Autora falando:
Acho que já ta na hora de entregar a verdade nua e crua pra vocês.
POV Catra, claro. Só ela tá acordada afinal
Boa leitura <3
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A vida normal de uma pessoa nada normal. Um lema que já não satisfazia mais Catra.
Passaram-se 5 dias desde que tivera que voltar à rotina sem a presença de Adora. Ela continuava lá naquele quarto da ala abandonada de um hospital. Como dito naquele dia mesmo, o despertar era uma incógnita. Nunca se sabe quando alguém vai acordar de um coma. Podem ser dias, podem ser anos, pode ser nunca.
O que a jovem sabia era que não mais conseguia dormir sem antes reviver em sua cabeça os últimos 6 meses que passara desde a aparição da loira no banheiro. As frequentes sensações de nostalgia, as trocas de confidências, o amor que naturalmente aflorou.
Tão importante quanto o passado que tiveram, o presente também fez parte da história das duas. Foi nele que de fato definiram que o que sentiam ia além de uma amizade que atravessa obstáculos até mesmo sobrenaturais. O que tinham era quase tudo o que Catra precisava. Quase porque faltava a chance de viver ao lado de Adora sem limitações, sem essa de só encontrar em sonhos.
O pouco que podia usufruir de sua amada na vida real, agora, acontecia nas visitas diárias ao hospital. Todo dia antes do trabalho, passava lá para conversar, mesmo que em um monólogo. Acariciava o rosto pálido e sem expressão, beijava a testa gelada e corria os dedos nos fios do cabelo dourado não mais tão brilhantes quanto no espectro de fantasma.
E sua despedida antes de ter que voltar para a não mais satisfatória rotina era sempre a mesma:
– Não vejo a hora de você acordar, Adora. Falta só essa parte do plano para a gente ficar juntas. Mas não importa o tempo que levar, eu vou estar aqui te esperando, tá?
E um beijo estalado nos lábios da desacordada.
Era tudo igual, todos as vezes.
Foi assim nos primeiros 5 dias.
Foi assim nas primeiras 5 semanas.
E nos tantos meses que se passaram.
Mesmo sem nenhuma novidade no caso Adora, algumas coisas mudaram ao redor dela e Catra fez questão de participar de tudo.
Não puderam mantê-la no hospital por muito tempo, era óbvio que algumas pessoas começaram a desconfiar da movimentação do grupo envolvido. Foi quando a morena de olhos coloridos deu a ideia de tentarem levar os equipamentos para manter a acamada em casa. Decidiram, então, fazer o transporte de tudo em uma van alugada enquanto levavam Adora em um ambulância que só as Deusas sabem onde Bow conseguiu arrumar. A partir desse dia, Adora ficara assistida na antiga casa que morava com a irmã postiça, em seu próprio quarto.
E apesar da distância, Catra quase nunca saía de lá. Aprendeu a conferir alguns aparelhos com Bow e, assim, estava apta a avisar caso qualquer coisa oscilasse por ali.
Eram viagens longas na estrada de moto e, depois de uns 3 meses fazendo essa rota sem praticamente dormir mais de 4 horas por dia, Micah a chamou para conversar. A preocupação de seu pai era que sofresse algum acidente por não estar cuidando de suas próprias necessidades.
O homem precisou ir até a casa de Mara, onde Catra passava todos os dias de folga agora, para fazer a proposta que achava mais adequada à filha:
– Meu amor, você não pode ficar vindo para cá o tempo todo. Está negligenciando sua própria vida. Não dorme direito, não come, tem faltado a faculdade... Mara me disse que ontem você praticamente desmaiou aqui no sofá quando chegou e ficou mais de 10 horas dormindo. Você acha isso normal? Acha que Adora gostaria disso?
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Eu e o seu fantasma
FanfictionO passado de Catra não foi nada normal. Por isso, em sua vida adulta, orgulhava-se de andar nos eixos da rotina, por mais chata que fosse. Nada incomum dentro dos padrões do que julgava ser adequado, até o fantasma de uma mulher que nunca vira apare...