou uma das sócias do bar.
Gargalho diante do que ela diz. Eva franze ainda mais o cenho e me encara, com uma interrogação estampada na testa.
— Na hora de ir para um encontro, você não lembrou que esse bar também é sua responsabilidade.
Antes que eu gire a chave e tranque a porta, Eva passa por mim como um verdadeiro furacão e entra, sem me olhar. Fico parado durante alguns segundos, pensando se devo ou não entrar e falar umas verdades.
Quem ela pensa que é?
É claro que eu entro e a sigo.
Eva acendeu apenas a luz da cozinha e, quando a alcanço, ela está se servindo com um dos melhores uísques que temos.
— Não me diga que vai me cobrar por isso... — Ela mostra o copo e, em seguida, bebe tudo num único gole.
— Eu não sou tão idiota assim, por favor! — Bufo e ela sorri.
— Eu acho que alguém aqui está com ciúme... — sua voz fica um tom mais baixo.
— Quem? Eu? Ciúme de você? — Aponto para ela e gargalho com desdém. — Você não faz o meu tipo, gibi.
Eva fica levemente vermelha e bate o copo no balcão com um pouco de força. Eu consegui irritá-la.
Yes!
— Não é o que os seus olhos dizem, pequeno virgem. Eu sei que, no fundo, você quer contornar cada uma das minhas tatuagens com sua língua afiada — rebate e algo dentro de mim vibra.
Nós nos encaramos durante alguns segundos, enquanto sinto uma vontade louca e estranha de agarrá-la e puxá-la contra mim; de beijá-la até sua boca vermelha ganhar ainda mais cor e depois fodê-la, de pé, contra a parede.
Balanço a cabeça e recupero o juízo. Essa mulher quer jogar, mas não imagina quão implacável posso ser.
— Gostou da ideia? — pergunta enquanto coloca mais uma dose de uísque no copo.
— Eu já disse que você não faz o meu tipo.
— E você não faz o meu! Não estou a fim de dar aulas de sexo a ninguém.
Suas palavras me enfurecem. Eva realmente acha que sou tão parado assim? Ela não tem noção do que sou capaz de fazer.
Sem pensar duas vezes, avanço sobre ela e puxo seu cabelo para trás, enquanto devoro sua boca carnuda. Eva não resiste, ela corresponde o beijo com a mesma intensidade.
Com a outra mão, agarro sua cintura e a prenso contra o balcão. Puxo sua cabeça para o lado e desço minha boca por seu pescoço. Eva solta um gemido e vejo quando aperta os olhos com força, como se estivesse prestes a se render a mim.

***

Nota das autoras: Passando para desejar um feliz Natal, Dissolutas! Que tenham um lindo dia. 💜

Dissoluto - Para Sempre (livro 2 ) - Série The Underwood'sOnde histórias criam vida. Descubra agora