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Glenda Madison

Coloquei a mão sobre o estômago e tentei diminuir a náusea que começava a surgir.

— Por favor, filho, não faz isso com a mamãe.

Impossível, senti o líquido estomacal chegar até a garganta e corri para o pequeno banheiro da loja. Ajoelhei-me e debrucei-me sobre o vaso. Tudo que havia comido no café da manhã saiu em jatos fortes. Quando já não tinha mais nada para expelir, levantei-me trêmula e fraca. Deus! O que há com esse bebê? Ele está acabando comigo.

Lavei a boca e o rosto. Mirei-me no pequeno espelho, minha aparência era de um fantasma. Os olhos fundos e a boca desidratada. Falaram que enjoos matinais eram normais, porém não me avisaram que durariam praticamente o dia todo. Nada que eu faço evita o mal-estar. Já havia perdido peso ao invés de ganhar para alguém que entrava para o segundo mês de gestação.

— Glenda, você está bem? — Uma das minhas assistentes bateu na porta.
— Sim! Já vou sair.

Preciso dar um jeito nessa aparência, embora não adiante muito, logo o pequeno se revoltará de novo. Peguei a necessaire separei um brush e batom. Penteei os cabelos e voltei a prendê-los com rabo de cavalo. Retoquei a maquiagem. Melhor.

Voltei para meu pequeno escritório e sentei na cadeira desanimada. Eu não esperava que esses enjoos me incomodassem ao longo do dia, e isso está acontecendo havia duas semanas. Também não imaginava que a gravidez iria baixar tanto meu nível de energia. Coloquei a mão sobre a minha barriga que ainda não aparentava uma gravidez. Meu filho, já está se desenvolvendo e mostrando que não será uma criança fácil. Ele ou ela, ainda não sei o sexo, foi inseminado e de primeira deu certo. Meu médico já havia me alertado que era pouco provável do embrião conseguir se desenvolver na primeira tentativa e isso era normal, as chances eram baixas, mas esse já mostrou que é forte como um touro.

No dia que fui na clínica Future Born, uma das mais conceituadas em fertilização e inseminação artificial, não sabia exatamente o que aconteceria, cheguei lá insegura e sai de lá, esperançoso. Minha irmã me acompanhou, lembro com alegria aquele dia.

Chegamos ao complexo de prédios, olhei com admiração a fachada. Minha irmã também a contemplava.

— Seu filho está aí dentro, congelado.
— Não fala assim, passa a impressão que parece tudo tão impessoal e frio.
— Mas é, só o fato que você escolherá o pai do seu filho através de um catálogo, já torna tudo muito impessoal.
— Por isso decidi não escolher pelas imagem do doador, isso é, se for permitido. A única exigência que farei é que seja saudável.
— Bom, vamos entrar, está quase na hora da sua consulta.
— Obrigada por me acompanhar, Lívia.
— Jamais te deixaria vir sozinha.

Lívia e eu deixamos o carro e entramos no saguão. Uma atendente bem arrumada em um uniforme, veio nos receber.

— Bem vindas ao future Born, tem uma consulta agendada?
— Sim!

Apresentei meu documento e logo após introduzir meus dados no computador, a moça nos indicou a sala para aguardamos. Olhei para os quadros de bebês na parede. Crianças lindas cada qual com suas características. Sorri, se tudo der certo, em breve estarei segurando meu filho nos braços. Lívia segurou em minhas mãos frias me dando apoio.

— Senhorita Madison?

Uma mulher de jaleco branco me chamou. Meu coração acelerou a medida que eu a acompanhava até a sala do médico. Lívia também entrou junto comigo. Assim que adentramos a sala, me deparo com um homem bonito por volta de quarenta anos e cabelos castanhos, ele nos fitou sorrindo e com a mão estendida primeiro para mim e depois para minha irmã para nos cumprimentar.

Grávida do Mafioso Onde histórias criam vida. Descubra agora