Adora recebeu em seu aniversário de 11 anos o melhor presente que poderia ter pedido, uma melhor amiga, um laço inseparável.
Catra teve que se mudar a força para outro bairro mas não esperava encontrar seu primeiro amor morando na casa ao lado.
Devo admitir eu estava levemente alterada mas só o suficiente para tomar coragem de fazer uma coisa que se passava em minha cabeça a dias.
Beijar Catra.
Nós somos melhores amigas e sim eu pensei na possibilidade disso estragar nossa amizade mas não pude evitar depois daquele dia que Cat me protegeu, comecei a vê-la de uma forma diferente talvez... Especial? Não que eu fosse namorar a minha amiga até porque sou hétero mas não posso negar que a latina é atraente, talvez a pessoa mais bonita que eu já conheci.
A Adora sóbria saberia afastar esses pensamentos para não fazer nenhuma besteira mas no momento eu sou a Adora um pouco alterada por álcool e com a minha melhor amiga dançando extremamente colada ao meu corpo.
-Sabe que as pessoas te olham pela sua beleza né Catra - Falei sem nem medir minhas palavras.
A menor ergueu uma sobrancelha com uma cara sugestiva.
-Está flertando comigo Dorinha? - Catra disse na ponta da língua.
-E se eu estiver?
Não sei se era a música ou a distância inexistente entre mim e Cat mas sentia meu corpo esquentar a cada segundo.
-Você tá bêbada isso sim - Agora a menor pareceu recuar erguendo as sobrancelhas e soltando uma risada sem humor.
Não pararia ali. Olhei para Catra com um olhar malicioso.
-É sério, quem não se hipnotiza com esse seu olhar bicolor.
Acabamos nos aproximando novamente, sentia nossas respirações misturadas. Cat estava corada com a minha aproximação e com o meu elogio anterior, me perguntei se deveria parar ali mas a menina a minha frente não havia recuado.
-Posso fazer uma coisa? - Inevitavelmente olhei para seus lábios e logo depois os colei.
Eu não sei dizer se era pela quantidade de álcool ou pela minha ligação com Catra mas aquele beijo foi diferente de tudo o que eu já experimentei. Seus lábios eram macios e confortantes, senti vontade de explorar mais daquela sensação mas fui impedida pela latina me empurrando.
Droga será que fui longe demais?
-Você tá bêbada Adora. Muito. - Catra disse se afastando mais.
-Eu sei o que estou fazendo Catra. - Cambaleei até a cama tentando me segurar em algum lugar.
Eu poderia estar um pouco alterada mas realmente sabia das minhas ações, só tomei um gole de coragem chamado álcool.
-Eu não quero ser seu tapa buraco. - A menina disse baixo mas o suficiente pra ter escutado.
-Do que você tá falando?
-Merda Adora! - Me assustei com o tom alto de Catra - Você terminou a duas semanas e nós estamos passando tanto tempo juntas, não fazíamos isso a meses... Não que eu não goste mas eu só... Me desacostumei a ser tão importante pra você e eu me recuso a acostumar com a sua presença pra te ver indo embora de novo. Eu gosto tanto de você que dói.
Só consegui assistir a menor pular minha janela indo embora.
Como assim Catra gostava de mim? Como amigas certo?
Nunca pensei que Cat se sentiu tão abandonada quando comecei a sair com Luke, ela parecia tentar a todo custo ficar feliz por mim e isso acabou a machucando?
Busquei meu celular para mandar mensagem para Catra mas foi em vão, a latina visualizou e não respondeu.
Em um impulso peguei apenas o necessário e desci minha janela a caminho da minha vizinha, não imaginava o quão difícil poderia ser mas Cat tinha as unhas grandes então escalava com mais facilidade do que eu.
-Catra? Céus abre essa janela eu vou cair!!! - Disse em um sussurro alto o bastante para ver a menor abrir a janela e me puxar para dentro com um semblante confuso.
-O que você tá fazendo Adora? Se a Sombria te pega aqui eu to fodida.
-Desculpa é que eu não quero ficar brigada com você. Queria te pedir perdão por ter abandonado nossa amizade enquanto fiquei com Luke. - Senti meus olhos marejarem por lembrar dos acontecimentos com meu ex. - É que é difícil sabe, aconteceu tanta coisa que... - Não consegui conter as lágrimas. - Eu agradeço por você estar comigo, se não fosse por ti não sei o que aconteceria...
Catra em segundos me puxou para um abraço reconfortante fazendo um leve carinho em minha nuca.
-Achei que você tinha vindo se desculpar sobre o beijo. - Disse sem desfazer o abraço e soltou uma risada nasal.
-Não me arrependo dele. - Falei logo em seguida. - Não sei se é porque a gente é amiga mas eu me senti bem tipo... Borboleta no estômago que nem falam nos livros. - Falei rindo e me desfazendo das lágrimas em meu rosto.
Eu realmente não me arrependia, foi uma sensação boa e que eu nunca tinha sentido com os meninos que fiquei.
Senti Catra me afastar com um semblante triste.
-Adora... Eu... - Droga será que fui longe demais? - Eu gosto de você, mais do que como amigas.
Arregalei os olhos e engoli seco. Então era isso que ela quis dizer com ''Eu gosto tanto de você que dói''.
Catra POV
-Você é tão idiota. - Falei rindo para loira assustada. - Era mais do que óbvio e sempre foi. E por isso que dói tanto você me usar como um experimento só porque está se sentindo sozinha.
Adora sentou em minha cama e pareceu discutir com ela mesma internamente. Eu sinceramente não sei qual foi o objetivo dela com aquele beijo e nem queria saber porque uma coisa que tinha certeza é que quem acabaria totalmente sozinha no final seria eu, até Adora perceber que a pequena experiência comigo não é o que ela quer e ir namorar outro engomadinho.
Ergui meu olhar para loira, droga. Seria difícil esquecer aquele beijo.
Antes que eu pudesse fechar a janela a espera de Adora processar as informações senti sua mão em meu pulso, quando a olhei ela logo desceu e entrelaçou nossos dedos.
-E-e se não for só uma experiência...? - A loira me olhava com receio. - Eu realmente senti algo com o beijo Cat, não sei o que foi mas estou disposta a descobrir.
Prendi a respiração quando senti a loira se aproximar novamente de mim e logo juntando nossos lábios, dessa vez não me afastei. Nos beijamos de forma suave, sem pressa.
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Uma das mãos de Adora repousava em meu rosto e a outra entrelaçava nossos dedos. Nesse momento pude sentir coisas inacreditáveis que com nenhuma menina, nem mesmo no meu primeiro beijo eu senti.
Adora passou a língua em meus lábios pedindo passagem e eu logo cedi aumentando a intensidade do beijo, nossas línguas dançavam em sincronia sem pressa alguma. Senti as mãos de Adora em minha cintura desfazendo nossos dedos entrelaçados. Quando a loira me segurou pela barra da calça lembrei que a menina ainda estava alcoolizada.
Desfiz o beijo com cuidado finalizando com um selinho e olhei nos olhos de Adora que se encontrava levemente corada.
-Por favor não esquece disso amanhã. - Quase que implorei olhando em seus olhos e segurando seu rosto fazendo um leve carinho com o polegar.
