Acordei meia hora antes de chegarmos, fui despertado por algo vindo de cima e acertado minha cabeça com força, então caiu em minhas pernas, era um pequeno livro, com capa branca e sem título, ele tinha apenas uma árvore seca e negra cobrindo a lateral da capa, o livro era um pouco menor que minha mão. Admito que era bem estranho, não parecia um livro normal, estava meio sujo e foi escrito à mão, mas era sem graça demais para ser um diário, comecei a ler o que estava escrito...
"Se você está lendo isso, provavelmente é porque está na mesma situação em que eu estava, ou simplesmente este livro foi jogado e você achou, não sei. Mas aqui conto o que passei dentro de um avião de carga e sendo tratado como escravo...", senti o avião abaixando lentamente, até que houve um tremor e pousamos.
Vou pular a parte em que tentamos sair discretamente, e saímos de um aeroporto clandestino, mas agora estava até difícil descobrir onde estávamos, era um ambiente tão desgraçado que chegava a ser deprimente, o lugar era bem nublado, cinzento, mal conseguíamos enxergar direito. Estávamos parados na calçada e ouvi um barulho de motor, é irônico já que tinham vários carros passando na rua, mas é diferente, vinha de trás da gente e era bem barulhento. A curiosidade me fez virar para trás, era um carro bem estranho, grande, acho que apropriado para a lama, sabe, aquele carro de aventuras que aparece nos filmes, mas também tinha uma aparência militar, pois bem, a máquina era até maneira. O carro parou num movimento suspeito, assim que virei para trás, então deduzi que havia algo de errado, voltei a olhar para frente e ouvi o barulho do motor.
- Johnny, se prepara - cochichei de longe.
- Ahn?
Virei para a direita e comecei a andar rápido, chegava a cansar as vezes que corríamos de situações perigosas, com certeza essa não era a aventura que eu desejava. Não demorou para Johnny me seguir, continuei em passadas longas e rápidas, então alguém passou por mim, cabelos pretos e lisos, pele pálida e olhos puxados e usava uma máscara, sabe, daquelas de médico... não deu para acreditar de primeira, aquele ambiente poluído e fumacento, juntame com os olhos puxados, estávamos mesmo em Pequim? Que loucura, cara, é a China! Estávamos do outro lado do mundo?!
- Mas que... - gritei um palavrão na rua, muitos olharam para mim mas provavelmente não entenderam.
Queríamos chegar mais perto de casa, mas não, estávamos do lado oposto do mundo em relação aos Estados Unidos, que grande porcaria. Então senti ao apertando meu pescoço, era minha própria camisa sendo puxada, olhei para trás e vi um maldito gordo coreano me segurando, ele tinha a cabeça a raspada e uma boca enorme, fiquei surpreso por não usar máscara, e sua pele então... vou dizer, mas que cara feio! Pelo canto do olho vi que um asiático mais magro e com cabelos segurava também Johnny, que estava à ponto de chorar por ter uma arma apontada contra seu pescoço discretamente, o gordo falou algo para seu parceiro, ele tinha uma voz até fina. O outro cara guardou a pistola, provavelmente ele avisou sobre não deixar a arma aparecer para evitar suspeitas. Eles começaram a nos puxar para trás, quase me sufocando, e nos puseram dentro do veículo, tapando nossas bocas com uma tira de tecido, depois amarraram nossas mãos em nossas costas. Foi ingenuidade deles não ter pegado as mochilas, só foram para os lugares da frente, o gordo indo no banco de passageiros. Apesar de tudo, eram um pouco bestas, colocaram uma música e começaram a cantar de um jeito infantil. Tentei inclinar o corpo e esticar as mãos por trás do corpo e passar por baixo de mim, rodeando pelas pernas e enfim chegando na parte frontal, então toquei minha perna na de Johnny e o avisei, ele mostrou as mãos, e as desmanchei o nó, continuamos no maior silêncio e sigilo possível. Ele desamarrou as minhas e os chineses continuavam cantando, enrolei as cordas firmemente nas mãos, indiquei para Johnny fazer o mesmo e fazer como eu. Ele estava atrás do gordo, então ficou melhor porque certamente o magro que tinha cabelo, era mais habilidoso que o outro. Então me aproximei do banco, fiquei até nervoso antes de agir, eu só havia visto em videogames e filmes, mas ignorei pensamentos e parti para cima dele, passando a corda pelo seu pescoço e puxando, cheguei a empurrar também com o pé, evitando um contra-ataque vindo dele, Johnny fez o mesmo, na hora foi engraçado porque o careca soltou uma bufa que incensou o carro todo, aquilo foi pior que toda poluição no ar do lado de fora, acredite. O carro se desgovernou, já que ninguém estava dirigindo mais, o cara à minha frente tentava agora se livrar das cordas. Eu sabia que não era capaz de sufocar alguém até a morte, então soltei a corda e concentrei a força no cotovelo, que meti em sua cabeça, acho que acertei no ponto certo, ele desmaiou na hora. Então lembrei de Johnny, puxei a pistola no bolso do magro e golpeei a cabeça raspada do outro, fiz um pequeno corte e ele também apagou. Mas esqueci um importante detalhe, o carro estava sem freio, até tentei manter controlar mas acabamos entrando na contramão e subindo a calçada, mas não paramos.
- PULA! - gritei.
Então num momento de adrenalina, abri a porta e saltei com força para fora do carro, rolei bastante, mas a grama impediu do impacto ter me causado lesões ou arranhões, no momento em que permaneci imóvel no chão olhei para o carro, apenas a minha porte estava aberta, não vi Johnny nem nada, mais à frente do carro havia uma grande rocha, bem capaz de parar o carro, aquilo causaria um grande acidente, mas Johnny continuava no carro, "pula logo, seu idiota" pensei com preocupação, então num último momento a porta se abriu e ele saltou do carro, e o carro foi de encontro à rocha, com grande força, fazendo voar várias peças e pedaços de vidro.
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O VideoGame
DobrodružnéQue bom que alguém veio ler a sinopse mesmo com um título tão idiota, acho que gostei de você. Bom, não sei o que o autor tinha em mente quando criou um livro com um título que não combina com a história e muito menos com essa descrição maravilhosa...