17º capítulo

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P.O.V. Any

Entro no meu carro o mais rápido possível e dirijo para fora daquele estacionamento.

Após da despedida entre os meus amigos, certifiquei me que todos eles já haviam deixado a zona escolar. Voltei novamente o meu olhar até ao olhar atento e sério sobre mim apenas para o ver mais perto.

Cada vez mais próximo, como se me fosse agarrar e me matar ali mesmo.

Mas eu não tinha paciência para ter qualquer tipo de diálogo com a pessoa, dona dos olhos azuis. Não que eu esteja chateada, ou irritada com alguma coisa passada. Só penso que ninguém gosta de ser observada vinte e quatro horas por dia.

Porque essa é a sensação que eu tenho.

Por isso, tomei alguma distância do ser que ainda caminhava de forma silenciosa e ameaçadora até mim, e por fim corri até ao meu veículo preto.

No final, consegui ouvir um pouco dos deslizes de terra, sinal de passos acelerados em minha direção acompanhados de uma respiração ofegante, mas pouco temi.

Neste momento estou a alguns quilômetros da minha casa, apenas vagueando por ruas aleatórias. Nem eu sabia o porquê de ainda estar dirigindo.

O meu estômago já dava sinal de fome desde que coloquei o pé no acelerador, e com isso, resolvi virar o caminho e finalmente voltar para casa.

Mas só quando entrei na faixa contrária, percebi que a estrada em que eu me encontrava estava totalmente vazia e com pouca iluminação, um local um pouco assustador para uma simples caminhada ou viagem de carro. Isto tudo talvez pelo facto das luzes estarem quebradas e a floresta á nossa volta ser mais escura que qualquer outra.

Também se ouviam vários barulhos de dentro da floresta, como galhos sendo quebrados ou até alguns uivos de lobos que provavelmente eram acompanhados de outros animais selvagens e perigosos.

O que poderia correr mal não é verdade?

Reviro os olhos e olho em volta, tendo novamente a sensação de estar sendo observada. Sem mais demoras, piso com tudo no acelerador e tento me relembrar do caminho que percorri para vir parar até este lugar. 

A todo o momento eu olhava para os lados, mais atenta ao movimentos ao meu redor do que propriamente no percurso do meu carro. Eu saberia que estava num zona "viva" assim que luzes invadissem o meu campo de visão, até lá, ainda estaria nesta estrada de sombras.

Volto o meu olhar para o retrovisor e é nesse segundo que eu acelero ainda mais. Os faróis do carro atrás de mim estavam desligados, mas via-se visivelmente que ele estava me seguindo.

Tenho ideia de quem possa ser...

Tal como eu, ele também aumentou o seu nível de velocidade, praticamente colando o seu carro ao meu. Em alguns minutos de corrida e voltas tentando apenas cansá-lo enquanto eu me divertia com tal velocidade atingida por nós dois, recebo uma chamada.

Resolvo conecta-la ao sistema do carro, para não perder o foco e assim conseguir ouvir as suas possíveis ameaças ou até uma declaração de guerra. Nem eu sei ao certo o que ele quer conseguir com esta perseguição.

Atendo finalmente e a sua voz grossa se faz presente em meus ouvidos. Como se eu já estivesse programada para tal ação. reviro os olhos e bufo de tédio.

- Saudades Any?

- Nem sabe quantas, estava até morrendo aqui.

Ele ri, como sempre se divertindo com a situação em que mais uma vez nos encontrávamos. Pois é, não é a primeira vez que ele me segue ou persegue por lugares com pouca movimentação.

𝑴𝒚 𝑺𝒕𝒂𝒍𝒌𝒆𝒓Onde histórias criam vida. Descubra agora