Capítulo Quatorze

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- Corre, cambada! - eu dizia, enquanto fugiamos do cara gordo das maçãs.
- Eu não consigo correr! - disse o pequeno Sammy.
- Merda... - Tom voltou para carregar Sammy nas costas.
- Por que enquanto um irmão corre mais que todo mundo, um não consegue correr? - Johnny fazia perguntas desnecessárias na hora errada.
Se bem que era verdade, Jimmy o irmão gêmeo de Sammy, estava correndo mais que todos nós e Sammy parecia estar com a perna machucada.
Bom, peço desculpas por adiantar as coisas, para entender o que aconteceu, temos de voltar a quando chegamos na Holanda pelo avião de carga, era curioso como todos os aviões era iguais, deve ser todas de uma mesma empresa, ou seja, todos os países estão conectados, não lembro ao certo onde pousamos, mas foi num lugar pequeno, como um ponto qualquer, mas Amsterdã deve ser pequena, então eles tomam muito cuidado em escolher o lugar e não serem descobertos. Bom, eu e Johnny caminhávamos pelas ruas alegres-deprimentes de Amsterdã com tranquilidade, encontramos cara fumando algo que deveria ser maconha, Johnny chegou a tentar inalar a fumaça que era levada pelo vento, haviam vários pontos comerciais, inclusive, também acabamos por encontrar garotas um pouco mais velhas que nós de roupa curta e ousada se oferecendo pelas calçadas, o que me indignou, enquanto achei um absurdo, Johnny ficou babando. Eram ruas bem interessantes, possuíam enormes canais as cortando, como Veneza, aquele lugarzinho que o povo só anda de barco e é cheio de pontes ligando uma rua à outra, passando por cima dos canais. Se estivéssemos chegados no outono ou inverno aquele lugar seria bem mais bonito, era um ambiente que chegava a provocar um certo tipo de alegria ou satisfação só de olhar.

Voltando à parte de porque estamos correndo, Johnny parou para apreciar uns cachimbos numa vitrine, então um garotinho agarrou a mchila dele e tentou fugir com ela, de algum modo, Johnny foi rápido na reação e não soltou a mochila, fazendo o menin...

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Voltando à parte de porque estamos correndo, Johnny parou para apreciar uns cachimbos numa vitrine, então um garotinho agarrou a mchila dele e tentou fugir com ela, de algum modo, Johnny foi rápido na reação e não soltou a mochila, fazendo o menino se puxado de volta e ficar entre nós dois.
- Quem é você?! - perguntou Johnny.
- E por que queria nos roubar? - completei.
- Eu não queria roubar você - ele me olhou por um momento e logo apontou para Johny -, iria roubar ele que tem a cara de idiota.
- Ei, isso doeu...
Antes que desse tempo de perguntar algo mais, ele saiu correndo, o que colocou em mente as vezes que fomos perseguidos por cachorros. Sem pensar, batemos em disparada atrás do garoto. Ele era tão baixinho que nem passava do meu ombro, mas corria que era uma beleza, seus cabelos loiros e sujos pareciam voar por causa do vento, ele usava bermuda e camiseta, estava descalço. Seguimos ele por um tempo, esbarrando em pessoas enquanto ele passava por baixo, até que entramos num beco junto com ele. Percebi que o garoto desapareceu em um segundo, achei estranho e parei na dobra do beco mas o senhor " cara de idiota" continuou correndo em perseguição a um grande nada. Estava tudo silêncio e não tinha saída, era um longo corredor com um grande muro no final, Johnny estava quase chegando no meio do beco, quando ouvi uma voz: "Agora!". De várias partes dos apartamentos acima da gente, foi jogada uma enorme rede e o encurralou, derrubando Johnny. Olhando bem, haviam várias escadas laterais, nelas havia gente escondida, mas não era gente grande, eram crianças assim como nós, mais precisamente como o garotinho.
Eles desceram rapidamente as escadas e foram em direção a Johnny. Tinha pelo menos uns cinco ou quatro, duas garotas e quatro garotos, eram seis, na verdade.
- Olha quem você veio trazer hein, Jimmy...
- Foi o que deu...
"Foi o que deu"? Eles eram acostumados a fazer isso? "Olha lá", um deles susurrou. Então numa só vez, todos olharam para mim. Só olharam, sem mexer nenhum músculo, nem ao menos pareciam surpresos.
- O que fazemos com aquele?
- Não sei, o mesmo que esse.
Falando isso, todos que estavam ao redor de Johnny vieram em minha direção, sentia que estava prestes a ser capturado e minhas pernas tremiam, não sabia o que fazer.
- Espera, espera, espera! - eu estendi os braços, numa tentativa frustada de não ser preso por gente da mesma idade que eu.
Não sei por quê, mas eles pararam. Apenas ficaram lá sem fazer nada, como se eles aceitassem tudo que disserem. Pelo canto do olho vi Johnny tentando se livrar da rede de um modo idiota, ele deveria estar pensando em fugir enquanto os outros estavam ocupados comigo.
- Não queremos machucar ninguém, nem ao menos somos daqui.
- O.k. então. - disseram em coro.
Era bem estranho, por dentro eu queria rir, como eles poderiam ser tão ingênuos? Achei que não existisse gente assim, acreditar em qualquer coisa que disserem é coisa de alguém muito burro ou muito confiante. Então eles deram meia volta e desprenderam Johnny, que se levantou, limpou-se e andou rapidamente até mim.
- Quem são? - cochichou.
- E eu vou saber? - cochichei de volta.
Todos juntaram em círculo, ouvi um "... dois...três e...", logo depois se colocaram um ao lado do outro como se fossem soldados e se apresentaram.
- Sou Sammy - disse o pequeno com a perna machucada.
- Jimmy - falou seu irmão.
- Tom - esse garoto já era maior.
- Annie - se apresentou a garota de voz doce.
- Lua... - essa já parecia ser gótica.
- Mentira, é Luanna! - se apressou outra garota - Ah, e, sou Meg.
- Cala a boca! - retrucou Lua.
- Não calo!
Ouvi um assovio estridente cortando o ar, procurei o que era e vi Tom olhando para as duas pelo canto do olho. Logo elas rapidamente se recomporam, Tom tinha um ar de líder, deveria ser o mais velho dali. Ele era maior q eu, tinha uma franja meio sinistra que cobria uma parte dos olhos, sardas pelo rosto e um nariz de coxinha que chamava atenção, usava tantas camadas de roupa que parecia estar com frio. Sammy e Jimmy eram quase iguas, mas percebia-se pelo rosto e cabelo que tinham personalidades diferentes. Jimmy tinha uma expressão meio perversa, brincalhona, seus cabelos loiros eram bagunçados como se acabasse de sair do "olho" de um furacão, já seu irmão era como se fosse o garoto quietinho e prestativo da sala, tinha cabelos mais lisos e ajeitados, com os olhps descansados e calmos, os dois eram da altura do meu ombro. Annie era menor que Tom, mas também era mais alta que eu, era a mais bonita ali, olhos claros e cabelos castanhos, rosto bem desenhado e um corpo tão curvado quando pista de drift, a única que usava All Star, ficava bem nela. Luanna vestia preto, preto, e mais preto; de outra cor, só sua pele clara e uma mecha azul no cabelo curto. Meg era ruiva, tinha olhos azuis e cabelos cacheados, usava uma blusa branca, cheia de manchas de tinta, juntamente com um short jeans.
- Sou Matt, esse idiota aqui é Johnny, somos do Brooklyn.
- Hey! - reclamou ele.
- Isso é nos Estados Unidos? - Meg questionou, passando o peso do corpo para o pé direito.
- Claro que sim, você é burra? - Lua revirou os olhos.
- Não posso mais perguntar nada?
- Não se for uma besteira dessa!
Segurei o riso, Johnny não suportava, já estava soltando aos poucos. Um assovio estridente cortou a briga entre as duas, Tom olhava para elas de uma forma eletrizante, o que fez as duas ficarem com uma cara de medo.
- O que fazem aqui? - ele perguntou, desconfiado, acho que Tom não estava feliz pelo que estava acontecendo.
- Ahn...
Fui interrompido por um berro, na outra rua, do outro lado do canal, estava um cara gordo e careca, vestindo camisa encardida e avental. Ele apontava para a gente e gritava "ladrão", então atravessou a ponte rapidamente, vindo em nossa direção.
- Corram! - Jimmy bateu em disparada pelas ruas, nos deixando para trás.
- Não vá na frente, é sua culpa! - Lua foi atrás.
Johnny também correu, junto com ele foram Tom, Meg e Annie, para não ser pego, segui eles, ficando por último (primeira vez que Johnny começa a correr e me deixa para trás, parabéns, Johnny). Assim começa a perseguição em Amsterdã, parece que eu e Johnny estavamos destinados a sermos perseguidos para sempre. E assim começa a confusão, Jimmy fugindo do gordo careca, Lua perseguindo Jimmy, e nós apenas acompanhando.
- Corre, cambada!

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