Cygnus - A

SUBCONCINTE

— ei, volta aqui seu pirralho desgraçado! — gritou Seth enquanto o perseguia.
— pra que isso tudo Seth? Ele já devolveu a carteira, deixa ele ir. — disse Freya.
— eu já disse que esse pirralho tá impregnado com cheiro de Prime, de jeito nenhum eu deixo ele fugir. — disse Seth

O garoto assustado corria em meio a multidão, passando por cima das caixas de mercadoria e entre as pernas dos que ali passavam. Seth corria um pouco atrás esbarrando em todos em seu caminho. Ele poderia facilmente alcançar a criança com suas habilidades mas o local apertado o impedia de se mover da maneira que gostaria, o uso das mesmas poderia resultar em um pedestre ferido. Feridos trariam a atenção da polícia, sem documentação seria difícil lidar com eles e causaria problemas para Lucca. Mesmo assim apertou o passo e começou a correr mais rápido, a comoção não o incomodava pois várias pessoas possuíam alterações mecânicas em seu corpo então não era tão estranho alguém se mover tão rápido. Ao passar por uma barraca de frutas Seth jogou algumas moedas no feirante e pegou algumas maçãs na banca. O garoto se segurou em uma carroça e saiu da área comercial então pulou dela e correu para a rodovia com carros em alta velocidade passando a todo momento. Seth chegou logo após entrando na rua de uma vez sem olhar para os lados, uma moto veio em sua direção e desviou no último segundo, assim perdendo o controle e derrubando o motociclista. Seth seguiu seu caminho como se nada tivesse acontecido enquanto o motociclista o xingava do chão.
O garoto continuava correndo com todas as forças e já havia atravessado para o outro lado da rodovia onde os carros vinham do lado oposto. Seth começou a pular no teto dos carros em movimento para se aproximar mais rápido, o garoto ao ver aquilo se surpreendeu e tirou sua atenção da rodovia. Freya gritou mandando o garoto olhar para a rua, neste instante ele percebeu que um ônibus vinha em sua direção. O menino se jogou ao chão e o ônibus passou por cima dele sem feri-lo, assim que pôde o garoto se levantou e correu novamente, Freya correu atrás dele pisando nos carros e passou de seth. Chegando a barreira da rodovia o menino saltou, Freya tentou agarra-lo mas ele escapou de suas mãos. O menino caiu de uma altura de quatro metros em cima de sacolas de lixo e seguiu pelo beco em sua frente, Seth saltou por cima de Freya mas dessa vez usando sua verdadeira força, o que o lançou rapidamente para frente.

— agora você não tem onde se esconder! — gritou Seth lançando uma maçã em direção ao garoto.

A maçã foi arremessada com tamanha força que ao contato com vento pôde se ouvir um assobio. Ao acertar a cabeça do menino a maçã se despedaçou totalmente e o garoto começou a capotar várias vezes, ao parar ficou de barriga para baixo soltando gemidos de dor bem baixos.

— isso é por me fazer correr feito um idiota. — disse Seth irritado.

Freya chegou logo em seguida e viu Seth levantar a criança pela camisa novamente. Estava um pouco arranhado e com um pouco de sangue escorrendo de sua cabeça.

— não acha que isso foi demais não? É só uma criança de rua. —disse Freya preocupada.
— ele não vai morrer, fica tranquila. Não sei por que toda essa preocupação... Deixa isso pra lá, agora olha isso aqui — disse Seth passando o dedo no sangue do garoto e apontando para Freya.

Ela se aproximou, cheirou o dedo de Seth e se surpreendeu.

— é mesmo sangue Prime. Como essa criança tem isso? — perguntou Freya.
— tá perguntando pra pessoa errada. Mas o que mais me incomoda é que eu não reconheço de quem é esse cheiro. Aqueles desgraçados criaram mais da gente? —
— não duvido. A gente passou muito tempo trancado então eles com certeza iam colocar alguém no nosso lugar. — disse Freya.
— até que essa tua cabeça não é tão oca quanto parece. — disse Seth com ironia.
—hm... — resmungou Freya.
— agora vamos pra o que interessa. Para de fingir que desmaiou e desenbucha moleque. — disse Seth dando um peteleco na testa da criança.
— me perdoa moço, eu não vou mais roubar eu juro. — disse o garoto desesperado.
— eu não quero saber disso. Quem te mandou? Onde eles tão? Qual é o teu número? — perguntou Seth.
— eu não sei o que o senhor tá falando moço. Quem mandou eu roubar o senhor foi o homem que me da os remédios. — disse o menino.
— que história é essa de remédios? Quem é esse cara? — perguntou Seth em um tom mais alto.
— eu não sei quem é ele moço, ele tá sempre com uma máscara que cobre a cabeça e um casaco grandão. Ele me dá um monte de remédio pra eu tomar todo dia e depois de mexer na cabeça dos homens que ele trás. — contou o garoto.
— peraí, como você mexe na cabeça das pessoas? Me explica essa história direito. — exigiu Seth.
— eu coloco os dedos no ouvido dos homens que ele trás aí eu vejo dentro da cabeça dela. O homen me pede pra encontrar números, senhas e essas coisas na cabeça das pessoas, as vezes ele pede pra fazer a pessoa esquecer ou acreditar numa coisa que ele diz. Mas eu não gosto porque doi. — explicou o menino.