Capítulo XVI

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     Depois de uma caminhada ligeiramente longa, os guerreiros acompanhados dos anões retornaram as Minas de Dufals. Finalmente, Éldar e seus companheiros poderiam curar suas feridas de batalha e descansar seus ossos.
     Merrick ficou extremamente aliviado por ver que o capitão dos Cavaleiros de Varlos havia escapado inteiro. E por mais que não gostasse de admitir, também estava satisfeito pelos outros terem conseguido.

     — Agradeço a Gaia por você ser um sujeito tão bem relacionado, meu amigo. — Disse o cavaleiro cumprimentando o mago com um aperto de mão e tocando em seu ombro.
    
     — Também me alegra vê-lo a salvo Éldar.
    
     — E a mim?... Não está feliz em me ver, feiticeiro? — Zombou Thalder.
    
     — Extasiado, Berseker. — Respondeu Merrick com sarcasmo.
    
     — Caramba! Esse lugar é enorme! — Exclamou Sid.
    
     — Esse é o meu velho amigo Trolli. Ele vai mostrar os alojamentos onde poderão descansar.
    
     — Corte a parte do “velho”, ok? O mago aí exagera. É um prazer conhece-lo Capitão Éldar.
    
     — O prazer é todo meu, Trolli. E desde já agradeço imensamente pelo que fizeram por nós.
    
     — Imagina. Qualquer amigo do Merrick é bem vindo em nosso lar.
    
     — Vão descansar. — Disse o mago. — Capitão?
    
     — Sim?
    
     — Temos muito que conversar.
    
     — Aconteceu alguma coisa?
    
     — Revelações importantes sobre nossa missão vieram à luz.

     Ao longe, Nyra observava a chegada de Éldar e os outros. Os dois trocaram olhares brevemente. A caçadora sentiu seu coração ficar mais leve ao ver que o capitão estava bem.

                            ***

     Tari despertou depois de um pesadelo onde presenciava a morte de todo o seu povo. A sensação de angústia a fez acordar repentinamente. Então, as lembranças de tudo o que havia acontecido em Tarion vieram em sua mente. O sentimento de impotência tomava conta do seu ser. Ela achava que, de alguma forma, tinha responsabilidade por tudo o que houve. Talvez, se tivesse se dedicado ao treinamento militar, se tivesse se tornado uma guerreira habilidosa como o seu tio queria, ela poderia tê-lo ajudado e ao Erahndiel também.
     No entanto, Tari estava decidida a não se sentir mais daquela forma. Não queria mais sentir medo, não queria mais ficar impotente diante do perigo, e acima de tudo, queria se vingar de todos aqueles que ela julgava responsáveis por todo o seu sofrimento: o ex-conselheiro Oberon; a feiticeira Seleny; e o Rei Salazar.
     Disposta a fazer de tudo para atingir o seu objetivo, ela fez um juramento e selou o acordo cortando o seu cabelo e deixando a antiga Princesa de Tarion para trás.

     — Tari? — A princesa não respondeu. Parecia estar em transe enquanto passava a adaga por seus cabelos com cortes malfeitos e desajeitados. — Princesa o que está fazendo?! — Exclamou aquele que a chamava e que segurou sua mão.
    
     — Me solta!
    
     — Olhe pra mim, Tari!

     Ao levantar seus olhos, a elfa viu que era o arqueiro Sid. Ela ficou espantada, mas feliz por vê-lo vivo.

     — Sid! — Ela o abraçou enquanto lágrimas escorriam de seus olhos. — Você está vivo! Está vivo!
    
     — Que bom que você também está a salvo.
    
     — Erahndiel?
    
     — Demos a ele um funeral digno do herói que ele foi. — Respondeu o arqueiro com um semblante triste.
     
     — Eu perdi tudo, Sid. Meu tio, meu amigo, meu reino.
    
     — Você não perdeu tudo, Princesa. Você está viva. — Ele acariciou seu rosto. — Mas, por Gaia, o que estava fazendo com seu cabelo?!
    
     — Poderia me ajudar?
 
     Sid a olhou e percebeu que o trauma ainda estava muito presente. Mas a Princesa não podia ficar com aquela aparência, então resolveu, ao menos, fazer um corte mais ou menos decente em seus cabelos. Ele não era um especialista, porém fez o possível.

CRÔNICAS DE HALANOR (LIVRO I) - A lâmina do dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora