Capítulo XII

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     Os adversários se encaravam. Era um momento de pura tensão. Salazar havia dado sua cartada, agora cabia a Silfgard decidir o que faria.

     — E então, Lorde dos Elfos? — Questionou Salazar. — A noite logo chegará.
    
     Uma vida em troca de todo o seu reino. Um preço pequeno se considerarmos o número de vidas que poderiam ser perdidas naquela batalha. Sem dúvida, uma proposta tentadora, e Salazar sabia disso. Ele sabia que, para Silfgard, assim como para muitos reis, a segurança de seu povo vinha em primeiro lugar. Esse era o ponto fraco, e o soberano de Liacar era perito em atacar as vulnerabilidades de seus inimigos.

     — Pense bem, Senhor de Tarion. — Advertiu Seleny. — O Rei Salazar está sendo misericordioso. E posso lhe garantir que isso não acontece todos os dias. Essa batalha não precisa terminar em um derramamento excessivo de sangue, muito mais para vocês do que para nós.
    
     Éldar e Thalder estavam apreensivos. Afinal, era um reino inteiro que estava em jogo. Havia uma possibilidade real de eles serem traídos, principalmente porque, naquele momento, os elfos começaram a olhá-los de maneira estranha.

     — Não estou gostando disso, Capitão. — Disse o berseker. — O primeiro “orelha pontuda” que estiver pensando em nos trair é melhor pensar de novo!
    
    — Calma, Grandalhão! — Ponderou o cavaleiro. — Estamos de mãos atadas. Lorde Silfgard é quem vai decidir. Resta-nos esperar e ver o que acontece.

     Todos aguardavam uma resposta de Silfgard. Até que ela finalmente chegou.

     — Foi exatamente por isso que nos afastamos de vocês. Humanos usam de toda e qualquer chantagem para conseguir o que querem. São capazes das mais sujas desonras para alcançar seus objetivos. ... Ainda assim, sua proposta é bastante plausível. O que é uma vida, comparada a de milhares, não é?
    
     — Exatamente. — Respondeu Seleny.
    
     — No entanto... Se eu aceitar a sua oferta, estarei me igualando a vocês humanos, não acha?... A resposta é NÃO.

        O cavaleiro e o berseker suspiraram de alívio.

     — Suponho que essa seja sua palavra final, elfo. — Disse Salazar.
    
     — Pode apostar que é. Nos veremos no campo de batalha.
    
     — Da próxima vez que nos encontrarmos Silfgard, você estará de joelhos. — Respondeu Salazar sem demonstrar qualquer alteração em sua frieza.

     O Rei de Liacar e a feiticeira retornaram para o seu lado do campo. Em seguida tambores começaram a ser ouvidos. Um exército surgiu atrás deles, e foi então que Silfgard e seus soldados puderam observar o tamanho do exército liacaniano. Era o dobro, talvez o triplo em relação a eles.

     — Só isso? — Zombou Thalder. — Pensei que teria motivos para me preocupar.

     Salazar deu o sinal e uma parte de seus soldados avançou. Silfgard também ordenou que seus arqueiros ficassem a postos. Assim que chegaram ao alcance das flechas, os arqueiros dispararam. Soldados liacanianos caíam como moscas.
     Confiantes, a infantaria de elfos começou a avançar. Éldar suspeitou de alguma coisa, e a mesma se confirmou. Seleny havia criado um véu de invisibilidade, ao removê-lo ela revelou ogros enormes que atiravam pedras rolantes.

     — É uma armadilha. ... Recuem! — Exclamou o cavaleiro.

     Porém, era tarde demais, as pedras esmagavam por onde passavam, abrindo assim um corredor entre as fileiras antes compactadas de elfos.

     — Thalder cuide das pedras!
    
     — Sim, senhor!... Vocês! — Ele chamou alguns elfos portando escudos. — Posicionem esses escudos aqui!... Façam uma rampa com a curva voltada para o outro lado!... Vamos usar a força da pedra para impulsioná-la de volta!... Aí vem ela!

CRÔNICAS DE HALANOR (LIVRO I) - A lâmina do dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora