PRÓLOGO - A vida normal de alguém nada normal

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Autora falando:

Primeiramente, feliz ano novo e que 2021 seja menos caótico, amém

Segundo, sei que estão pensando 'ih alá, já vem a doida das Catradora escrever de novo', e eu digo: pois é, gente, é isso mesmo, sorry not sorry.

Acho que teremos mais uma comédia romântica com toques de drama/angst, porém, com um adendo de SOBRENATURAL. Sem NSFW/hot dessa vez. 

É, bebês, já aceitem que Adora morreu e é um fantasma. MAS, confiem em mim que tudo isso vai fazer sentido no final, e vem ver uma protagonista gay viva se apaixonar (lentamente pq slow burn) pela coprotagonista gay fantasma.

O prólogo é só para vermos em que terra estamos pisando com nossa querida Catra. O capítulo 1 sai quarta, se a Deusa quiser.

Boa leitura <3


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Um dia normal em uma vida normal de alguém nada normal.

É como se pode descrever a rotina de Catra desde a pré-adolescência. Não sabia datas em exato, o passado era meio confuso em sua mente. Para sua total felicidade. Não gostava de lembrar dele mesmo.

Mas, não era esse o seu foco. Não era só pelo limbo instalado na memória que se sentia agradecida. Estava no auge dos seus 21 anos agora, fazendo faculdade e trabalhando meio turno para sustentar alguns de seus poucos e simples mimos com o próprio dinheiro. Já era sortuda por não necessariamente ajudar com dívidas essenciais dentro de casa. O máximo que fazia era intercalar a conta da internet com Glimmer, sua irmã postiça 1 ano mais nova. A escassa parte que sobrava ia para uma poupança que sustentaria sua primeira moradia sozinha assim que possível.

Trabalhava de noite, começava 20h e saía 1h. Sim, uma hora da manhã. Era numa loja de conveniência de um posto no meio do caminho entre a faculdade e sua casa. Ainda assim, Catra era sortuda, lembre-se, e valorizava sua vida normal de pessoa nada normal. Dormia de madrugada, acordava para a faculdade no turno da tarde, partia para o trabalho de noite. Era sempre assim, de segunda à sábado. Exceto em época de prova, que não dormia mesmo, só para usar a madrugada como tempo de estudo.

Em algumas ocasiões, a vida era até boa demais para ser verdade, como na vez em que seu pai adotivo, Micah, precisou viajar a trabalho por uma semana ano passado. Ele é um ilusionista bem prestigiado entre a alta sociedade, vivia de fazer shows de mágica impecáveis à la 'Mister M' para ricos e bilionários. Mal sabiam que de ilusão nada tinha, era tudo mágica de verdade.

Nesse período da viagem, ela e sua irmã ficaram responsáveis pela casa. Claro, responsável não é uma palavra muito frequente no vocabulário prático de nenhuma das duas. Provavelmente fizeram mais festas em 7 dias do que seu pai permitia dentro da casa durante um ano inteiro. Até quebraram um maldito de um artefato que passou de geração para geração pela família e Glimmer deu um jeito de consertar com magia.

Óbvio que Micah descobriu, e aí está a desvantagem de ter um parente com poderes místicos. Ele sempre vai descobrir as merdas que você faz.

Sabe o ditado "O que o olho não vê, o coração não sente"? É uma farsa naquela casa. O coração, o corpo, as vozes da sua cabeça, o Pazuzu, todos os ancestrais poderosos de bem e do mal... A porra toda. Tudo sente e ainda faz fofoca. Micah e Glimmer faziam isso o tempo todo.

Menos Catra, ela não era mágica.

Aliás, lidar com seres mágicos era a parte normal nada normal mais frequente da história da jovem. A princípio, tinha tudo para ser uma criança humana de futuro apático e cético, nada de coisas como magia, poderes, nenhuma baboseira dessas. O máximo de subjetividade que a influenciaria provavelmente seria a mão invisível do capitalismo. Ah... E alguns traumas de abandono por ter vivido desde sempre em um abrigo, sem uma figura parental que não fossem freiras e voluntários missionários. E tudo bem, vida que segue. Quantas pessoas passam por isso a cada milésimo de segundo no mundo, certo?

Eu e o seu fantasmaOnde histórias criam vida. Descubra agora