Capítulo XI

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     Silfgard era pura revolta. Não conseguia aceitar o fato de ter sido enganado por Oberon por tanto tempo. Ele ordenou que o ex-Conselheiro fosse caçado como um animal por todo o reino.

     — Ele está ferido e fraco. Quero nem que seja a cabeça dele!
    
     — Sim, Milorde. — Respondeu um dos comandantes.
    
     — Peço que não subestime Oberon, Majestade. — Ponderou Merrick. — Ele conhece as rotas secretas desse lugar como ninguém.
    
     — Você tem razão mago. ... Fiquem atentos a tudo o que for suspeito. Procurem em todos os lugares. — Ordenou Silfgard.
    
     — Como desejar, Majestade. ... Quanto a eles? — Perguntou o comandante que apontou para os outros Conselheiros capturados.
    
     — Majestade, nós não sabíamos sobre as verdadeiras intenções de Oberon. — Disse Coran.
    
     — Ele disse que tudo era para o bem e a proteção do reino. Mas jamais imaginávamos que seu objetivo era usurpar o Vosso trono. Por favor, nos perdoe! — Implorou Razin.
    
     — Como a vida dá voltas. ... Há três dias vocês estavam aqui. Imponentes e orgulhosos, acusando aquele homem de traição. — Disse o Lorde referindo-se à Merrick. — E agora estão aí, ajoelhados e suplicando por uma clemência que não sei se devo dar a vocês. ... Joguem-nos na cela. Depois decidirei o que fazer com eles.

     Silfgard era um líder justo. Mas implacável em suas punições. Manter seu povo a salvo era a sua prioridade. E ele não media esforços ou ações para isso.
     Os soldados arrastaram os acusados para fora enquanto os mesmos imploravam pela misericórdia de seu soberano. Porém, o mesmo permaneceu frio e impassível. A não ser quando se aproximou de sua sobrinha Tari, e a abraçou forte. Vê-la em perigo lhe causou uma sensação que ele não sentia em muito tempo. Seu coração se apertou.

     — Querida, eu sinto muito. Você está bem?
    
     — Eu estou bem, Tio.
    
     — Deixei-me enganar por Oberon tempo demais. E isso quase custou a sua vida. Perdoe-me.
    
     — Ele enganou a todos nós, Tio.
    
     — Nem todos. — Ele olhou para Erahndiel. — Guardião?
    
     — Aos seus serviços, Majestade. — Respondeu o elfo fazendo reverência.
    
     — Levante a sua cabeça com orgulho, Erahndiel. ... Você sempre suspeitou de Oberon, não é?
    
     — Suspeitas não são provas suficientes, Majestade. Mas sim, eu sempre desconfiei de algumas atitudes dele.
    
     — E por isso nunca o acusou diretamente. E quando finalmente tentou me alertar, eu duvidei de você. Humildemente, eu peço o ser perdão. — Disse Silfgard baixando sua cabeça.
    
     — Majestade, não faça isso. Eu não sou digno, por favor.
    
     — É o elfo mais digno que conheço, meu amigo. É uma honra tê-lo conosco. ... Quanto a vocês, — Referindo-se aos outros. — Devo-lhes desculpas e o meu total agradecimento. Especialmente a você, Merrick. De agora em diante, vocês são mais do que bem vindos em Tarion. Guardas entreguem os pertences deles imediatamente.
    
     — Isso vai ser ótimo. Pois vamos precisar das armas e logo. — Disse Éldar surgindo acompanhado de Thalder e Nyra.

     Todos ficaram aliviados em rever seu capitão, Merrick, principalmente, pois não só o seu amigo estava bem, mas também havia cumprido a missão a qual o grupo havia sido ordenado quando saíram de Varlos.

                                 ***

     Em seu acampamento improvisado, Salazar analisava o mapa do território enquanto aguardava notícias de Seleny. E esta não tardou a chegar.

     — Gostou do passeio?
    
     — Majestade.
    
     — Fez o que combinamos?
    
     — Sim, meu senhor. Há essa hora eles devem estar preparando as suas defesas.
    
     — Deixe que acreditem que faremos um ataque direto. ... Quanto ao nosso objetivo principal?
    
     — Está dentro do palácio. Protegida. Pelo menos é o que eles acham.
    
     — Ótimo. ... E como foi? Soube que teve um momento de nostalgia encontrando um velho amigo.

CRÔNICAS DE HALANOR (LIVRO I) - A lâmina do dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora