Algum tempo passou e o barulho incómodo do silêncio foi quebrado pela voz trémula de Amy:
- Aquela...aquela não é... a limousine do... do Senhor Sta...
Antes de ela acabar aquele nome saí daquele lugar a correr.
Fugi a correr sem parar até...até ficar sem fôlego e cair no chão...no chão frio e solitário... pensei como era bom...bom ser como o chão...bom estar sozinha sem preocupações ...sem medos...sem...sem sentimentos...tinha medo...medo de escutar esse nome... esse nome foi uma das causas da minha dor...uma dor que nunca há-de sarar...esse nome foi responsável... foi responsável pela perda de algo que eu amava...esse nome foi responsável pela morte da minha avó...
Foi num dia de primavera. A minha avó e eu saímos de uma loja...quando de repente...ficou tudo escuro...não me lembro muito bem...aconteceu tudo tão depressa...só me lembro de um grito...um grito de sofrimento. Acordei a pensar que tudo não passara de um horrível pesadelo...levantei-me daquela cama desconfortável...e quando os meus pés trémulos tocaram no chão frio...caí... não conseguia mover-me .... nesse instante um homem de bata branca entrou com ar preocupado pegou-me e pôs-me de novo naquela estranha cama. e disse-me sentando-se ao meu lado "Que bom que a menina finalmente acordou...ainda não compreendo como a menina se salvou..." "Salvar do quê? Onde estou? Quem é o senhor? E onde está a minha avó?" perguntei-lhe interrompendo-o. Ele olhou para mim com um ar triste e disse-me fingindo um sorriso"Perdoe-me não me ter apresentado... o meu nome é Doutor Max !E qual é o seu?" " Eu chamo-me Sophie...mas por que é que está a fazer um sorriso falso?" Perguntei-lhe um pouco preocupada. Ele deixou de sorrir e disse-me com um ar triste:
"...custa-me dizer-lhe isto menina Sophie...mas é que a menina e sua avó sofreram um acidente...e bem..." ele para...parecia que estava...com medo...com medo de me dizer algo...mas o quê?
Passados alguns instantes o Doutor decidiu falar "... tu sobreviveste...mas estiveste a dormir durante uma semana já a tua avó...não teve a mesma sorte...".
Fiquei imóvel...e pensei...seria possível? Seria possível que o meu anjo se teria desvanecido como plumas de prata? Não, não...não era verdade...ela prometera-me que estaríamos juntas para sempre...mas se fosse verdade?Naquele momento a única coisa que sentia era...era um vazio no meu coração...sentia dor...sentia que alguém me espetara uma faca no meu coração sentia...sentia tristeza...mas havia mais...sentia ódio...ódio por aquele que me tirara o meu bem mais precioso.
"Quem?" Perguntei por fim com um ar de ódio nos meus olhos negros "Quem?O quê? Não estou a entender." Perguntou o Doutor " Quem matou a minha avó!?" Perguntei-lhe ainda mais chateada "...Sophie o Senhor que vos atropelou não fez isso por crer ele até pa..." "Responda-me, já! Quem matou a minha avó?" Digo-lhe ainda mais chateada "...o Senhor que acidentalmente vos atropelou...chama-se Senhor Stark..." Respondeu por fim.
Ao ouvir aquele nome senti uma quantidade imensa de ódio a fluir-me pelas veias... e a única coisa que fiz foi levantar-me daquela cama desconfortável e estranha ...e sem pensar na dor que sentia nas pernas, abri a porta daquele quarto assustador e cheio de máquinas estranhas... pareciam que me perseguiam ... mas não...não me podia deixar intimidar... tinha de vingar a morte injusta do meu anjo...
Ao abrir a porta vi os meus pais e o meu irmão...mas não estavam sozinhos...nos enormes corredores obscuros e desertos daquele horrível pesadelo havia mais alguém...alguém que eu reconheci de imediato...era um homem alto com cabelos preto e uns olhos castanhos escuros...esse homem...esse homem eu já o tinha visto na televisão...esse homem...esse homem...esse homem chamava-se Stark.
Andei em direção a ele e falei-lhe em voz alta e com um tom de raiva " Tu! Foste tu...vais pagar!!!"
Tentei atacá-lo,mas o meu pai parou-me...Gemi e lutei para me libertar das suas mãos grossas e ásperas ...mas então...senti uma ligeira picada no ombro...e voltou a ficar tudo negro...e foi assim que aconteceu...desde então temo a pronúncia desse nome...esse maldito nome...
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A vida depois da morte
Non-FictionSophie é uma rapariga de 19 anos, que teve uma infância triste, sem felicidade, carinho, amizade e amor. Na infância de Sophie toda a gente gozava com ela e isso continuou até cumprir 15 anos. Nessa altura conheceu uma pessoa muito especial, Amália...