Scar Tissue - ObiSaku

Justiça

Sakura

— Responde, Sakura — insistia Ino pela terceira vez.

— Ino, você está aqui para conversar ou organizar essa papelada?

— Os dois.

— Tsc, esses papéis são importantes — tentava convencer a loira a mudar de assunto.

— Isso também é importante. Anda, me diz, por favor — disse fazendo gesto de prece.

Suspirei.

— O que quer saber? — perguntei e a vi bater palmas em animação.

— Quero saber de todos os detalhes de suas consultas como médica — a loira disse fazendo aspas com a mão.

— Sou apenas a médica mesmo, sua maluca.

— Está bem, mas anda. Diz logo.

— Não acontece nada de interessante, Ino. Realmente falamos sobre coisas de saúde e converso um pouco com Obito. — disse a ela enquanto separava os papéis da parte financeira da clínica.

— Ah, então você não é apenas médica, até porque eu sei que não fica de conversinha com seus pacientes — a vi me lançar um sorriso debochado e arregalar os olhos — Espera. Você disse Obito?

— 'Tá surda, porca? — disse e vi seu olhar de repreensão pelo apelido de infância.

— Eu achei que teria o que conversar com Sasuke, e não com Obito.

— Você sabe como é Sasuke — revirei os olhos só por lembrar que ele era totalmente antissocial — Obito é mais receptivo e sempre puxa assunto. — disse e vi Ino me arquear as sobrancelhas e me lançar um sorriso ladino.

— Outro Uchiha?

— O quê?

— Sakura, você tem que parar de se apegar às pessoas desse clã. — A loira ria da minha cara enquanto falava.

— Deixa de loucura, não me apeguei a Obito, mal o conheço.

— Quando se nasce você não conhece nem seu pai, isso não quer dizer nada.

— Quem puxa assunto é ele, Ino. Não plante coisas em sua cabeça. — tentei argumentar com aquela teimosa.

— E você não? — arqueou uma sobrancelha.

— Larga esse assunto de mão e vamos trabalhar.

Eu sempre conversava sobre os mais diversos assuntos com Ino, mas quando a via fazendo insinuações inexistentes irritava-me profundamente.

Nunca me esquecerei do dia que essa desmiolada deu a entender que eu e Naruto tínhamos passado a noite juntos, e juntos no sentido mais literal da palavra. O coitado só tinha comido besteiras demais durante o dia, e durante a noite fora jantar comigo para comemorarmos que agora eu morava sozinha. Ele se sentiu mal depois de comer e eu pedi para que ficasse comigo, o loiro passou a noite colocando tudo para fora, mas claro que Ino só falou a parte dele ter passado a noite em minha nova casa.

— Você é muito careta, sabia? — Ino me disse cruzando os braços e fazendo um biquinho engraçado. Dei risada de sua expressão.

— Sabia. Você sempre diz isso.

— E você nunca muda — estalou a língua ao terminar a frase — Você precisa relaxar.

— Não estou tensa.

— Não é o que essa sua testa enrugada diz. – ia repreendê-la, mas ouço alguém batendo na porta.

Levantei espreguiçando-me e caminhei até a porta praticamente me arrastando. Os detalhes da clínica estavam me consumindo nestes últimos dias.