1.1 Nesgrath

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Neftim, Ocren, Niuron e Ondre eram os maiores povoados de Nebrin daqueles tempos. Separados por quase sete dias de viagem cada um, e por quartéis da capital que controlavam o fluxo de gente entre os condados, a nossa triste vida acontecia.

Cada uma das Casas era chefiada por um lorde, como meu pai, e os lordes mantinham a comunicação com os desejos da capital, através dos caninos dourados, os soldados dos quartéis. Nada poderia ser feito sem o consentimento dos caninos. Nada poderia ser feito por nossa própria vontade. Nossas caças, nossos recursos, nossas vidas eram resumidos àquela dinâmica. 

Até chegar nesgrath.

E quando o mais rigoroso dos invernos chegava, os caninos saíam de Nebrin e as Sete Leis das Quatro Casas revigoravam.

Condado de Neftim

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Condado de Neftim

O elfo acordou agitado naquele dia.

O sonho que teve fora no mínimo medonho.

Nele, ele se lembrava perfeitamente bem das ruelas apertadas, da praça ao pé do morro e do som de água corrente não tão distante. O sentimento de reconhecer o condado que morava através daquele sonho permanecia com os resquícios de memória da estranha experiência que teve.

Não por menos, ele viveu naquele mesmo lugar por todos os seus 140 anos, era natural que seus sonhos e pesadelos ocorressem todos por lá.

Mas, dessa vez, algo diferente havia ocorrido, pois aquelas pessoas, ou melhor, aquela multidão de elfos definitivamente não era como os atuais moradores de Neftim. Ao menos, não como os atuais.

Afinal, neftiano algum seria capaz de conservar tamanha elegância, riqueza e, também, saúde.

Por algum motivo, no entanto, estavam todas saindo do povoado, como se fugissem de algo. Ao passo em que a neve e a neblina, pouco a pouco, engoliam as ruelas, a praça e tudo o que estava à frente.

E lá estava ele, atrás dos misteriosos elfos ricos e na frente da caótica neblina que escorria como um rio em fúria. 

Ele corria, corria como jamais correu antes. A respiração falhava e podia sentir as pernas arder com o tanto de esforço que depositava na desesperada tarefa de fugir.

Mas não importava o quão rápido podia ser, não importava nem mesmo a distância, pois alguma coisa dentro de si gritava que seria impossível um elfo como ele alcançar um povo como aquele.

De repente, então, um agudo assobio cortou o ar. A atmosfera ficou mais leve e ele teve a impressão de o caos ficar um pouco menos agressivo.

-Nós queremos lhe mostrar, Ignil... - Uma voz retumbou como um trovão numa tempestade.

Aquele assobio... Seria um pássaro?

Então, uma daquelas pessoas parou de fugir. Era apenas um menino. Um pequenino elfo, que devia estar com os seus 14 anos, talvez menos.

Flores Vermelhas - Sob as asas da liberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora