12º capítulo

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P.OV. Any

Tudo ao meu redor estava em um completo silêncio, um silêncio bom e relaxante. Para complementar com a noite calma que eu consegui ter.

Graças á pessoa que me acompanhou esta noite. E mesmo sabendo que ele já não estava aqui comigo deitado, ainda conseguia sentir o seu aperto em minha cintura sempre que eu me movia no colchão.

Não me consigo lembrar muito bem de todas as carícias que trocamos durante a noite. O meu sono é um pouco leve e então eu conseguia ouvir e perceber coisas ao meu redor, apenas as mais importantes e que afetavam o meu cérebro.

Continuo pensando nestes assuntos até que me recordo do dia de hoje. Eu tinha aulas e neste momento já deveria estar mais que atrasada. Não que isso me preocupasse, a minha intenção era faltar hoje, mas a ideia de ter de explicar para o meu grupo sobre o meu desaparecimento fazia a minha cabeça latejar de dor.

Ainda não lhes havia contado sobre ele e isso também não estava ao meu agrado. Costumo contar lhes tudo, com o que me preocupo, com quem me relaciono e por aí vai. Sei que eles fazem o mesmo comigo e não certo eu estar a esconder lhes uma coisa importante.

Á muito tempo que não me envolvo com pessoas assim, eles sabem o que eu passei e eu também sei muito bem no que isto me afeta.

Por mais que a vontade de pôr um ponto final nisto apareça sempre que penso nele, a vontade de continuar me consome cada vez que ele aparece na minha frente.

Lembro me de quando nós nos "conhecemos". O mesmo me disse que seria o meu pior pesadelo, no entanto, acho que as suas intenções não são as mesmas que as do início.

Eu preciso saber mais sobre ele. Muito mais.

Porra.

Joshua Beauchamp tá a trazer uma grande tempestade até mim. Me fez sentir coisas que há tempos não sentia, e no entanto, a minha cabeça parece que vai explodir com todos os acontecimentos que estão se acumulando á medida que me relaciono ainda mais com ele.

Um grande suspiro sai de meus lábios e abro finalmente meus olhos e vendo tudo ao meu redor.

Tudo no mesmo sítio, tal como todos os dias nesta grandiosa casa que partilho sozinha.

Por alguma razão, o meu corpo parecia estar preso ao colchão e não iria sair tão cedo. Tive de lutar contra mim mesma para me levantar e praticamente me arrastar até ao banheiro.

Fazendo minhas higienes pessoais, notei o machucado que havia feito á dias no meu braço. Teria de trocar as ligaduras.

Esse pensamento iluminou a minha ação de ontem e instantaneamente olhei para a minha coxa.

O que teria acontecido se não tivesse ninguém para me impedir de enfiar uma faca na minha pele. Talvez ainda estaria estendida no chão depois da possível queda que eu tomaria. Talvez eu já estivesse morta e neste momento, no quinto dos infernos.

Estreito os olhos e bufo.

Morrer não era uma opção tão má.

Se calhar nada disso teria acontecido apenas pelo corte, mas também pelo impacto do meu crânio com o chão, ou talvez a hemorragia interno que eu teria por não ter conseguido retirar a lâmina do meu interior.

E se eu tentasse mais uma vez?

E se eu escolhesse enfiar a faca diretamente no coração?

E se eu estivesse morta?

Nunca mais sofreria de ataques e assombrações.

Tudo isto são pensamentos que passam pela minha cabeça todos os dias, nunca falha. Espero sempre por eles, uma hora ou outra iram invadir a minha mente e fazer com que eu me substime ainda mais.

𝑴𝒚 𝑺𝒕𝒂𝒍𝒌𝒆𝒓Onde histórias criam vida. Descubra agora