VISITA

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Emilly iluminou o caminho com seus olhos naquele corredor escuro em direção a seu quarto. Yeol estava em seus ombros.

— eu posso andar sozinho. — disse Yeol.
— tem certeza? Você está muito ferido. Eu posso te levar sem problemas. — disse Emilly preocupada com o estado de ele.
— tenho certeza. Não precisa se preocupar comigo. — disse Yeol se soltando de Emilly.

Os ferimentos em duas costelas foram graves porém seu orgulho o impedia de ser carregado. Ele andava com dificuldade, sua respiração estava ofegante. Havia sangue em seus pulmões. Em péssimo estado Yeol continou caminhando.
A energia permanecia instável, às luzes piscavam. De longe uma silhueta pode ser vista. Yeol pensou que era apenas uma alucinação como as que já tivera devido aos ferimentos. Mas a silhueta começou a se aproximar e trouxe consigo as criaturas. Emilly as detectou mas não percebeu o homem nas sombras. Ao passar por uma lâmpada piscando seu cabelo verde se destacou em meio a escuridão. Ela se preparou para atirar mas Yeol a impediu. Ele estava curioso para descobrir quem era aquele homem.
Ao se aproximar o suficiente a lanterna de Emilly o iluminou, ele caminhava lentamente com suas mãos nos bolsos, olhos fechados e um sorriso em seu rosto.

— não achei que você sobreviveria tanto tempo nessa forma patética. Meus parabéns Seth. — disse o estranho batendo palmas.

Yeol estava confuso. O nome que o homem falou não lhe era estranho.

— gostou dos presentes que eu fiz pra você? Espero que sim porque eu passei muito tempo preparando eles. — disse ele alisando uma das criaturas.
— não tô entendendo nada. Quem é você e o que você quer? — perguntou Yeol.
— pare de fingir que não me conhece Seth! — gritou ele irritado.
— eu não sei do que você tá falando. seu maluco. — disse Yeol.
— então você realmente não lembra de mim?... Eu fico triste em te ver assim. Você mudou... e por que? Por uma mulher humana. Patético! E pensar que você mudaria até sua aparência... você me da nojo Seth. — disse o estranho cuspindo no chão.
— esse não é meu nome! — disse Yeol.
— argh... Isso já perdeu a graça. Bateram muito na tua cabeça ou você apagou a propria memória pra não ter que conviver com a culpa? —

Yeol permaneceu em silêncio.

— esse seu silêncio me irrita. Mas você negar seu nome, sua origem, quem você realmente é. Me irrita muito mais. O chefe mandou não falar com você e te matar o mais rápido possível, mas que se dane. Você não foi o único desertor, mas é o que eu mais odeio. Nos conquistamos nossos próprios nomes durante o treinamento. E você mereceu o seu Seth. É um belo nome não é? Seth o Deus do caos e da destruição. É a descrição perfeita. Por que você é uma máquina de matar! —
— você está mentindo! — gritou Emilly.
— quem é essa aí? Seu novo brinquedinho? — disse ele com desprezo.
— não fale assim com ela! — disse Yeol irritado.
— olha ele ficou bravinho. Ha ha ha. Vai fazer o que? Sangrar em mim? Você não se aguenta em pé Seth. Eu não sei o que aconteceu com você. Você era um dos mais fortes entre nós. Todos tinham medo de você. Seth a fera era como te chamavam, desde quando você começou a ter empatia com um pedaço de metal? —

Emilly apontou sua arma para aquele homem.

— eu não faria isso se fosse você. — disse ele.
— e por que eu não deveria estourar sua cabeça agora? — perguntou Emilly com raiva.
— se você atirar eu não vou continuar segurando meus cachorrinhos. —

As criaturas os haviam cercado antes que Emilly pudesse perceber. Elas latiam e rosnavam com ferocidade.

— calminha minhas crianças. — disse ele acalmando as criaturas.
— o que você quer comigo? — perguntou Yeol.
— você é surdo por acaso? Eu já disse que minha missão é te matar. Mas eu não gosto de chutar cachorro morto. Não seria divertido acabar com você assim, mesmo que isso vá contra as ordens do chefe. Já sei! Por que não te dar uma mãozinha na sua  recuperação? —

O homem de cabelo verde se moveu em uma velocidade absurda. Agarrou Yeol pelo pescoço e o levantou com uma mão. Emilly tentou ajudá-lo, porém o homem a lançou para longe com apenas um tapa. Yeol se debatia tentando se soltar. Um sorriso doentio se estendeu de orelha a orelha no rosto do estrangulador. Ele apertou o pescoço de Yeol com mais força e com o outro braço atravessou seu peito. Yeol ficou mole. Seus olhos perderam a cor e ele lentamente os fechou.
As veias do braço que o atravessava se expandiram. Parecia que estavam passando algo para ele. Yeol abriu os olhos. novamente ficou rodeado de eletricidade, mas dessa vez estava muito mais forte. Seus cabelos ficaram em pé. Eles cresceram e ficaram completamente brancos. Seus olhos se tornaram amarelos e suas mãos foram tingidas de vermelho até a altura de seu pulso. Com a forte corrente elétrica suas roupas foram queimadas, assim como o braço agressor.

— prontinho de volta ao normal. — disse o homem de cabelo verde colocando Yeol no chão e retirando o braço de seu peito, que curou instantaneamente.

— Loki!! — gritou Yeol com raiva.
— bingo bingo. Acertou! Eu mesmo em carne e osso. Como é estar de volta? Gostou dos bichinhos que eu fiz  pra você? — disse Loki com um sorriso em seu rosto.
— seu miserável! —
— ei, pra que isso Seth? Eu preparei tudo com tanto carinho pra você. Até te ajudei a voltar ao normal. — disse Loki com ironia.
— eu vou te matar! — gritou Yeol tentando ataca-lo. Porém sua forças se foram.
— vai me matar nesse estado? Ha ha ha ha! Eu nunca ri tanto na minha vida. Eu já vou indo, volto pra terminar o serviço quando você estiver forte o suficiente. Espero que goste das surpresas que eu organizei pra você. Elas já devem ter se espalhado nesse momento. Ah, eu já ia esquecendo. Freya está presa nas câmaras de contenção. Você pode ir atrás dela e facilitar meu trabalho em matar vocês dois de uma só vez. Tchau, tchau. Divirta-se! — disse Loki sumindo nas sombras.

Yeol tentou ir atrás dele mas não lhe restava forças. Emilly se aproximou dele e ofereceu seu ombro para apoia-lo.

— dessa vez você é obrigado a aceitar minha ajuda. — disse Emilly.
— ok. — respondeu Yeol.
— vamos voltar para o meu quarto e fazer algumas roupas pra você. — disse Emilly.
— é uma boa ideia. —
— quem era aquele cara? — perguntou Emilly.
— prefiro não falar sobre isso. — respondeu Yeol incomodado.

O silêncio tomou conta do corredor.
Yeol estava com dificuldade em manter seus olhos abertos. As alucinações tomaram sua cabeça. As vozes gritavam em seus ouvidos. Em meio a todo aquele barulho uma voz suave o chamou pelo nome. Ele se soltou de Emilly e seguiu a voz naquele corredor escuro. Pouco a pouco a voz ficou mais próxima. De repente tudo ficou claro. A luz irradiante feria seus olhos. Quando seus olhos se adaptaram a claridade pode ver a mulher de cabelos vermelhos estendendo a mão para ele.

— Laura? — perguntou ele com seus olhos cheios de lágrimas.

Ele a puxou e a abraçou em prantos.

— senti sua falta. — disse ela.
— me perdoe meu amor. Eu não vou te abandonar de novo. —
— você deveria ter me protegido! Você disse que me amava. Por que você fez isso comigo? — gritou ela.

Yeol foi tomado pelo pavor ao ver o rosto de sua amada. Seus olhos haviam sumido, seus dentes estavam podres e destruídos. Seu corpo estava coberto de sangue. Ele a empurrou assustado. Ela continuava perguntando porque ele a deixara daquela forma. Sua voz foi ficando cada vez mais grave.

— não! Não! Não! — gritava ele em desespero.

Ao tentar fugir ela o agarrou pelo tornozelo. Outros corpos surgiram do chão e o agarraram. Yeol gritava e se debatia em desespero. Emilly tentou ajudá-lo mas ele não a reconheceu e a atacou arrancando um de seus braços. Yeol estava sem controle destruindo as paredes do corredor como um verdadeiro animal. Emilly precisava deter aquela besta. Ele o atingiu com uma descarga elétrica mas não foi efetivo. Apenas o deixou mais irritado. Yeol correu ferozmente em direção a Emilly. Ela desviou de seu ataque mas ainda foi ferida. Não lhe restava escolha. Emilly usou seu canhão. Ao atirar atingiu a cabeça de Yeol a fazendo explodir, mas não fez diferença. Mesmo sem cabeça ele a perseguia. Emilly usou os propulsores em seus pés para se mover mais rápido e correu para o quarto. Yeol a continou perseguindo. Ao entrar no quarto ele foi preso pelas garras e Emilly injetou um sonifero em seu pescoço. Ele se debateu por alguns minutos antes que o medicamento fizesse efeito.

— o que foi isso? — Emilly se perguntou.

Ela podia ser uma máquina mas sua consciência era equivalente a de um humano. Sentia medo, alegria e tristeza da mesma forma. Em quanto isso Yeol se debatia na mesa devido a seus pesadelos.
Emilly reparava seu braço enquanto pensava em uma forma de fazê-lo recobrar a consciência.

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