Capítulo VI

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Quando a Guerra Primordial teve o seu fim, e o destino da raça dos dragões se perdeu, uma misteriosa ilha surgiu. A Ilha de Elimor. Ela ganhou esse nome graças ao dragão-fêmea que se sacrificou junto com seus irmãos para aprisionar as trevas e o dragão negro que as usava, Mobak.
Elimor era uma ilha muito especial, pois possuía a capacidade de se mover pelo mar de Ellos, e era encoberta por uma névoa densa. Os mais antigos costumavam dizer que aquele ou aquela que buscasse a ilha, só a encontrariam se fossem seus destinos, ou então, se a própria ilha se permitisse ser encontrada.
Os elimorianos, habitantes da ilha, eram humanos, mas possuíam uma conexão muito forte com a magia e os elementos, servindo também como guardiões dos tesouros secretos de Elimor.
Por causa dessa conexão, uma elimoriana a primeira rainha, na verdade - Morgiana - foi incumbida de guardar pessoalmente um desses tesouros. Um objeto tão poderoso que somente alguém com o tipo de magia que ela possuía poderia guarda-lo. Ela foi a guardiã por toda a sua vida. Quando se foi, com uma idade bastante avançada, o artefato foi encaminhado ao templo, onde esperaria que o próximo elimoriano surgisse para se tornar o novo guardião.
Porém, por motivos desconhecidos, ninguém em Elimor havia sido escolhido, nem mesmo os próprios filhos e netos da antiga Rainha Morgiana herdaram a magia para ser o guardião daquele tesouro tão misterioso.
Certa vez, a Rainha Vivian, descendente de Morgiana, teve uma visão do futuro. Uma visão distorcida, mas que ela sabia que aconteceria. Como ela sabia?... Simples: a magia da própria ilha estava fazendo acontecer. Se fosse em outras circunstâncias Vivian não teria ficado tão apreensiva, o problema era que essas visões envolviam sua filha Freya. Ela estava diretamente ligada a tudo que estava por vir.
Vivian tentou proteger sua filha dos desígnios do destino, no entanto, a Rainha sabia que com ele não havia meio termo. Tudo seria de acordo com o que ele determinasse. O futuro já havia sido cuidadosamente costurado em sua teia, como se o destino fosse uma paciente aranha que junta fio por fio até que sua obra se conclua e sirva ao seu propósito: envolver a todos em suas tramas.
A sorte de Freya estava traçada. E tudo se deu quando, em uma noite de tempestade, um navio naufragou próximo a ilha, e durante o dia seguinte, a maré acabou trazendo a praia os destroços, e um estranho. Um elfo chamado Malakai.

Momento atual...

Os seis viajantes estavam a caminho do território dos elfos. Judar atento aos arredores e Thalder e Sid conversando sobre como deveria ser a aparência de um elfo:

- São feios. - Disse Thalder.

- Eles não são feios, Thalder.

- Como pode saber? Nunca viu um.

- E como pode dizer que são feios se você também nunca viu um?

- Mas já ouvi falar. Soube que eles são bonitos durante o dia, mas à noite ficam horríveis como demônios.

- Isso não pode ser verdade. Pode?

- Pare de assustar o garoto, Thalder. - Disse Judar.

Éldar notando que seu amigo mago estava mais calado que o normal resolveu entrar no assunto, já que imaginava o motivo de tanto silêncio.

- Está nostálgico ou é impressão minha?

- Um pouco talvez. Afinal, não venho aqui há... Séculos. - Respondeu Merrick.

- Nunca me explicou direito do por que de ter deixado Tarion.

- Depois que elfos e humanos cortaram relações acha mesmo que um mestiço seria bem vindo aqui?

- Eh... Acho que não.

Katherine observava aquele grupo e achava interessante ao perceber que, mesmo com tantas diferenças, eles pareciam ser muito unidos. Também pensou que se Merrick nunca tivesse aparecido em sua oficina, poderia não estar participando daquela aventura, ou até pior, os soldados de Liacar poderiam tê-la levado contra a sua vontade.
Foi então que ela ouviu um ressonar estranho e viu que a pedra encrustada em sua espada havia mudado de cor. Por ter lido algumas anotações do seu avô na noite anterior, ela sabia muito bem o que aquilo significava. Ela acelerou o cavalo e foi até onde Éldar e Merrick estavam passando por eles para chamar-lhes a atenção.

- Estão vindo. Precisamos nos esconder.

- O que está vindo Katherine? - Perguntou Merrick.

- Trolls.

- Trolls? Não ouço nada. - Disse Éldar.

- Acredite em mim. - Insistiu ela mostrando a pedra de sua espada que brilhava um vermelho vivo. - Logo nos alcançarão.

- Ela está certa, Éldar. Precisamos nos esconder.

CRÔNICAS DE HALANOR (LIVRO I) - A lâmina do dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora