𝑴𝒚 𝑺𝒕𝒂𝒍𝒌𝒆𝒓

1° capítulo

P.O.V. Any

A minha cama nunca pareceu tão confortável como agora. Depois de um dia cheio de tarefas e trabalhos para fazer e entregar eu finalmente estava relaxando. A escola é uma coisa puxada, mas agora estava parecendo o próprio inferno.

Pelo menos eu estava descansando e recarregando forças para sobreviver ao dia de amanhã. O meu coração começava a diminuir as suas batidas, as fazendo ficar num ritmo calmo e controlado e minha respiração estava voltando ao normal.

Eu moro sozinha, numa casa enorme aqui em Guadalajara, no México. Não tenho família e nem preciso dela, comecei a ser independente muito nova e agora sei os perigos da vida e aprendi a me sustentar sem ajuda. Eu não preciso de ninguém para cuidar de mim, não me importa se sou muito nova ou não.

Muitas pessoas me chamam de antissocial, mimada, fria e até por vezes invejosa, isso tudo só porque não aceitei ser amiga delas. Sou a "popular" da escola, mas diferente dos clichês das pessoas populares, eu não ando com pessoas pelo seu dinheiro, se é popular ou não, rosa não é a minha cor favorita e meu corpo não se mostra tanto como os outros. Me chama de estranha, gótica e tudo o que você quiser, mas meu estilo é o melhor para mim. Minhas roupas e acessórios estão sempre ligados á minha personalidade e alma.

Não me importo de usar roupas coloridas de vez em quando mas é óbvio que eu prefiro cores negras, juntamente com muitas correntes, anéis, brincos, tudo associado ao estilo dark. Meu estilo é bem parecido com o do meu primo/melhor amigo, Krystian Wang. Ele é a pessoa que eu mais confio na vida, juntamente com Hina e Joalin, minhas melhores amigas mais próximas.

Nós somos o quarteto perfeito, cada um com sua personalidade marcante que completa todo o grupo. No fundo, nós nos damos tão bem por termos um passado meio parecido. Todos nós sofremos muito, uns mais do que outros, e com esses acontecimentos passados, nos tornamos as pessoas que somos hoje. Muitas vezes o demônios interiores deles os atacam e nós nos ajudamos. Eu sou mais fechada e não demonstro muito minhas emoções, mas também tenho coisas que me assombram até hoje. Não tenho um currículo legal mas isso ninguém precisa saber.

Sou retirada dos meus pensamentos quando ouço uma batida na janela, o que me surpreende. Meu quarto é no segundo andar, muito alto para qualquer pessoa subir. Mesmo assim, saio da minha cama e caminho até o vidro existente na parede. Olho através do mesmo e por questão de segundos penso ter visto alguém me observando. Forço minha visão mas não consigo avistar mais nada, apenas reparo que nuvens negras e vento forte se aproximam, dando um sinal de que uma grande tempestade está por vir.

Suspiro e me viro, vou em direção á cama e pego meu celular, checando as horas. São exatamente oito da noite, quer dizer que vou ter de ir para a cozinha e fazer meu jantar. Vejo se recebi alguma mensagem mas está tudo vazio. Caminho até á porta e passo por ela, descendo as escadas até á cozinha, estupidamente grande. Penso no que fazer e me vem uma ideia que me agrada. Bife com natas e cogumelos, arroz branco e batata palha.

Ligo meu celular e o conecto às colunas da casa e escolho a música que mais tenho ouvido nestes tempos. All the good girls go to hell, é uma música maravilhosa e a minha preferida. Canto baixinho a letra e começo a cortar os pedaços de carne.

Á alguns dias me veio uma ideia á cabeça, estava pensando em adotar um cão, mais precisamente, um husky. Meu quintal é grande o suficiente para ter quantos animais eu quiser, mas por agora, só queria um cão. Não sei se o husky se sentiria muito bem aqui em casa, pois estaria sozinho a maior parte do tempo, e já que eu sou a única moradora desta rua, ele não teria ninguém com quem se entreter. Imersa nos meus pensamentos, sinto uma ardência no meu dedo e um líquido escorrer por ele. No entanto, não sinto dor, cortes são bem conhecidos por mim, e este era muito fraco comparado aos que eu já ganhei. Lavo minha mão e volto ao trabalho.