Dez minutos depois, eu estava segurando uma barra de metal, com Johnny ao meu lado e dois grandalhões caídos no chão com um enorme galo na cabeça, se for para resumir, conseguiram alcançar Johnny, puxei a primeira coisa que vi e pulei para cima dos caras, literalmente eu saltei, derrubando todos, inclusive eu mesmo. A lua já substituiria o sol, e a noite era incrível naquele lugar, o cheiro de maresia, o som das ondas na praia, era um bom local para se viver, Johnny brincava com o canivete que achou em um dos homens agora desacordado, então me abaixei, abri a mão do cara que estava com o rastreador e o peguei, pensando bem, aquilo só se parecia com um celular de longe mesmo, era uma telinha quadrada, e precisamente muito fina, uma pequena antena na parte de cima, e o mapa mostrando o local que estávamos agora, já que estava rastreando o microship localizador na caixinha metálica, não sabia se o a pequena tela rastreadora tinha outra função além de rastrear, depois de alguns minutos descobri que não, era só rastreadora mesmo. Não demorou para perceber que tinha um ponto vermelho ao canto da tela, rolei na direção do pontinho em destaque, deslizei o dedo pela tela até o pontinho se tornar uma estrela, não havia rua nenhuma ao redor daquele local, parecia algum lugar em meio ao nada, mas como me parecia estranho, chamei Johnny e mudamos o rumo da caminhada em direção à estrela vermelha na tela do rastreador.
Chegamos próximos à localização marcada e achamos uma cerca de arame farpada com uma placa que lia-se "NÃO ENTRE! ", mas como sou um garoto obediente, puxei a parte lisa do arame e entrei, nós não mudamos de direção até chegarmos numa casa, era grande, e pela frente se percebia que a casa era baixa e larga, especificamente quadrada, desviamos dela, indo pelo lado e continuamos caminhando; dois minutos depois estávamos à beira de um "penhasco" não muito alto, mas dava uma bela vista e um horizonte extenso, abaixo de nós havia um espaço com vários metros quadrados, parecia uma distribuidora de mercadoria de alto porte, sendo ao ar livre, mas já o fato de ser em meio ao mato me era estranho, me lembrava aquele pequeno aeroporto em que eu e Johnny havíamos saído, então ouvi barulho de motor, olhei lara trás e vi um caminhão indo por uma trilha que ia pela lateral do penhasco, as laterais era baixas, acho que para veículos passarem, enquanto o caminhão se aproximava, me abaixei e puxei Johnny, que não estava preparado e caiu de costas, quando estávamos completamente sozinhos, me levantei.
- Já pode sair, ele se foi - disse eu, pegando uma garrada d'água da mochila e bebi um pouco.
Esperei Johnny se levantar para seguir em frente, ele estava demorando, olhei para trás e o vi dormindo no chão, meu Deus, como um ser humano pode durmir tão rápido assim?
- JOHNNY! - gritei.
Ele acordou bem assustado, com os olhos quase saltando para fora, puxei ele pela gola d camisa e fomos descer o penhasco para chegar lá embaixo e descobrir o que estava havendo. Fomos cuidadosamente passando pelos caminhões e enormes caixas, as caixas me lembraram o ambiente no avião, várias caixas de diversos tamanhos, as grandes estavam em maioria, provavelmente a metade das caixas grandes eram para armazenar as menores, continuamos andando agachados, até que ouvi vozes masculinas, paramos de caminhar e escutei atentamente.
- Você está louco?! - alguém falou, com a voz elevada - Tenha cuidado com essas coisas, são importadas da América do Norte, custam uma fortuna.
- D-desculpe senhor, não vai se repetir.
Depois disse não ouvimos mais nada, devagar, tentei olhar para o lugar de onde vinham as vozes, não tinha mais ninguém, então tentei descobrir de onde vinham aquelas caixas, como estávamos atrás de uma, aproveitei para tirar a curiosidade, pelo que li, estava vindo do... Brooklyn, mas não poderia ser nossa carga porque o tempo que percorremos naquele carro ou caminhão, o que quer que fosse aquilo, foi o suficiente para que já tivéssemos saído do Brooklyn, mas como dormi, não sabia quantas horas se passaram enquanto eu e Jhonny estávamos no veículo; isso significa que aquela carga toda, ou pelo menos uma boa parte, veio mesmo do Brooklyn, provavelmente tudo aquilo poderia ter vindo do aeroporto no meio do mato, que havíamos saído horas atrás, se isso tiver alguma chance de ser comércio ilegal, eu estava disposto a descobrir, continuamos andando entre as caixas, tentando não ser capturados, não demorei para avistar uma construção parecida com uma casa, cada vez mais estávamos mais perto, e ficava mais fácil ouvir uma conversa.
- Certeza que os produtos ficaram iguais aos originais? - se não me enganei, era a voz que ouvi no Brooklyn, no Bar do J - Não podemos levantar qualquer suspeita!
- Claro, afinal, também estou metido nessa enroscada, não? - uma segunda voz retrucou.
Pelo tom em que falaram, os homens eram de posições iguais, estavam se enfrentando, e eles falaram com muita naturalidade, o que indicava que já haviam tido outras brigas assim. A melhor teoria até agora, é que estávamos ferrados, porque é bem provável que eles são traficantes de produtos piratas ou pior, não sei se eram de algum tipo de máfia (tomara que não), já que a situação estava complicada, e muito perigosa, falei para Johnny ver se tinha alguém por aí, tínhamos que fugir, e rápido, esperei a resposta por alguns segundos, nada, já estava dormindo novamente? Olhei para trás e vi uma cena que temia muito, um cara um pouco musculoso e careca segurava Johnny, que se debatia tentando se soltar, o homem segurava a boca dele com bastante força, eu estava surpreso demais para fazer alguma coisa, percebi uma sombra que vinha detrás de mim, queriam me pegar também, fechei o punho e girei, pegando impulso para a mão ir direto no rosto do homem atrás de mim, o que eu não esperava é que ele tinha dois metros de altura, minha mão só raspou em seu pescoço.
- Ops... - falei, entrando em pânico.
Ele esticou as mãos para me segurar, be abaixei e passei por debaixo das pernas do "gigante", me virei e pulei em suas costas, agarrando seu pescoço e pressionando seus olhos com a mão livre, o homem gritou, colocando as mãos por trás da cabeça e segurando minha camisa, me puxou para frente, mas segurei firme em sua garganta, forçando-o a me soltar e tentar livrar seu pescoço, com as mãos presas, bati meu queixo na cabeça sem cabelos do homem, que grunhiu, eu admito que não foi inteligente e também doeu em mim, puxei minhas mãos com força, consegui libertar minhas mãos, abri meus braços e bati com força em seus ouvidos, me sentia um sobrevivente de apocalipse, assim como em videogames, tentando matar um zumbi gigante, pulei de suas costas e chutei seu traseiro, ele se virou e meu deu um murro, me acertando no olho, deu um passo para trás, mantendo distância e evitando que ele me atacasse, eu segurava meu olho, foi só um soco mas estava doendo muito, quando o abria, luzes entre azuis, verdes e roxo dançavam em minha visão, então me lembrei que como todo homem, ele tinha seu ponto fraco, mirei baixo e chutei no lugar mais sensível que se pudesse pensar, minha perna passou pelo meio de suas pernas com velocidade e acertou bem nas bolas do gigante, que ficou vermelho, grunhiu, e caiu no chão, tentando segurar o choro, à minha frente, Johnny estava de pé sobre o cara que possivelmente acabara de derrubar.
- Mas... ahn? - eu tentava procurar a explicação para a situação, Johnny estava imobilizado segundos atrás.
- Tenho cabeça dura - ele explicou.
Olhei diretamente para o homem no chão, e percebi que tinha um corte no nariz, com isso entendi que ele foi vítima de uma cabeçada. Fingimos que nada tinha acontecido, e fomos tentar sair dali o mais rápido possível.
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O VideoGame
AvontuurQue bom que alguém veio ler a sinopse mesmo com um título tão idiota, acho que gostei de você. Bom, não sei o que o autor tinha em mente quando criou um livro com um título que não combina com a história e muito menos com essa descrição maravilhosa...