Dezoito

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O vento batia fraco em seu rosto, a brisa era tão macia quanto o toque do garotinho que pulava sem se importar com a profundidade do lago que havia no quintal da casa. O sol descia devagar anunciando o começo de tarde, as roupas no varal de cordas balançavam suavemente. A horta estava pronta para a colheita e logo começaria os preparativos para o jantar.
Depois de alguns anos distante daquele castelo que um dia chamou de lar, Sakura olhava seu filho brincar e gritar com o mais velho. Akumi já tinha seus cinco anos e Hiroki já poderia ser chamado de um homem feito, a brincadeira fazia o lago balançar desesperado e era impossível para Sakura não sorrir com seus dois meninos.
Depois de tê-lo arrancado das garras de Kurenai, o adotou mesmo que não precisasse e a tratava como uma mãe.
Não tinha notícias do castelo há alguns meses e da última vez que ouviu a pequena vila ruía em pleno caos, Kakashi tentou convencê-la várias vezes a deixá-lo ir em busca de vingança, mas por quase ter perdido Shikamaru, seu pobre coração não deixou.
Passou dias ao lado de seu amor cuidando de sua ferida, inconsciente, apenas resmungava de dor ao ter que trocar os tecidos e limpar o locar.
Kakashi a ajudou mais do que deveria, estava sempre ao lado dos meninos os ensinando algo ou apenas tirando o foco de sua preocupação. O pegou gelado por vários dias, mal respondia aos seus toques ou resmungava pela dor. O medo era algo constante e sempre a fazia passar as noites em claro esperando o pior, seu ferimento nunca se fechava e precisava limpar mais vezes que o normal.
A luta foi constante e se pegava todas as noites chorando por não saber fazer nada mais do que aquilo, Kakashi sempre a buscava do quarto em que seu outro amado estava, envolvia seu corpo nos braços fortes e quente e a mantinha quente. Sempre tomava seus lábios com carinho extremo e a consolava com cuidado, seu amado marido se manteve firme e lhe deu todo o suporte que precisava caso Shikamaru realmente não sobrevivesse.
Depois de alguns meses Sakura apenas cuidava do que precisava e tentava não se manter tanto ao lado dele, o medo de ver sua vida se apagar em sua frente era tão devastador que temia passar dias demais em luto.
O amava e percebeu isso quando viu suas forças se acabarem em seu colo dentro da carruagem, ele não acordou depois disso. E Sakura temeu o pior dia após dia.
Tentava esquecer ao menos alguma parte do tempo, sabia muito bem que seu amado marido precisava de sua atenção mesmo não lhe pedindo. Sakura lhe dava todo o amor que merecia e se entregava de corpo e alma, Sakura sentia o medo nos olhos negros de Kakashi. Mas quando as crianças dormiam e ele a tirava de dentro do quarto de Shikamaru, se entregava a ele e o tinha da mesma forma. Ainda tinham muito amor para dar e naquela varanda onde um dia estiveram em uma grande discussão, deixava seu amor entrar em seu corpo sem limites.

Shikamaru voltou à vida depois de muitos meses a beira da morte, a conformidade já havia tomado o coração de Sakura e destruído o coração de seu marido.
E ao ver os olhos escuros de seu amor abrir depois de tanto tempo imóvel naquela cama, seu coração errou tantas batidas que poderia cair dura no chão. Confuso e tonto se sentou sozinho no encosto da cama, e Sakura com os olhos jorrando rios de lágrimas pulou sobre seu corpo ainda não cicatrizado.
Jamais esqueceria o rosto de seu amado ao ouvir que o amava, depois de tanto tempo se privando dos sentimentos por ele. Poderia tê-lo matado, ele ficou tão petrificado que poderia usá-lo como espantalho na horta. E depois de tantos minutos intermináveis ele puxou seu rosto e confessou seu amor por ela novamente.
Kakashi apareceu na porta logo depois de Shikamaru ter tomado seus lábios com saudade. O baque que havia feito ao cair de joelhos perto da porta, fez Sakura pular. E ele rapidamente se levantou e abraçou seu amigo com força, passaram muito tempo juntos para não se considerarem irmãos e sabia a possibilidade de perder ele o deixava tão mal quanto a Sakura.

— Eles acabaram machucados nessa brincadeira. — Shikamaru disse enquanto se sentava atrás de suas costas a envolvendo com as pernas e os braços. — Mesmo que seja uma ótima médica como foi comigo, duvido reparar os ossos desses meninos. — Apoiou o queixo em seu ombro enquanto encarava junto a brincadeira deles.

Aos Seus Pés - Parte 3 - Kakasaku/ShikaSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora