Capítulo Um

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Notas Iniciais

Assim como eu prometi, aqui estou com mais um capítulo de LSE

Mais um pouco de drama para vocês.

Preparem os lencinhos, hein!

Boa Leitura!










Ela viu quando o marido saiu para trabalhar, mais uma vez, mais cedo que de costume, mas não mais se importava. Ela estava com raiva, e sentia mais raiva ainda quando o via se focar no maldito trabalho. Faltava pouco para completar três meses de que havia perdido sua garotinha. Uchiha Saya. E era esse o tempo que fazia que ele nem mesmo passava perto da porta do quartinho dela. O lugar no qual era o mais lindo de todos. E ela odiava vê-lo se afastar de tudo que o lembrava a filha, cada vez mais. Não soube quando começou a sentir aquela raiva, aquele sentimento corrosivo no qual a afastava de seu marido cada vez mais, mas a cada diz vinha crescendo mais e mais em seu peito. Todos os dias uma briga nova, na qual ela mesma começava. E ele respondia a altura. Os gritos de ambos com toda a certeza poderiam ser ouvidos por todos os vizinhos daquele condomínio, e mesmo assim não se importava. Tudo que pensava era em esbravejar toda a amargura que sentia por ter perdido sua filhinha. Ela era um sonho. Havia planejado Saya desde o começo. Ela havia sido concebida na casa de praia de seu marido, no qual haviam tido sua terceira lua-de-mel. Havia sido perfeito. Passaram duas semanas naquele lugar maravilhoso, sentindo o calor do corpo um do outro por todos os dias, simplesmente porque ambos queriam muito um filho e que para isso precisavam naquele momento, estar longe de tudo e de todos para que pudessem aproveitar um ao outro. E então, quando voltaram, mais especificamente um mês depois, a notícia de que finalmente estavam esperando o filho que tanto desejaram. Foram seis meses planejando cada detalhe para sua chegada, arrumando seu quartinho, comprando roupinhas, brinquedos, recebendo presente de todos os amigos e familiares, e de repente, tudo havia evaporado por conta de um maldito acidente. E toda vez que ela se lembrava dele, se escondia no quarto infantil e ficava lá por horas, até que sentisse o calor de sua filha, mesmo que fosse apenas sua mente o projetando.

Por dias se afastou do marido, se escondeu em um dos quartos de hóspedes, e agradeceu quando ele entendeu que ela não queria contato. Mas isso não durou tanto tempo. Ele apareceu no quarto uma, duas, três vezes, mas a rosada sempre o mandava ficar longe ou mesmo batia a porta na cara dele, sendo a do quarto ou a da casa de banho. E então começaram as brigas, as palavras grosseiras e cruéis, mais da parte dela que dele, ela tinha de admitir. A raiva a consumia, e por isso tudo era motivo para brigar com ele. Não mais dizia "seja bem-vindo de volta, meu amor", não o beijava, não lhe sorria, não o esperava com um jantar delicioso, ou mesmo um almoço no qual era seu prato preferido, eram sempre discussões, e por isso ele começava a chegar cada vez mais tarde, e não mais aparecia para os costumeiros almoços a dois.

Estava tão machucada por ter sofrido o aborto que não conseguia ver a dor de mais ninguém, apenas a dela. E o pior é que sabia que havia algo de errado consigo mesma e mesmo assim não conseguia enxergar. Era maior e mais forte, a dor na qual sentia toda vez que pensava em sua garotinha, o que era praticamente 24h por dia. Ninguém sabia o porquê de ficar tantas horas dentro do quartinho de sua pequena, apenas tinha suas opiniões sobre, como por exemplo, se aconchegar a dor ou mesmo no acolhimento do cômodo, mesmo que o bebê dela não tivesse tido o prazer de passar sequer um dia ali. Mas a verdade, era que sentia a filha mais perto de si de vez enquando, e conseguia falar com ela, mesmo que na maioria das vezes, chorasse como uma criança, e mais que isso, de alguma forma, conseguia vê-la.

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