Lua Cheia

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Leah afoga o rosto no travesseiro para abafar sua histeria, lembrar-se do sonho e do modo como o garotinho a chamava, trazia a tona todo aquele calor no peito. Por um segundo, ela se sentiu capaz de ter uma família e não pôde evitar uma carícia em seu ventre, há muito tempo adormecido.

Ela salta da cama e corre para a cozinha, estava faminta e necessitava de um café da manhã capaz de abastecer um exército. Enquanto preparava algo para comer, visto que tinha sido a última a acordar e a mesa do café já tinha sido retirada, Seth contava-lhe às novidades da noite anterior: o trio cherokee ficaria recluso na clareira durante todas as noites de Lua Cheia, tudo para manter os moradores da reserva fora de perigo quando o momento da transformação chegasse. Hana e Sam chegaram a esta decisão após a saída do casal, e, por isso, eles estavam sendo os últimos a ficarem cientes do plano.

Diferente dos dias em que tinha de fugir de Lucian, os dois dias seguintes passaram rapidamente. Leah não o viu em nenhum momento e isso a levou a cogitar onde ele poderia estar. Não poderia trabalhar na pesca, pois Hana jamais permitiria; na oficina de Harry também não, visto que não apareceu por lá desde que adoeceu. A única explicação plausível, na opinião dela, seria ele estar com as duas garotas, tentando acalmar-se para a Lua Cheia, afinal, as horas pareciam jogar contra o trio cherokee, e o tempo mais ainda, já que não existia uma nuvem sequer no céu de La Push.

Os ponteiros do relógio se aproximavam das seis horas da tarde e o bando quileute já se dirigia a casa dos Cullens, passando vagarosamente pela clareira para averiguar a situação de seus reclusos: Lucian estava sentado à raiz de uma árvore, pensativo; Hana terminava de acender a fogueira para aquecê-los até que chegasse o momento; e Kiary, se aproximava do alfa no exato instante em que Leah passava pelo local, em sua forma lupina.

Kiary joga os cabelos para trás e se agacha à frente do alfa, apoiando as mãos em suas coxas e deixando seu decote propositalmente mais à mostra. Um rosnado involuntário escapa pela garganta de Leah, como aquela garota conseguia ser tão abusada e atirada?

Lucian gira a cabeça ao ouvir o som de seu rosnado e ao encontrá-la, sorri alegremente. Ele se levanta rapidamente, consequentemente fazendo Kiary cair para trás, e se aproxima da loba cinzenta, que se esforçava para não deixar sua cauda balançar pela felicidade de sua aproximação. Ela não queria bancar a boba na frente dele e abanar a porcaria da cauda, seria uma tremenda vergonha.

― Posso? – pergunta ele, estendendo a mão em sua direção.

Leah se aproxima até tocar a mão do rapaz com o focinho, era a primeira fez que ele a tocava em sua forma lupina e a sensação era ótima. Lucian começa acariciando seu focinho gelado, subindo em direção aos olhos, que estavam fechados pelo efeito de suas mãos, e depois para as orelhas. A loba cinzenta era linda e de pelos macios, cheirava a canela e ele estava fascinado por ela.

― Você é linda! – Sorri, fazendo a loba abrir os olhos para encará-lo.

Aquele sorriso a derretia completamente, fazia evaporar qualquer sentimento ruim que estivesse dentro dela e milagrosamente a fazia ter pensamentos bons, como há muito tempo não acontecia. Alguns poderiam taxá-lo de "sorriso de Sol", como Bella fizera um dia com Jake, mas isso não era o suficiente para ela, pois até o Sol se ausenta em um determinado momento...

Para Leah, o sorriso de Lucian tinha algo a mais, era calor, era sossego, era segurança, era a própria felicidade... Isso. Era isso mesmo, aquele sorriso era a própria felicidade, porque somente de vê-lo sorrir, ela já se alegrava e sentia vontade de sorrir. Leah não conseguia mais imaginar o rosto de Lucian sem aquele sorriso e não lhe agradava a ideia de um dia vê-lo sem ele.

LeahOnde histórias criam vida. Descubra agora