Capítulo IX

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     Tari queria avisar o tio imediatamente sobre o que havia presenciado, porém, Katherine achou melhor que elas procurassem por Éldar e os outros primeiro.
     Mesmo estando um pouco receosa, a Princesa concordou. As duas se reuniram com o grupo e Tari contou com detalhes tudo o que viu.

     — Eu sabia que esse Lorde estava aprontando alguma. — Exclamou Thalder.
    
     — Calma, Thalder. — Disse Éldar. — Existe uma grande possibilidade do Lorde Silfgard não saber o que está acontecendo.
    
     — O Senhor Éldar tem razão. Meu Tio foi justamente quem acabou com essa ordem e baniu os Elfos Negros de Tarion. — Disse Tari.
    
     — Sinto muito, Princesa, mas temos que levar em consideração todas as possibilidades, certo Capitão? — Falou Judar.
    
     — É fato. Mas existe uma forma de se descobrir isso.
    
     — O sujeito de capuz tentou te machucar, Tari? — Perguntou Sid visivelmente preocupado.
    
     — Sim, mas eu estou bem. Erahndiel me salvou, mas... — A elfa baixou seu rosto.
    
     — O que houve?
    
     — Ele me disse pra correr. E ele ficou lá, lutando contra aquele Elfo Negro, e eu não o vi mais, não sei o que pode ter acontecido com ele. — As lágrimas começaram a rolar por seu rosto.

     Sid gentilmente tentou consola-la, até que ambos ouvem uma voz atrás dele.

     — Ah, é o nanico... — Disse Erahndiel.

     O arqueiro tomou um tremendo susto ao se virar e dar de cara com aquele grande elfo imponente. Tão grande quanto Thalder.

     — Eu... Eu não sou nanico. Minha estatura é perfeitamente normal.
    
     — Gostei desse elfo. — Disse Thalder.
    
     — Cala a boca. — Falou o arqueiro dando um soco no braço do Berseker.
    
     — Erahndiel! — Tari correu e o abraçou. Estava feliz por ele estar a salvo. — Você me assustou. Não faça mais isso.
    
     — Sinto muito por tê-la preocupado, Princesa. ... E eles? — Perguntou o elfo desconfiado.
    
     — Eles são confiáveis, Erahndiel. Não querem nos fazer mal. Pelo contrário.
    
     — A Princesa tem razão, Guardião. — Disse Éldar. — E pelo andar dos acontecimentos, acredito que vocês precisarão da nossa ajuda.

     Foi então que Éldar traçou um plano. Todos teriam que fazer sua parte para que desse certo.

     — Princesa, para que lado fica esse templo antigo?
    
     — Seguindo uma trilha secreta. Ao leste do palácio, entrando pela floresta. Não têm como errar.
    
     — Muito bem. ... Judar, você vai até Lorde Silfgard e tente convence-lo dessa traição da qual está sendo vítima. E aproveite para conferir se ele tem mesmo a ver com isso ou não. Sabe do que estou falando.
    
     — Entendo. ... Mas vai ser complicado. Ele não confia em nós e você sabe.
    
     — Leve Sid com você como auxílio. A Princesa e o Guardião serão o seu trunfo.
    
     — Sim, senhor.
    
     — Katherine, você vai se encarregar de soltar o Merrick. Ele não pode usar magia dentro daquela cela.
    
     — Está bem. ... Espera... Como vou fazer isso?!
    
     — Tenho certeza que você vai dar um jeito. ... Thalder, você virá comigo. Vou precisar de cobertura. — Disse Éldar. — Cada um sabe o que fazer, e fiquem atentos a tudo.
    
     — Deixe-me adivinhar, você vai ao templo “pagar pra ver”, certo? — Perguntou Judar.
    
     — Com certeza.

                                  ***

     Elfos tinham por costume respeitar todas as criaturas da floresta, plantas ou animais. E alguns eram vistos como um sinal ainda mais claro de reverência. Para os habitantes do Reino de Tarion, seus deuses antigos usavam animais como forma de se comunicarem ou até mesmo como uma maneira de vigia-los, por essa razão, eles não acharam estranho quando um corvo cruzou os céus do reino.
     Para feiticeiros poderosos, se transformarem em animais era uma das magias mais básica de todas. Servia como uma tática para entrar em lugares sem serem notados. E assim, a bruxa Seleny conseguiu adentrar nos domínios dos elfos sem ser percebida.
     Ela foi bem óbvia, se encaminhou diretamente a prisão, na tentativa de encontrar o objetivo de sua missão. No entanto, o que ela encontrou por lá estava totalmente acima das suas expectativas.

CRÔNICAS DE HALANOR (LIVRO I) - A lâmina do dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora