4. O estranho caso das pedras que se mexiam

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Autora falando:

Hellooo! Mais um POV de Adora!

Estou quase que ilegal aqui postando isso pq o trabalho tá caótico esses dias, maaas, não queria perder o fio da meada! Juro que tô lendo os comentários e amando! Só que vou respondê-los mais para frente, quando o caos passar, prometooo!

Boa leitura <3


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Seria lindo se as conquistas tivessem só um caminho: progressão. Não era esse o caso da habilidade que Adora descobrira há uns 4 ou 5 dias salvando a bala de gelatina na loja de conveniência. Desde então, não conseguiu mais fazer um fio de cabelo sequer mover.

E há quem diga que é possível mover montanhas... Pode até ser verdade. Pode até existir quem consiga, só não era ela exatamente. Ela, exatamente, era um fracasso. Estava quase acreditando que aquilo foi um lapso de capacidade que nunca mais retornaria ao seu escopo.

Perdeu as contas de quantas coisas tentou mover na casa, na faculdade, no trabalho de Catra. E nada acontecia, só sentia sua cabeça ainda mais pesada, como se estivesse acumulando estresse e frustração.

Tentou todos esses dias, em todos os momentos em que a mulher de cabelos castanhos estava ocupada com os próprios afazeres ou em outro cômodo. E esse era exatamente o momento. Enquanto Catra estava no banheiro tomando o seu banho da madrugada pós trabalho, Adora estava no quarto fazendo seu belo trabalho de ignorar a força que a puxava e encarando uma caneta na mesa de estudos com a careta de concentração mais esquisita possível.

– Vamo lá, trocinho... – Murmurou entre os dentes.

A jovem fantasma chegou a grunhir. Nada de seu esforço, físico ou mental, mexia o objeto. Desistiu batendo o pé e massageando incessante as laterais da cabeça.

– Como sempre uma imprestável, Adora – iniciou o sermão a si mesma. – Não consegue fazer nada, nem uma coisinha simples como essa! Que porcaria de espírito e você, ein? Sua... Sua... inút-

– Para agora com isso! – Catra surgiu em seu campo de visão, com o ombro apoiado na porta, os braços cruzados e a toalha enrolada na cabeça. – Nada de autodepreciação!

– É uma caneta, Catra! – Seus punhos estavam cerrados enquanto resmungava. – Eu não consigo mexer uma porra de uma caneta!

– Relaxa, garota. – A jovem caminhou pelo quarto até o espelho, por onde a encarava através do reflexo e penteava os cabelos molhados. – Não seja tão impaciente com seu próprio corpo, ou mente, no caso... Vai ver está se sobrecarregando e isso te impede de conseguir.

– Não faz sentido! Eu não tenho feito nada para ficar cansada ultimamente. Eu só te sigo!

– Cansaço mental também existe, e ele pode ser bem, bem pior que qualquer outro quando quer. – O olhar e tom de voz da morena levemente julgavam a postura irritada da loira com toda a situação. – Descansa um pouco sua cabeça, Adora... Se distrai com outra coisa por enquanto ou você vai pifar até mesmo depois de morta.

– Olha só quem fala... – Quem cruzava os braços agora era a fantasma, sem deixar de olhar para o reflexo da outra secando e penteando o cabelo na frente do espelho. – Você não é a melhor pessoa para aconselhar isso, já que vive só de trabalhar e estudar.

– Ah, mas... Comigo é diferente – Catra até parou os movimentos para retrucar. – É como eu aprendi a funcionar para ignorar o passado do qual não quero lembrar. Quanto mais pacata a rotina, menos ameaçada me sinto.

– E uma diversão, um descanso sem ser só dentro de casa, de preferência, não está incluso na vida pacata? – Adora se aproximou da mulher mais baixa por trás, fitando-a por cima do ombro dela, ainda pelo espelho. – Não imagino que isso seja tão ameaçador assim.

Eu e o seu fantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora