16. O início de um sonho

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Autora falando:

E aí, pessoas? Tudo bem? Se cuidando?
Eis um POVzinho de Catra bem fofuxo hoje para alegrar o coração catradorer de vocês

Boa leitura <3


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Catra olhava assustada para os lados, abraçada às próprias perninhas de criança encolhidas num sofá. Parecia estar num porão escuro, sujo e frio. A única frecha de luz vinha de uma janela alta, com largura bem estreita. Talvez conseguisse passar por ali, talvez não. O medo a paralisava. Resolveu fechar os olhos apertados para não ter que ver mais esse cenário assustador. Estava tremendo sem parar por causa da temperatura, e na medida que tentava esfregar as mãos pequenas pelas extremidades dos braços, sentia seu corpo todo dolorido. A bochecha direita ardia com um corte profundo. O gosto salgado das lágrimas vinha misturado com o amargo do sangue. O que estava acontecendo?

Um barulho a atentou. Seus olhos azul e âmbar arregalaram e foram diretamente para o local do som. Na janela pequena, uma outra criança se esforçava para passar o corpo por ali e entrar. Depois de muito tentar, praticamente foi cuspida para dentro, caindo com os braços agilmente posicionados na frente do rosto. A presença fez seu coração pular. Dessa vez, enxergava a menina por completo. Cabelos loiros presos num rabo de cavalo um tanto quanto bagunçado, olhos azuis quase brilhantes naquela escuridão e um sorriso faltando o dente de cima.

Adora!

A menina estava aflita, correndo até sentar-se do seu lado. Foi quando viu que ela também chorava e tinha acabado de ralar um dos antebraços na queda. Não era esse o motivo do choro, porém. Tinha algo naqueles olhos de criança que iam além da dor física. Era quase como se ela sentisse o mesmo que Catra naquele momento. Um pesadelo sem fim.

Devagar, ela pôs a mãos na área do rosto que sangrava sem parar e sua fisionomia de tristeza aumentou ainda mais.

– O machucado tá feio dessa vez... – A voz doce e desafinada da Adora criança ecoou. – Eu trouxe um bandaid hoje.

Ela imediatamente mexeu no bolso de trás da calça e puxou o curativo.

– Mas tem que limpar primeiro e eu não sei fazer isso... – Dessa vez, a menina cochichou.

Catra estava muito assustada para sequer responder. Só conseguia olhar para ela e lutar para manter a respiração estável, porque a qualquer momento sentia que podia desmaiar.

Mas estava ficando tão difícil essa tarefa, ou até mesmo manter os olhos abertos...

A visão foi ficando embaçada e a voz da outra menina gritando seu nome repetidas vezes de longe e de longe. Apesar de todo o peso das pálpebras, não foi bem um desmaio, já que sua audição foi voltando aos poucos enquanto os olhos ficavam impossibilitados de abrir.

Sentia os toques cuidadosos da outra menina também, sentia como se o tato estivesse duas vezes mais aguçado. Ela estava explicando algo sobre como iriam fugir dali em breve, em como contaria tudo para que seus pais ajudassem também. Esse momento foi meio confuso.

Tudo ficou mais nítido, por fim, quando reabriu os olhos.

Adora a tinha nos braços, envolvendo-a num abraço apertado. O quentinho do corpo dela ajudava muito a passar o frio e a tremedeira do seu próprio. Era bom tê-la ali.

– Adora... – Foi tudo o que conseguiu balbuciar em meio ao medo e à fraqueza.

O que queria dizer era simples. Iria apenas pedir para que ficasse.

Eu e o seu fantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora