DESCIDA

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O elevador se movia lentamente, dando sensação de que nunca chegaria ao final.

— essa jossa não vai mais rápido não? Tá demorando uma eternidade. — disse Yeol impaciente.
— calma, nos já vamos chegar. Qual o problema? Por que você está agindo assim? — perguntou Emilly preocupada.
— desculpa tá. Desde que eu acordei só tive cada vez mais dúvidas... e essa merda de elevador já tá me dando nos nervos! — gritou Yeol chutando a parede do elevador.
— não faça isso! — gritou Emilly irritada.
Yeol fez uma expressão de raiva se preparando para chutar a parede novamente.
— elevador miserável! — gritou com raiva chutando novamente, porém parou seu pé antes de atingir a parede.

O silêncio prevaleceu por alguns instantes mas a impaciência e resmungos de Yeol acabaram com a paz rápidamente.

— agora me diz, o que aconteceu naquele corredor? — perguntou Yeol demonstrando impaciência.
Bem... por onde eu começo?... - disse Emilly um pouco confusa.
— do começo é claro. — respondeu Yeol.
— está bem, calma. Eu vou contar tudo. —
— ok, pode começar. —
— está manhã fui designada a guiar um grupo de soldados pela instalação. O objetivo era levá-los ao laboratório para a reativação de um espécime. Éramos dez ao todo. Oito soldados, o espécime e eu...

Oito? Eu contei sete corpos de
soldados naquele corredor. Yeol estava confuso pois suas contas não batiam

... tudo estava bem. Os acompanhei desde a entrada. O espécime estava inconsciente, com uma máscara em seu rosto e acorrentado a um carrinho de transporte de carga. Ao sairmos do elevador um dos soldados começou a se contorcer, então simplesmente explodiu. Do seu cadáver uma criatura quadrúpede semelhante a um cão surgiu. A criatura tinha aproximadamente um metro e quarenta em pé em suas quatro patas. Seis olhos e algo similar a patas de aranha saindo de suas costas...

Yeol fez uma cara de nojo ao ouvir a descrição.

... a criatura pulou em um soldado e o partiu com facilidade. Os outros soldados abriram fogo, então corri pois meu corpo não foi projetado para combate. Porém a criatura foi mais rápida e me atacou. Dessa forma destruindo meu corpo. — explicou Emilly abatida.
— essa história toda só me deu mais dor de cabeça. Quem planejou o ataque? Tem mais pessoas pela instalação carregando esses monstros dentro de si? O quão importante era esse experimento para tentarem impedir a inicialização dele? — se perguntou Yeol com as mãos em sua cabeça andando de um lado para o outro.
— infelizmente não posso responder nenhuma das questões. Não recebi essas informações. Meu trabalho era apenas levá-los ao laboratório. — disse Emilly.

Yeol apenas respirou fundo apoiando suas costas na parede do elevador.

— chegamos. — disse Emilly.
— até que enfim. Essa merda demorou uma eternidade. — resmungou Yeol.

Ao abrir as portas do elevador emperarram deixando Yeol ainda mais irritado.

— não brinca! — gritou Yeol indo em direção as portas.

Ele as forçou a abrirem porém estavam muito duras e o deixaram ofegante.
Ao chegar ao arsenal Yeol se dirigiu diretamente a sala de armas mas Emilly o impediu dizendo:

— calma. Por que você não toma um banho pra esfriar a cabeça primeiro? Vai ser melhor assim. —

Yeol não pareceu muito feliz com a ideia mas aceitou. Não estava com paciência para discutir.

Ele estava extremamente irritado, mas quem não estaria? Acordar sem memórias, não ter suas dúvidas respondidas e um perigo iminente a espreita não são coisas fáceis de se lidar.

Yeol entrou no vestiário e foi ao chuveiro. Girou lentamente a torneira e a água bateu em sua cabeça porém Yeol não expressou reação mesmo a água estando muito gelada.
Estava perdido em seus pensamentos. As dúvidas o assolavam.
De repente uma terrível dor tomou sua cabeça o fazendo cair de joelhos. Enquanto gritava de dor teve uma visão de suas lembranças. Viu uma moça de cabelos vermelhos mas seu rosto estava embaçado então não a reconheceu.
O esforço foi demais para o seu corpo já cansado, o fazendo desmaiar. Ficou desacordado por alguns minutos, ao acordar estava cheio de dúvidas novamente. Yeol perguntava para si mesmo: aquilo foi real? Vai acontecer de novo?
Yeol se levantou e desligou o chuveiro. No caminho para a saída passou por um espelho que o fez voltar. Ele não sabia como era a própria aparência.
Yeol se aproximou do espelho e começou a analisar a si mesmo.
Sua pele era clara, quase pálida. Seus cabelos eram compridos na altura dos lábios, ele os penteou para trás com suas mãos para que não atrapalhassem sua visão. Seus olhos eram castanho escuros, assim como o cabelo, mas uma das mechas era branca. Havia uma cicatriz vertical próxima ao fim da sombrancelha direita.
Ele passou algum tempo olhando para o espelho, passando a mão em seu rosto reparando nos mínimos detalhes. Após passar tanto tempo prestando atenção em seu rosto começou a analisar seu corpo.
Seu corpo era forte, o porte físico digno de um verdadeiro guerreiro. Percebeu que era alto, sua cintura passava da pia. Sua altura era de aproximadamente um metro e oitenta e quatro. Porém não havia percebido nada disso antes pois estava mais focado em suas dúvidas.
Ao tentar olhar para suas costas algo chamou sua atenção. Uma cicatriz de garras.

Que tipo de coisa pode ter feito isso?
pra fazer uma cicatriz desse
tamanho seria necessário ter o
tamanho de um urso.

A cada resposta que encontrava mais questões surgiam. Semelhante a uma hidra, para cada cabeça cortada duas nasciam no lugar.
Yeol saiu do vestiário e foi em direção a Emilly.

— como foi o banho? Esfriou a cabeça? — Perguntou Emilly demonstrando preocupação.
— acho que sim... onde estão as roupas? — retrucou rapidamente evitando conversa.

Ele não estava zangado porém não estava se sentindo tão bem.

— então na sala a esquerda. — respondeu Emilly cabisbaixa pela forma que Yeol estava agindo.

Todos os preparativos estavam completos. Yeol estava equipado com colete a prova de balas, granadas, uma mp5 e uma escopeta calibre 12.

— tudo certo,vamos subir. — disse Yeol pondo uma pistola na cintura.
— você sabe usar essas armas. — perguntou Emilly.
— sei, mas não me pergunte como... Agora me explica o plano novamente por favor. — pediu Yeol enquanto se dirigiam ao elevador.
— nos vamos até o segundo andar da ala superior, então vou te guiar até meu quarto. Chegando lá eu tomo conta do resto. — explicou Emilly enquanto entravam no elevador.

O elevador começou a subir lentamente. Ao chegar no sétimo andar da ala superior teve uma parada abrupta. A energia tinha sido cortada.

— você tem um plano B? — disse Yeol em um tom irônico.
— vamos ter que usar as escadas. — respondeu Emilly.

Yeol subiu pelo alçapão no teto do elevador e avistou as escadas. No seu primeiro passo o elevador balançou de forma anormal o deixando desequilibrado. O elevador balançou novamente e desta vez se ouviu o som do cabo ronpendo. O elevador começou a despencar e Yeol se preparou para pular para as escadas mas avistou uma porta que dava acesso ao corredor. Yeol pulou o mais rápido possível, ao pousar rolou para diminuir o impacto e se virou para a porta sacando sua pistola. Ao longe se ouviu o som do elevador se chocando no chão.

— o que está acontecendo? — perguntou Emilly assustada.
— silêncio! — disse Yeol.

Da parte superior da porta para o poço do elevador surgiram patas de aranha gigantescas. Lentamente entraram no corredor trazendo consigo a criatura.

Cygnus - AOnde histórias criam vida. Descubra agora