Capítulo Dois

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Não queria acordar cedo num dia desses, mas, o que se pode fazer quando tem uma família como a minha? No meio de um sonho, senti algumas cutucadas no meu braço e quando despertei haviam dois grandes olhos castanhos me encarando.

- FELIZ 22 DE MAIO! - Johnny gritou, o que doeu nos meus ouvidos - Parabéns, Matt!

Me levantei e percebi que todos estavam ali ao redor da cama: Minha mãe, tio Larry e tia Jessy, e Johnny, com seu cabelo cheio de gel, lambido para trás, e sua camiseta com estampa de skate. Fiquei aliviado em ver mamãe e Johnny ali, meus tios só aparecem para aniversários e às vezes me dão presentes como se eu ainda tivesse aqueles nove anos. Ganhava livros do corpo humano, chapéus e cadarços de tênis com cores variadas, não entendo a afeição de minha tia por cadarços, mas eu gostava do tio Larry, ele me dava garrafas de vinho e wisky vazias, eu tinha uma coleção no quarto, quando ele ia lá em casa, me falava um pouco de quando era garçom de um bar onde serviam até mel com leite. Okay, e o Johnny, me deixe lhe contar uma coisa sobre ele, apesar de ter apenas treze anos, ele já foi expulso de cinco escolas por bagunça, jogar ovos nos professores, pichação nas salas, e jogar muito PSP na aula. Johnny agora quase não vai à escola, porque passa a maior parte do tempo jogando The End: Apocalypse 2. Ele consegue ser idiota a ponto de jogar quando eu não estou, quer que chegue sua vez de controlar Mattiew Johnsonn, ele jura que vai chegar ao outro lado do mundo sem minha ajuda, mas eu sempre digo, "Se você fosse um dos últimos do país a sobreviver ao apocalipse e quisesse chegar à fortaleza em Tóquio, morreria antes disso". Ainda lembro do dia em que Johnny chegou para mim com esse jogo, "Olha, cara, esse maluco tem o nome parecido com o teu! Vamos jogar?!", ele dizia, eu falei "Mas, só por isso? Que jogo é esse?", logo ele me falou a explicação que tinha em seu cérebro, com uma vasta diferença entre o que ele pensava e o que realmente era, mesmo assim nós jogamos pelo resto da tarde. Eu e Johnny estamos quase completando o percurso, já enfrentamos muitos mortos-vivos e lagartixas gigantes de duas cabeças, mas ainda falta passar pelo último mestre, o leão alado gigante com rabo de cobra e dentes maiores que Mattiew. O monstro não tem nome então o chamamos de James, hoje combinamos de zerar o jogo.

Me levantei e coloquei uma roupa qualquer, ignorando todos os balões e enfeites de festas que haviam colocado, sentamos no sofá da sala e ligamos a tevê, o que não deu em nada porquê mamãe desligou.

- Não, não - ela disse - Nada disso antes de cantar parabéns.

- Mãe!

Ela me deu um olhar do tipo me obedeça ou você nunca mais jogará videogame

- A senhora vai pedir pizza se eu obedecer? - cruzei as pernas, tentando fazer uma expressão gentil e fofa, no que falhei miseravelmente.
   - Vou fazer melhor.
   - Sério? - triste expectativa que eu tive...
   - Uhum, vou me esforçar para não dar seu videogame ao Bob.
   - Não faria isso...
  Bob era meu vizinho de sete anos gorducho e mimado, ele teimava em pedir coisas minhas, chegou a cantar minha prima que veio da Dinamarca. Não daria meu bebê nem que ele pagasse.

Então teve tudo aquilo do parabéns,  e o bolo que estava uma delícia, depois de uma grande sessão de fotos, fomos finalmente jogar videogame.

Johnny era muito ágil jogando como o ajudante e irmão de Mattiew, seu avatar, o Drake Jhonsonn, ele pulava girava, e atirava nos monstros que apareciam do nada, eu tenho mais habilidade para desvendar pistas e achar caminhos, mas ainda assim eu também matava monstros. Passamos por uma ponte de madeira velha que estava quase caindo, entramos numa florestas de árvores altas como edifícios de dez andares, ela era plana e tudo estava silencioso, então chegou a parte que esperávamos, houve um rugido tão forte que ecoou na floresta toda, a criatura desceu do nada quebrando várias árvores, (PUXA VIDA, COMO O MONSTRO ERA GRANDE!!!).

- O que é isso?! - Johnny gritou, com os olhos quase pulando para fora do rosto.

- Que merda é essa?! - eu berrei, pulando para cima do sofá, ficando em pé.

- Matt, olhe o linguajar e dessa desse sofá! - minha mãe falou, da cozinha.

Obedeci, e continuamos a jogar, James era muito grande, mas em compensação, a coisa era lenta, atacando e desviando, desviando e atacando, o rabo de cobra querendo nos engolir inteiros, enquanto suas asas lançando rajadas de ventos, e de sua boca as colunas de fogo queimando árvores, pensando bem, James parecia um Quimera, só que com asas.

- Matt. É. O. Seguinte - disse Johnny, em pausas, para não se distrair e morrer - Eu. O. Distraio. E. Você. Ataca.

- Tem certeza?

- É claro! - ele exclamou, sem desviar o olhar da tela - Um...dois...três, vai!

Johnny se separou e foi para a esquerda, enquanto ele pulava e atirava, eu corria para a direita, ao sul. O plano funcionou, James olhou intrigado para o avatar todo acabado de Drake, lançando fogo, mas Johnny foi para atrás de uma árvore, corri em direção à James e agarrei sei rabo de serpente, que ao tentar me abocanhar, mordeu ela mesma. Subi nela e corri para o corpo do monstro, segurando em seus pelos para não cair, saltei em sua cabeça, e apertei uma sequência de ataques. Automaticamente, Mattiew tirou uma faca do bolso e cravou no olho de James, que urrou de dor, depois, com a metralhadora, Mattiew atirou loucamente contra o crânio peludo de James que desabou no chão e apagou, milhares de XP saíram de James como fogos de artifício.

- Há!!! - larguei o controle no sofá e saí correndo pela casa como um descontrolado - É isso aí! Estamos oficialmente, completamente, cumprindo a missão!

Johnny estava ainda na sala, dançando loucamente e bagunçando o cabelo.

- Somos Demais com D maiúsculo! - ele dizia - Excessivamente demais!

O celular de Johnny apitou, exclamando que havia chegado uma mensagem:
Cara, vocês não vão acreditar no que está acontecendo!  Rápido, olhem o site de notícias!
        Steven.

Steven era mais outro doido viciado em games da escola, o que ele está querendo mostrar?

Eu e Johnny nos entreolhamos.

- O que será que é? - perguntou Johnny.

- Como a gente vai saber? Coloca logo nesse maldito site!

Johnny teclou a tela de seu celular até chegar ao site de notícias, procuramos e por fim encontramos uma matéria que dizia:
Depois de passar em várias cidades americanas, empresa NickGames faz uma parada passageira no Brooklyn para anunciar o lançamento do novo jogo da empresa: The End: Apocalypse 3, que estará à venda nos pontos de parada.

Depois de ler isso, não me contive, desabei desacordado no chão.

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