Uma amiga para a vida

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"Ahahah!...Chorona, chorona, olhem a menina da mamã...ahahaha!" "Parem...por favor parem...aaaaa". De repente dei um salto da cama assustada com aquilo que tinha acontecido...estava a ser perseguida, atormentada...mas porque eu?
Depois de ter ficado naquela posição algum tempo olhei à minha volta...parecia que tinha medo que alguém ou algo estivesse naquele lugar à espera de uma oportunidade para atacar a sua presa...a mim...mas não...apenas estava eu sozinha na obscuridade do meu quarto coberta de suor e de lágrimas nos olhos.
Fiquei ali um bom bocado...a pensar nas vozes que gozavam comigo e que me atormentavam...desde que lembro de ter memória, até que sussurrei para mim "...foi só um pesadelo...só um pesadelo" nesse momento levantei-me da cama e fui ver as horas ao despertador, peguei nele e vi que eram 6:30 da manhã, e disse para mim ainda sussurrando"...mais vale ir-me arranjar...não quero parecer uma idiota, logo no primeiro dia de aulas!" Ao dizer isto pousei o despertador e dirigi-me à casa de banho...mas parei para olhar em volta e disse"...foi só um pesadelo...".
Fui tomar um duche, vesti-me e quando me penteava olhei para o espelho e vi uma rapariga alta, de cabelos longos e ondulados nas pontas de um castanho negro e os seus olhos... eram negros...mais negros e obscuros do que a própria escuridão e eram...eram vazios...não tinham nada, não mostravam qualquer tipo de sentimento...só se via uma coisa naquele olhar...tristeza...via-se que sofria...era eu...mas porquê? Porquê que é que eu tinha de sofrer esta dor e os outros não...? Porquê eu...?
Decidi deixar de pensar nesse assunto, pois mais tarde estaria com a minha única e melhor amiga a Amy (diminutivo de Amélia) e contar-lhe-ia acerca do pesadelo.
Conheci a Amy quando tinha 15 anos até à sua aparição a minha vida tinha sido um completo pesadelo...toda a gente a por-me de lado só por eu ser diferente ... a gozarem comigo... aposto que se a Amy não tivesse aparecido na minha vida eu já não estaria aqui hoje.
Lembro-me como se fosse ontem, foi numa tarde de outono...era o meu aniversário...e como de costume eu estava sozinha a passear pelo mato...estava tudo perfeito um dia em que ninguém me poderia chatear ou atormentar até que elas apareceram...as raparigas populares...e como de costume a líder delas a Selena disse-me: "Olhem, olhem...quem temos aqui! É a aberração...Ahahaha " e quando ela riu as outras riram. A Selena começou-me a bater...com mais força do que o habitual...até que me pôs completamente imóvel...ela agarrou-me no pescoço e começou a apertá-lo...eu comecei a pensar...se seria este o meu fim morrer nas mãos de uma bruxa...e sem que ninguém me recorde...quando começava a perder os sentidos...ouvi algo...uma voz que dizia "...soltem-na..."e desmaiei. Passados alguns instantes acordo e vejo uma rapariga...ela era de estatura média, com cabelos longos e negros, os seus olhos eram negros...mas estes não eram como os meus... eles tinham um brilho...como as noites de Lua cheia...mas aquilo que eu gostava mais no seu rosto era o seu sorriso...não sabia porquê, mas senti uma coisa que nunca antes tinha sentido...eu senti...algo que não era ódio, tristeza ou raiva...eu senti... afeto... e de aí em diante eu e ela tornámo-nos as melhores amigas para sempre e com ela conheci uma coisa que não sabia o que era...a amizade.

A vida depois da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora