21. A consequência de um despacto

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Autora falando:

POV Catra desesperada durante o processo de trazer Adora de volta. É isso

Boa leitura <3


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Catra reabre os olhos em um solavanco. Não demora muito para perceber que estava de volta ao seu presente depois de reviver o passado, tanto na sua visão quanto na visão de Adora.

As duas pareciam ter compartilhado o que passaram, podendo assistir os dois lados de uma só vez. Foi além de apenas lembrar o que ocorreu, foi estar ciente de que Adora também tinha suas dificuldades, tinha suas aflições, e, na maioria das vezes, era porque não podia estar com ela.

Seu coração batia forte, mal conseguiu ouvir Glimmer perguntar se estava tudo bem. Tinha muita coisa para assimilar, muita raiva dos pais adotivos para suprimir, principalmente em relação ao acidente que dizimou a família de Adora e mudara sua vida por completo. Muita revelação para ter que superar em questões de segundos. Acima de tudo, tinha que lembrar que depois de adultas, ambas conseguiram seguir caminhos melhores. Catra agora tinha uma família incrível. O resgate à memória não foi para regredir à dor, foi, sim, para progredir no plano.

Só havia um objetivo importante naquele momento.

– Catra, Adora – Glimmer falou mais alto, mais firme. – Conseguiram recuperar toda a origem do pacto? O motivo pelo qual fizeram ele?

Agora que a morena de olhos heterocromáticos tinha percebido que a fantasma também estava acordada e atordoada. Depois de uma breve troca de olhar, balançaram a cabeça em afirmação para responder à feiticeira.

– Então já podemos desfazer tudo. Vou manter vocês aonde estão e só peço que fechem os olhos e voltem os pensamentos para o momento exato em que vocês tiveram a certeza de que queriam se unir uma com a outra de vez. Não tem problema se foi um momento diferente para cada ou se não foi no dia do pacto, só foquem no quando vocês sentiram de verdade essa necessidade. Deu para entender? Quer que eu explique de novo?

– Eu entendi. – Adora respondeu ainda absorta.

– Eu também.

– Então vamos começar.

Seguindo as instruções de Glimmer, o ritual foi iniciado.

Catra não sabia a respeito de Adora, mas, o momento em que tinha certeza que queria se unir à ela foi o último dia que pôde vê-la no parque fazendo-a fizera prometer que não seria esquecida. Foi naquele momento em que sentiu a dor da possibilidade de se afastar e não mais se ver, foi ali que a parte mais viva e vibrante do seu coração quase morreu.

A única coisa que o mantinha vivo era a esperança de que o que tiveram, mesmo que muito juvenil, nunca acabaria.

Concentrou-se nessa memória e, bem de longe, ouvira sua irmã postiça recitar algo em uma linguagem diferente. Aos poucos sentiu uma corrente de energia vindo dos pés à altura do peito ser puxada para fora do corpo. Parecia que estava tirando alguma coisa dela. Isso durou longos minutos, podia deduzir.

No final, a reação imediata foi enfraquecer. Sentiu as pálpebras extremamente pesadas e soltou todo seu peso de vez na maca.

Ela conseguia ouvir o ambiente. Não conseguia, contudo, se mexer ou reabrir os olhos.

– Mana, deu certo. – Era a voz calma de Glimmer perto de seu ouvido, junto com uma leve carícia no ombro. – Adora não está mais aqui. Provavelmente você está um pouco fraca, mas logo vai conseguir reagir. Agora vou avisar ao pai para seguir com o plano de lá. Descansa, tá?

Eu e o seu fantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora