Volterra - Parte I

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― Acorde, monstro, mestre Aro quer ver você! – grita o capataz dando um forte chute na jaula.

O cherokee abre os olhos com dificuldade, mal conseguindo mantê-los abertos. Ele dormira por dois dias seguidos, estava com fome, com sede e totalmente desorientado. O cheiro adocicado do vampiro entra em seus pulmões, queimando todo o seu interior e o ajudando a ficar mais alerta, seu corpo estava tão enfraquecido pela falta de comida que mal reagia à presença do sanguessuga.

― Como vim parar aqui? – pergunta com voz arrastada.

― Está perfeito assim – diz Jane, ignorando a pergunta do cherokee. – Vamos levá-lo até o mestre Aro.

― Aro? – Pensa Lucian. – Estou em Volterra? Mas como?

O capataz mexe em algo que pareciam ser fios e empurra a jaula, que se encontrava sobre um suporte com rodas, enquanto a vampira loira ia logo à frente, abrindo caminho até o seu mestre. A porta do grande salão se abre e Lucian observa as figuras imponentes dos três vampiros, sentados em suas poltronas luxuosas com suas vestes pomposas. Toda a Guarda Volturi estava presente naquele salão, curiosos para conhecerem o alvo da cobiça do mestre.

O cherokee torce o nariz para cada vampiro que enxergava e, quando vê Aro se aproximando, sente certo medo por sequer conseguir se manter em pé.

― Ah, que admirável criatura! – começa Aro enjoativamente feliz. – Tão perigosa e, ao mesmo tempo, tão importante... Vocês estão de parabéns, meus queridos, fizeram um excelente trabalho.

― Seja lá o que queira de mim, não vai ter – resmunga, ainda sentindo a voz meio arrastada.

― Todos os outros disseram a mesma coisa, mas serviram de cobaias para meus experimentos da mesma forma. – Sorri. – Não está curioso para saber o que pretendo fazer com você?

― Sim, estou – confessa.

― Antes de revelar isso, quero lhe contar uma historinha. – Começa a andar de um lado a outro, gesticulando. – Era uma vez uma aldeia de seres grotescos. Imensos e perigosos lobisomens cherokees. Um dia esta aldeia foi atacada pela Guarda Volturi, que procurava exterminar esta horrível praga da face da Terra... Jane, minha querida criança, fez um ótimo trabalho torturando os monstros até a morte.

Aro sorri com as lembranças de horror que roubara da vampira na época, seus olhos vermelhos cintilam de prazer pelo sofrimento das feras e Lucian sentia seu coração apertar, pois reconhecia naquela história, a forma com que seus pais morreram.

― Em meio ao ataque – continua –, um lobisomem em especial se destacou, pois nenhum poder da Guarda Volturi conseguia penetrar sua mente. Este lobisomem bloqueava a todos com sua telepatia e, por causa disso, conseguiu fugir, levando sua irmã consigo. – Respira fundo. – Os bonzinhos, que são as minhas crianças, é claro, caçaram o lobisomem especial por vários e vários anos, sem sucesso algum, pois ele era um alfa muito habilidoso e sempre os despistava.

Jane resmunga algumas palavras ininteligíveis, lembrar-se dos longos anos em que ele a fizera de idiota. Era realmente revoltante.

― Confesso que estava ficando enfadado com todo aquele jogo, então, pedi reforço. – Faz sinal para que alguém se aproximasse. – Essa é a rastreadora que o localizou, acredito que já tenham se conhecido.

― Ainda não, mestre Aro – responde a vampira. – A situação não era apropriada...

― Ah, que lastimável, mas nunca é tarde para fazê-lo, não é?

― Olá Lucian, lembra-se de mim?

O cherokee analisa a figura da moça por alguns instantes, ela era bonita, com corpo bem modelado pelas roupas coladas, vestia botas médias e um sobretudo negro, com correntes de ouro nos bolsos e mangas. Os cabelos soltos da vampira eram negros e compridos, seus olhos faiscavam num vermelho sangue e seu rosto era incrivelmente bem decorado com a tatuagem floral em torno do olho esquerdo.

LeahOnde histórias criam vida. Descubra agora