O VideoGame

Capítulo Sete

  Novamente sozinhos, sem nenhuma chance de escapar, Johnny soltou um arroto atrás de mim.
- Ahn? Onde é que estamos? - sua voz tranquila, cansada, e sonolenta.
  Sem responder, dei meia volta e fui na direção de Johnny, me virei para a direita e chutei a caixa a minha frente com força, fazendo sair voando várias pequenas caixas retangualares.
- Ai! - reclamou Johnny ao meu lado - O que é isso?
  Olhei e o vi segurando uma caixinha com uma mão e com a outra alisava a cabeça, que havia ganhado um galo. Do nada, arregalou os olhos e começou a rasgar e abrir a caixa com bastante violência, quando abriu, fez uma cara como se tivesse ganhado na loteria, meteu a mão e de lá tirou aparelho preto e longo, como um smartphone, olhou para mim e começou a rir, depois virou o aparelho e percebi que era um PSP novinho em folha, não me surpreendi tanto, era provável achar muitas coisas diferentes naquele lugar, afinal, era um avião de carga, deveria levar várias coisas de diversas empresas, pensando nisso, saí chutando caixas loucamente, como se estivesse passeando num campo florido, descobri computadores, laptops, notebooks, videogames, roupas, sapatos, celulares e até mesmo uma coleção de armas. Apesar do fato de nossas famílias estarem preocupadas, e a gente indo para outro país, tentávamos esquecer isso, pegamos tábuas de madeira, tinta, fazemos um alvo, e atiramos com espingardas, pistolas, diversos tipos de facas e armas ninjas. As horas se passaram e nós estávamos tendo um momento de agentes secretos, chegamos a testar coletes a prova de balas, mas só Johnny correu esse risco. Jogamos videogame, fomos em algumas "missões", e até trocamos de roupa, fomos loucos o suficiente para escolher uma mochila, colocar roupas, sapatos, armas (sim, fizemos isso), jogos, achamos diversos pacotinhos cheios de pó, tentei convencer Johnny que aquilo era bicarbonato e diversas outras coisas, mas ele continuou achando que eram drogas e a não levou, mas enchi a minha e mochila dele de químicas perigosas para no caso de uma emergência. No meio da diversão o avião (já havíamos esquecidos que aquilo era um grande avião de carga) tremeu e inclinou um pouco, alguns minutos depois sentimos as rodas baixarem e pousamos, corremos e nos escondemos atrás de algumas caixas empilhadas esperando abrirem (de acordo com Johnny) o "grande portal". Como esperado, poucos segundos depois já estavam descarregando, silenciosamente, fomos nos escondendo de caixa em caixa, até estarmos no chão, puxei Johnny para trás de uma caixa enorme parada em frente ao avião enquanto vários homens vinham e tiravam mais caixas, quando percebi que não tinha mais ninguém vindo nem indo, segurei a jaqueta de Johnny e corri para o espaço que não estava com arame farpado cobrindo, provavelmente a entrada e saída, joguei Johnny para frente, correndo atrás dele logo depois, Johnny parou do nada e bati minha testa em seu crânio.
- Ai! Ei, o que foi? - perguntei, irrotado.
  Percebi que ele estava tremendo, virou o corpo bem devagar em minha direção.
- Ca-ca-cacho-cho-chorro... - ele disse com a voz trêmula, o olhos quase pulando para fora, muito pálido.
  Eu não entendi o que aquela criatura estava insinuando, até que ele deu um passo para o lado, apontou com o polegar para trás por cima do ombro... meu coração já estava ficando fraco, senti toda a minha cor se esvaindo, ficando pálido como papel, não muito longe da gente, um hotwailler gigante, bufando e olhando para nós como se fôssemos dois bifes suculentos, e ao seu lado, um pitbull com dentes do tamanho do meu dedão do pé, cochichei para Johnny não fazer movimentos bruscos, o que era impossível com dois leões rosnando para você. O pitbull latiu e Johnny saiu correndo mais rápido que um atleta na corrido de dez quilômetros, fazendo o hotwailler indo atrás dele, logo depois, foi minha vez de ser perseguido, e saímos em disparada pelo terreno.