11° capítulo

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P.O.V. Any

A água morna escorria por meu corpo, indo de encontro ao piso de madeira falsa que revestia o chuveiro do box.

Meus olhos estavam fechados e todos os meus pensamentos e visões passadas não passavam de uma completa mistura de acontecimentos e sensações. Tudo o que eu senti, tudo o que eu fiz, tudo o que eu vi e fiz acontecer, todas as coisas traumatizantes e intrigante que passavam por minha mente.
Não conseguia focar em nenhuma delas, todas estavam passando rápido demais para eu conseguir assimilar casa uma. No entanto, a água me ajudava a esquecer tudo o que me afligia, fazendo com os meus demônios interiores ficassem bem guardados no fundo do meu ser.

Mesmo não querendo, eu sabia que uma hora ou outras eles se soltariam, me torturariam tanto como uma vez eu já fui.

Todas as barreiras que eu construí á minha volta, todas as armadilhas que eu criei sozinha, tudo o que eu fiz para me proteger de influências e quaisquer tipos de comentários maliciosos, estava cada vez mais forte mas ainda não o suficiente.

Às vezes eu tinha vontade de saber como seria um dia sem problemas, sem preocupações, sem feições amedrontadas, sem provocações desnecessárias e cortes intensos sobre minha pele.

Isto era o que resumia minha vida e desde cedo eu aprendi a lidar com isso, por mais crises que tenha, tudo está ao meu controle e qualquer passo em falso que eu dê, tudo irá por água abaixo.

O meu dia pode ter sido maravilhoso, estive com meus amigos e com Joshua, tirando alguns acontecimentos, nada saiu de minha posse. Mas quando eu pensava que conseguiria acabar o dia com um bom descanso, tudo á minha volta tomou uma cor negra, e eu apenas conseguia sentir o meu coração palpitando em desespero e a respiração acelerada. Por mais que eu tentasse controlar estes sintomas, eu não conseguia, tudo parecia tão difícil, tão longe do meu alcance.

Tudo o que me restava era entregar me mais uma vez á escuridão, aquela que me consumia por completo e apenas me deixava sair assim que eu fizesse alguma merda comigo mesma.

Eu era a minha pior inimiga.

Saindo finalmente do box, apenas me seco e visto alguma coisa confortável, uns calções estilo boxer feminino e uma camisa bem longa que ia até o inicio de minhas coxas.

Meus movimentos estavam limitados pois meu corpo tremia e parecia travar de segundos em segundos.

Tento voltar ao quarto.

Tento.

O meus joelhos enfraquecem e o meu corpo vai ao chão, começando a ter uma crise psicológica.

O medo de outra personalidade me consumir a qualquer momento, aumenta, fazendo com que a minha crise piore.

Começo a arranhar as várias partes do meu corpo, desde o pescoço às minhas pernas. A minha pele estava ficando vermelha demais, e eu conseguia sentir sangue em várias partes devido á força que eu estava a utilizar para me acalmar.

O meu coração estava a mil, não estava conseguindo respirar direito e minha visão estava ficando embaçada.

Fecho os olhos com força, repetindo várias vezes um mantra que me possa acalmar.

Mais precisamente a letra de uma música.

Silence

'Yeah, i'd rather be a lover than a fighter'

𝑴𝒚 𝑺𝒕𝒂𝒍𝒌𝒆𝒓Onde histórias criam vida. Descubra agora