Oi você, que se importou em ler esse livro, espero que tenha uma vida muito boa e não passe a mesma coisa que eu, a menos que deseje, lógico. Meu nome é Matthew Screddal, sou um garoto que mal sabe pronunciar o próprio sobrenome, e essa é a melhor aventura que vivi. Acabou parecendo aquelas histórias fictícias que se vê em filmes, porém é bem real, sei disso. Primeira pergunta do livro: POR QUE DIABOS EU ACABEI VIAJANDO METADE DO MUNDO? Bom, também não sei.
Se me perguntassem como era minha vida dois anos atrás, certamente a resposta seria que levava um ritmo normal: um carinha de nove anos que vai à escola todos os dias, faz sua lição de casa e senta na frente da sala. Bom, por uma parte é verdade, até Johnny Beckerdeck (vai saber quem diabos colocou esse nome) entrar na escola, que infelizmente (virei um vagabundo) e felizmente (deixei de ser trouxa) me fascinou com o papo de videogames, HQ's e a parte "divertida" da mídia. Eu não era nenhum gênio para determinar o que acabaria com minha vida social e possivelmente profissional, acabei me envolvendo com essa criatura cabeça-oca. Minha mãe não aprovou muito, ela mal deixava eu ver tevê porque diziam que vicia e deixava você lerdo, quase desmaiou ao saber dos jogos, mas no fim ela superou, ou pelo menos é o que acho. Hoje, quase quatro anos depois, tenho uma coleção com mais jogos do que o número de amigos. "Ah, o videogame acabou com uma parte da vida dele", não, não acabou, na verdade a sensação é mais para alívio do que arrependimento, você que está lendo isso é o que chamam de CDF, não quero te influenciar em nada, cada um segue o caminho que quer, eu escolhi o meu. Desde que o laço entre eu e Johnny aumentou, nos acostumamos a comprar jogos e jogarmos até zerar, então isso significa que somos devoradores de jogos. Johnny tem uns sessenta e quatro jogos em sua casa, alguns são só de coleção, que eram de seu pai, sem contar com os de Nitendo que ele não joga mais, é claro. Bem, à essa altura meus pais e meus tios já estão comprando coisas para o meu aniversário de treze anos amanhã, pela minha intuição, não vai ter nada demais, provavelmente apenas uma comemoração em minha casa, que no caso vamos comer e depois vou sair para passear um pouco com Johnny. A coisa que acho mais legal: não sou obrigado a ir à escola, o que é ótimo porque não vou ter que aturar o professor de filosofia, também tem o de álgebra, a de francês, química... hoje em dia eu definitivamente não curto a escola, não entenda que é só por causa do videogame, eu só deixei de ser um aluno focado e vi o lado chato da escola. "É para garantir seu futuro", "ajuda em suas relações interpessoais", cara, eu só preciso de dinheiro o suficiente para comprar uma casa, pagar minhas contas, inclusive a da Netflix, com isso, minhas relações interpessoais já se acabam, com filmes e uma comida de qualidade, ninguém mais me veria na rua. Seguinte, meu pai desapareceu no meu aniversário de dez anos, por isso eu tenho um trauma curto, todos os anos, pode ser besteira, mas minha mente não aceita, sempre acordo nesses dias e confiro se não perdi mais alguém importante na minha vida. Acho que Johnny seria pior nessa de vida adulta, certamente perderia peso comprando mais videogame do que comida, ou moraria com os pais para sempre. Minha família vivia em Chicago há tres gerações, contando comigo, meus avós se mudaram para Nova Iorque quando meu pai ainda era bebê, ficaram em Manhattan por vinte e sete anos, o que deu tempo de papai e mamãe se conheceram e finalmente casar, fazendo surgir a coisa mais linda que já existiu na face da terra: eu. Depois meus avós voltaram para Chicago e meu pais conseguiram uma casa no Brooklyn, onde atualmente moramos. Meu pai, Carl, me contou que quando se separou do vovô ele disse uma coisa que ele nunca esqueceu, "Seja forte", vovô provavelmente se referia aos problemas e dificuldades que meu pai iria passar em sua vida extremamente própria que estaria começando. No meu aniversário, quando ele desapareceu, deixou um bilhetinho na maçaneta do meu quarto, quando peguei, estava escrito "Seja forte", era como ele soubesse o que aconteceria comigo, se bem que ele definitivamente não tinha ideia. Eu não entendi naquela época, mas algum tempo depois passei a procurar explicações para o sumiço de Carl Screddal, perguntava à minha mãe e ela sempre dava alguma desculpa, logo ouvia alguns soluços vindo do quarto e quando abria a porta de leve eu a via chorando, observando uma foto com nós três. Decidi acabar com as perguntas para não deixar mamãe naquele estado, fingi não me importar mais aparentar ser um menino feliz. Bom, o máximo que eu posso fazer agora é esperar por amanhã, onde tudo começa, acompanhe-me para o outro capítulo, ó caro leitor.
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O VideoGame
AdventureQue bom que alguém veio ler a sinopse mesmo com um título tão idiota, acho que gostei de você. Bom, não sei o que o autor tinha em mente quando criou um livro com um título que não combina com a história e muito menos com essa descrição maravilhosa...