Descobrindo sentimentos novos

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Ao retornar para sua casa, Rebecca encontra Déborah sentada no sofá, já na parte de baixo do paiol.

Déborah vai até ela para abraçá-la, só  que Rebecca esquiva-se dela.

---O que foi ,Rebecca?

---A gente precisa conversar!

---Conseguiu falar com a Caroline? Ela não irá contar sobre a gente, né?

---Não.  Caroline me prometeu que não falará nada. Não é sobre isso que eu queria falar. É sobre a gente.

---Sobre a gente?

---É. Não acho certo a gente ficar enganando as pessoas, principalmente seu marido!

---Do meu marido cuido eu, Rebecca! E se ele não me satisfaz na cama, por que não posso arranjar alguém que me mata de prazer, como você? – Déborah desliza seu indicador no braço de Rebecca, enquanto a lança um olhar de luxúria.

---Acho bom nós pararmos por aqui o nosso lance.

---O quê?

---É o que você ouviu, Déborah! É o melhor pra todo mundo!

---Melhor pra quem, Rebecca? A gente se entende na cama! Vamos deixar como está.

---Eu não quero mais!

---É por causa da loirinha, não é ?  Da filhinha do seu patrão, a Carol?

---Não seja ridícula, Déborah! De onde você tirou isso?

---Ridícula é você!  Saiu correndo atrás dela, Rebecca! E não foi por medo de perder seu emprego, foi por medo do que ela iria pensar de você!

---Você é maluca!

---Sou maluca sim, Rebecca! E enlouqueci por sua causa! E você ,está de quatro pela patroinha! Sua idiota! Ela vai se casar em dezembro com o médico da cidade, filho de um dos maiores criadores de gado das redondezas! Acha que ela vai preferir uma “chucra” como você?

---A “chucra” aqui te comia muito gostoso! Some da minha casa, Déborah! Agora!

Déborah juntou sua bolsa que estava no canto da sala, deu um olhar raivoso para Rebecca, que o retribuiu e saiu como um furacão, da casa de sua amante.

Naquela noite nem Rebecca e, muito menos, Caroline conseguiam dormir. Caroline não conseguia parar de ter flashes de Rebecca dando prazer a Déborah. Ela fechava os olhos e as imagens perturbadoras povoavam seus pensamentos. Já para Rebecca,  não parava de ecoar em seus ouvidos  , as palavras  rudes de Déborah: “Acha que ela vai preferir uma “chucra” como você?” .
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O Sol mal despontou no horizonte e Rebecca já estava na lida havia algumas horas. Quase nem dormiu durante a noite.

Num determinado momento da manhã, Rebecca se encontrava no estábulo , cuidando de um potrinho recém nascido.

---Eles são tão lindos!

Aquela voz delicada tira Rebecca de seu afazer.  Seu coração se aquece pela simples presença de Caroline, encostada na cerca.

---Oi.  Nem te vi chegar! – Rebecca fala ao se levantar e ir de encontro à Caroline.

---É que você é tão boa no que faz, que se concentra de forma única!

Rebecca se constrange com o elogio.

---Brigado! Caroline, me desculpe por ter visto aquela cena ontem!

---Relaxa, Rebecca! Não sou tão puritana assim! Amor é amor!

---Não se trata de amor!Ali, era apenas sexo!

---Você não tem medo de se envolver com alguém casada?

---Não tem sentimento. É uma troca vantajosa para ambos os lados, ela me dá o que eu quero e, em  troca, eu lhe dou prazer.

---Me admira a Déborah, com filhos já adultos, quase uma avó, dada a estas coisas!

Rebecca riu-se.

---Antes mesmo dela ser tudo isso, ela é uma mulher, Caroline! Com todas as suas vontades e desejos!

Caroline fica pensativa por um instante.

---Você tem razão! Nunca se apaixonou ... por ela, Rebecca?

---Não.  Eu até tentei. Mas, não deu! Acho que meu coração não sabe mais o que é se apaixonar! Eu não me apego,  Caroline! Apenas dou e recebo prazer e ,vida que segue!

Caroline toca na mão de Rebecca que se encontra sobre a cerca. Rebecca e Caroline sentem aquele toque como, se por ele , passassem milhares de correntes elétricas!

---Acho que é porque ainda não encontrou a pessoa certa.

Caroline diz ,quase num sussurro, olhando no fundo dos olhos de Rebecca.

Novamente elas se perdiam em seus olhares! Permanecendo por alguns segundos, hipnotizadas.

Caroline se recobra daquele momento de conexão entre elas e vai se afastando, lentamente.

---Bom, prometi ajudar Dona Estela com um doce de abóbora que ela vai fazer. Até mais ver, Rebecca!

---Até,  Caroline! – Rebecca a olha com ternura.

---Ah, Caroline?

---Sim? – Caroline já estava próximo da porta do estábulo, voltando-se novamente para Rebecca neste momento.

---Vai lá em casa hoje à noite! Pra gente tomar um conhaque e jogar conversa fora.

---Não vai estar ocupada dando prazer a alguém?

Rebecca sorriu.

---Não. Vou estar sozinha! Prometo que não vai ser surpreendida com nada desta vez!

---Ufa! Se é assim, eu irei então!  Vou levar um pouco do doce da Dona Estela pra você!

---Eu vou gostar! Adoro doce de abóbora!

---Então, até a noite, Rebecca!

---Até a noite, Caroline!

Caroline foi saindo, ainda olhando pra Rebecca e sorrindo.

Rebecca retribuia o sorriso.

Antes de passar pela porta, Caroline dá um tchauzinho discreto para Rebecca e se vai.

Anjo Indomável (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora