Capítulo II

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Reino de Varlos.

Merrick estava dormindo, mas seu sono não estava tranquilo. Como se estivesse tendo um pesadelo. E foi então que uma espécie de grito furioso o despertou subitamente. Ele nunca havia sentido aquilo antes. Não foi um sonho. Pareceu mais um pressentimento. Éldar estava em seus aposentos, o sono o estava quase alcançando, quando, de repente, ele pulou da cama ao escutar a voz de Merrick em sua cabeça.

- Merrick!... Sabe que eu detesto quando faz isso!

"O assunto é urgente. Avise o Rei, precisamos reunir o Conselho novamente."

O cavaleiro achou melhor não discutir, já que seu amigo usou justamente o elo mental que eles possuíam para transmitir a mensagem, mesmo sabendo que o próprio Éldar não simpatizava com aquela abordagem.
Na sala do trono, todos os governantes estavam reunidos mais uma vez.

- Lamento tê-los acordado há essas horas. Mas o que tenho a dizer não podia esperar.

- Fale logo, Merrick, estamos aflitos. O que é de tão urgente? - Perguntou Hogar.

- Creio que sei o que o Rei Salazar e sua feiticeira querem nas Terras Inóspitas... Eles buscam por uma fonte de poder.

***

Terras Inóspitas.

Aquela aura estranha, a escuridão que tomou conta do vale chamou a atenção de Seleny que retornou ao que havia sobrado do vilarejo incendiado. Porém, ao chegarem, eles se depararam com uma cena aterradora.
Todos os soldados que ficaram para trás para cumprirem as ordens que foram dadas estavam mortos. E da forma mais brutal possível. Corpos desmembrados, sangue em toda a parte, não havia mais, nem sequer, as ruínas da aldeia, o terreno estava nivelado, como se algo muito poderoso tivesse varrido o lugar.

- Foi uma carnificina. - Disse o comandante. - Verificamos toda a aldeia e os arredores, não havia guerreiros aqui, como isso pode ter acontecido?

- Isso não foi obra de guerreiros, Comandante. Isso é magia. Magia poderosa dá para sentir. Foi isso que viemos buscar. - Seleny sorriu de excitação. - Procurem com cautela. O portador de tal magia não deve estar longe.

Enquanto isso, Nyra corria com dificuldade, tentando despistar os seus perseguidores que a estavam rastreando. Seu corpo ainda estava um pouco fraco, mas ela tinha que continuar.

"Você foi esplêndida!"

- Cala a boca.

"É bom, não é?"

- Do quê está falando?

"Sentir o poder. Experimentar, fazer qualquer coisa. Quando se têm o poder, tudo é permitido."

- Aquela não era eu, e sim você, seu demônio maldito.

"Pode continuar mentindo para si mesma se quiser. Mas nós dois sabemos que não fui só eu o tempo todo."

- Gostou de sair pra brincar?... Pois não se anime muito, essa foi a última vez.

"Veremos."

Era sempre assim. Das raras vezes que Nyra perdia o controle de suas emoções, de certa forma, uma voz surgia em sua cabeça. Ela não sabia de onde vinha, mas ficava ecoando, como se quisesse enlouquece-la.
A caçadora parou perto de um pequeno rio,  uma nascente  para beber água e tentar se limpar de todo aquele sangue que havia em seu rosto e em suas mãos. No entanto, mal sabia ela que alguém já a esperava.

- Sangue é mesmo uma mancha difícil de tirar, não é?

- Quem é você? - Disse Nyra se colocando em posição defensiva, puxando sua adaga.

CRÔNICAS DE HALANOR (LIVRO I) - A lâmina do dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora