Cap. 6 - Não Jogo Limpo

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Após terminarmos de almoçar, Lauren tirou seu celular do carregador e então pegou o meu.

— Posso olhar suas fotos?

— Minhas fotos do celular? Por quê?

— A melhor forma de conhecer alguém é olhar suas fotos do celular quando eles menos esperam.

— Nem sei o que tenho aí.

— Essa é a ideia. Se tiver chance de limpar suas fotos, não vou ver quem você é de verdade. Vou ver o que você quer que eu veja.

Tentei me lembrar se havia alguma coisa vergonhosa ou incriminadora no celular quando Lauren o deslizou de perto de mim, para ela sobre a mesa, com um sorrisinho no rosto. No último segundo, cobri sua mão com a minha, fazendo-a parar.

— Espere. Quero olhar as suas, se vai olhar as minhas. E é melhor ter alguma coisa vergonhosa, porque tenho certeza de que eu tenho.

— É todo seu. Não me envergonho com facilidade. — Lauren deslizou o celular
dela pela mesa de dobrar.

Observei quando ela digitou a senha e começou a passar minhas fotos. Depois de um instante, ela pausou e ergueu as sobrancelhas.

— Essa me diz muito sobre você.

Peguei o celular, mas ela tirou de mim muito rápido.

— O quê? Qual foto?

Lauren virou o celular para que a tela ficasse virada para mim. Ah, Deus! Que vergonha!

Era uma foto minha de perto, da semana anterior enquanto estava trabalhando. Tivera um dia cheio de sessões de terapia por telefone, e meu viva-voz tinha resolvido parar de funcionar bem cedo naquela segunda de manhã.

Não tinha tempo de sair e comprar um novo telefone para o escritório, e, no início da tarde, estava frustrada por não conseguir ser multitarefas porque tinha que segurar o telefone na orelha com uma mão. Então fui criativa. Peguei duas faixas grandes alaranjadas de borracha e as coloquei em volta do telefone e da minha cabeça, amarrando com eficácia o telefone no lugar para que não
precisasse mais segurá-lo. Uma das faixas de borracha ficou trespassada na minha testa, levemente acima das sobrancelhas, e empurrou tudo para baixo, me
deixando com uma expressão esquisita e franzida. A outra faixa de borracha envolvia meu queixo, fazendo a pele enrugar em um queixo bem torto e com covinha que eu normalmente não tinha.

— Meu viva-voz parou de funcionar e eu tinha um monte de ligações naquele dia. Precisava conseguir usar as mãos.

Ela deu risada.

— Criativa. Não há uma boa atualização de iPhone desde que Steve Jobs morreu. Pode ser que queira vender para eles sua nova tecnologia.

Amassei meu guardanapo e joguei na cara dela.

— Cale a boca.

Ela deslizou o dedo mais algumas vezes, depois parou. Dessa vez, não consegui decifrar no que ela estava pensando.

— O quê? Em que foto você parou?

Ela encarou a foto por um bom tempo e engoliu em seco antes de virar o celular para mim. Era uma foto de corpo inteiro tirada na noite em que fui a um casamento com Shawn. Era, sem dúvida, a melhor foto que eu já tinha tirado.
Havia feito meu cabelo e minha maquiagem no salão e o vestido que usava caía como uma luva. Era simples ― preto e sem manga com um decote ousado em V que mostrava meu peito e as curvas. O vestido era mais provocante do que eu normalmente usaria e tinha me sentido confiante e bonita. Embora tivesse durado apenas quinze minutos depois que Shawn tirou a foto, até a hora em que atendi à porta do seu apartamento e percebi que ele iria levar uma pessoa para o casamento para o qual nós dois havíamos sido convidados. E essa pessoa não era eu.

CAMREN: Capitã Prolactinadora (G!P) Onde histórias criam vida. Descubra agora